Mato Grosso põe o pé no freio

 Mato Grosso põe o pé no freio

Terras altas: produção de xeque

Situação do estado preocupa. Faltam recursos e apoio.

Depois da fraca colheita na última safra, que despencou de dois milhões para 700 mil toneladas em três anos, a produção orizícola do Mato Grosso preocupa o setor industrial e produtores. Mesmo com a previsão de um crescimento de 0,3% na área plantada, de acordo com levantamento feito pela Safras & Mercados, as expectativas não são boas. Isso porque a diminuição da área plantada e a falta de recursos e tecnologia de ponta estão entre os principais entraves para um melhor desempenho em 2007/2008. 

Para o ex-presidente da Associação dos Produtores de Arroz (APA-MT), Angelo Maronezzi, além da diminuição da área plantada, a principal causa da queda na produção é a indisponibilidade de recursos para o produtor e de alta tecnologia e material genético para plantio em áreas velhas. Salienta que a ausência de crédito e as dívidas dos produtores não dão esperanças que a situação melhore na próxima safra. “O Mato Grosso espera um milagre da superprodução que não acontecerá. É preciso investir em qualidade”, afirma. 

Maronezzi acredita que o futuro orizícola do estado será excelente, “pois o arroz não será mais plantado para amaciar a terra, e sim com o produtor com o pé no chão, com tecnologias para ter lucro”. 

INDÚSTRIA – Para o presidente do Sindicato da Indústria do Arroz do Mato Grosso (Sindarroz-MT), Joel Gonçalves Filho, a situação atual do setor é um retrocesso: “A produção de arroz está diminuindo drasticamente e o produtor reduz a oferta porque produz pouco. A indústria não consegue passar para o varejo o valor que paga ao produtor”, explica. Assim, a conseqüência imediata é o fechamento de algumas beneficiadoras no estado. Em 2005 eram 72 e, no fim do ano passado, apenas 49. 

O consultor da Safras & Mercados, Tiago Sarmento Barata, acredita que o cenário do Mato Grosso é resultado, também, de problemas climáticos (seca e excesso de chuvas), das alternativas dos produtores em desenvolver culturas como soja, algodão e cana-de-açúcar, além da limitação de área para o plantio. Nesta safra, segundo a Safras, a colheita foi 3,3% menor que 2005, em área 11,04% menor e produtividade de 15,2%. Barata explica que a qualidade do arroz caiu e a indústria tem dificuldade de conseguir produto. 

Outra questão é a competitividade. O arroz mato-grossense concorre com o do Tocantins e Maranhão, além do cereal importado devido à baixa do dólar. “Entretanto, os produtores não podem se queixar dos preços: em Sinop a saca de 60 quilos estava em R$ 25,00 no início de agosto e em Cuiabá, R$ 30,00, enquanto que no Rio Grande Sul a saca de 50 quilos estava em torno dos R$ 22,00”, ressalta Barata.

Fique de olho
Na previsão de Joel Gonçalves, do Sindarroz-MT, o Mato Grosso está desenvolvendo sementes para plantar em áreas velhas e estabilizar a produção. “Na próxima safra, com aumento da área plantada, o estado deve colher 850 mil toneladas”, projeta.

 

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