Estado de alerta

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Terras altas: a demanda já supera a oferta de arroz no Mato Grosso

MT poderá colher a menor safra em 44 anos, diz a Conab.

Os números divulgados pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) emitem um alerta: a cultura do arroz no estado do Mato Grosso poderá ocupar na safra 2010/11 a menor área plantada já registrada em 44 anos de monitoramento. De acordo com o levantamento de outubro, a produção deverá cair 22,6%, ao passar de 742 mil toneladas para 574 mil toneladas (na melhor das hipóteses, 610 mil toneladas). 

A área plantada ficou estimada entre 197 mil e 209,9 mil hectares, o que representa um recuo de 15% a 20% em relação à safra 2009/10. Se as previsões forem confirmadas, o Mato Grosso cederá a terceira posição no ranking dos maiores estados produtores para o Maranhão, cuja projeção aponta uma colheita de 648 mil toneladas, atrás apenas do Rio Grande do Sul, com 7,84 milhões de toneladas, e de Santa Catarina, com 1,06 milhão de toneladas. 

Na avaliação do diretor-geral da AgroNorte Pesquisas e Sementes, Ângelo Maronezzi, com a queda da produção nos últimos anos – motivada pelos baixos preços e, principalmente, pelas restrições ambientais que vetaram a abertura de áreas novas para o cultivo do cereal – o arroz entrou em declínio no estado e passou a ser uma commodity sem muita importância na pauta do agronegócio mato-grossense. 

Maronezzi, no entanto, é otimista em relação ao futuro da orizicultura no Centro-oeste. “A cultura do arroz está migrando para terras velhas, na rotação com a soja ou recuperação de pastagens degradadas, favorecida pela descoberta de novas cultivares. Atualmente, 70% do arroz é plantado em áreas velhas, normalmente no período de outubro a dezembro. Com este sistema de produção, fazendo a rotatividade com a soja e as cultivares mais produtivas e de rendimento de grão, a atividade deve ser retomada de forma mais encorpada nas próximas safras”, observa. Para ele, é uma questão dos produtores assimilarem a cultura.

ARRANCADA
A opinião é compartilhada pelo presidente do Sindicato das Indústrias do Arroz do Mato Grosso (Sindarroz-MT), Joel Gonçalves Filho. Ele acredita que a partir de agora, com a descoberta de novas variedades adaptadas às terras velhas e degradadas, haverá uma nova arrancada da cultura no estado. “Com materiais novos, a terra cultivada com soja será usada pelo arroz também para fazer a safrinha. Muitos produtores usam o arroz para fazer a rotação de cultura com uma oleaginosa (soja) e uma gramínea (arroz), o que é recomendável do ponto de vista agronômico e também tem relevância econômica”, argumenta. 

Questão básica
Para o diretor técnico da AgroNorte, Mairson Santana, os números divulgados pela Conab em relação à redução da área plantada e, consequentemente, da produção ainda não refletem a real situação da cultura no estado. “No Mato Grosso o atraso na estação das chuvas atrapalha o início do cultivo, além da concorrência por área do arroz com outras culturas, principalmente a soja. Só na segunda quinzena de novembro poderemos ter uma posição mais realista sobre a safra”, admite.

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