Lavoura de pai para filho

 Lavoura de pai para filho

Edson, Alberto e Anderson Milbradt: trabalho em família

Gestão familiar: chave de sucesso na orizicultura.

A lavoura de arroz brasileira vive uma reforma agrária natural, em família. Os filhos sucedem os pais e, na gestão da propriedade, mostram o poder da administração familiar na orizicultura e dão um sentido de continuidade e desenvolvimento tecnológico, social e econômico da propriedade. Mais do que o patrimônio da família, o agronegócio profissional, de produção em escala, demonstra que os números e as dimensões podem ser maiores, mas o perfil ainda é de agricultura familiar. 

A macroagricultura familiar, termo que pode estar sendo criado, mas com uma aplicação secular no Brasil, vive na atividade arrozeira dias de grande responsabilidade. A revista Planeta Arroz buscou exemplos e encontrou muitas lavouras que permanecem, geração após geração, produzindo o alimento básico do brasileiro sem sair das mãos de uma mesma família. 

É o caso da família Milbradt, de Cachoeira do Sul (RS). Instalados em 810 hectares, 700 dos quais plantados com arroz na próxima safra, Alberto Luiz Milbradt (52 anos) e seus filhos Edson (28) e Anderson (27) administram as lavouras com três empregados e um engenheiro agrônomo. A família mora na propriedade, onde chegou em 1998, após 19 anos plantando no Uruguai. 

Os Milbradt estão na terceira geração arrozeira. “Comecei ainda criança numa lavoura de 30 hectares de meu pai, Armindo, em Restinga Seca”, revela Alberto. Os “guris” também aprenderam as lides desde muito pequenos. 

– Com oito, nove anos a gente já pegava o trator e ia para a lavoura. Nem que fosse escondido, revela Anderson. 

 

Graças ao vermelho

Alberto Milbradt saiu jovem de Restinga Seca e foi para Bagé (RS) trabalhar de empregado. “Dei sorte. O patrão confiou em mim e, anos depois, me entregou um trator equipado quando saí, financiou dois para pagar com arroz em cinco anos e formamos uma parceria no Uruguai”. Deu certo: chegaram a plantar 1,4 mil hectares. Mas com os filhos crescendo e estudando a 200 quilômetros da lavoura, além de um acidente de trânsito com um deles, acelerou o retorno. “Como tive perdas por seca no Uruguai, segui um conselho do meu pai e procurei uma área junto do Jacuí, onde nunca falta água”, frisou. 

“Compramos uma área muito inçada de arroz vermelho”, prossegue Alberto. “Conhecemos o arroz vermelho aqui, pois no Uruguai não tinha”, diz Edson. O desafio de combater o vermelho fez a família Milbradt adotar alta tecnologia em sua lavoura e tornar-se uma campeã de produtividade na região. 

Com assessoria do agrônomo Jerson Santos, adotaram o sistema de cultivo semidireto, taipas largas e abriram a propriedade para a tecnologia. A lavoura recebe experimentos da Basf e integrou-se ao programa CFC, do Irga, de onde levaram novos conceitos de adubação e densidade de semeadura. Adotaram o arroz híbrido da RiceTec, colhendo até nove mil quilos por hectare. O vermelho é eliminado com o sistema Clearfield (Basf), a cultivar Irga 422CL e o híbrido Tuno CL. 

Para Alberto Milbradt, o momento é de crescer. “Fui para Bagé sem nada. Hoje tenho minha própria lavoura, saúde e a família trabalhando comigo. Agora só queremos crescer juntos, reduzir os custos da lavoura – hoje em sete dólares/saco de 50 quilos -, melhorar a qualidade dos grãos e criar os netos”, avisa. Segundo ele, apesar de ainda andarem no colo, os três meninos em pouco tempo já começarão a fugir para os tratores. “Aqui só nasce tratorista”, brinca.

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