Foco no planejamento

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Desafio: analistas e produtores citam a importância de controlar o negócio produzindo com uma margem sustentável

Produtores buscam aumentar a produtividade com controle financeiro, organização do negócio e qualidade de gestão
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O produtor do município de Agudo (RS) Paulo Adolfo Prochnow foi um dos muitos arrozeiros da Região Central do estado a sentir na pele os estragos causados pelo clima na safra 2009/10. Dos 60 hectares cultivados, 18 hectares foram praticamente perdidos pelas inundações que castigaram as lavouras ainda em fase reprodutiva. 

As perdas só não foram maiores porque Prochnow, desde a safra 2008/09, vem seguindo à risca as práticas preconizadas pelo Projeto 10, desenvolvido pelo Instituto Rio-grandense do Arroz (Irga). “Antes do Projeto 10 produzíamos em média 120 sacas de arroz por hectare. Após sua implantação incrementamos a produtividade em 180 sacas por hectare. Com as chuvas da última safra acabamos colhendo 90 sacas por hectare, mas isso porque a lavoura foi projetada para produzir 200 sacas por hectare. Não fosse o Projeto 10 a perda seria bem maior ou total”, avalia. 

A experiência de Prochnow serviu para ilustrar a palestra sobre “Processo de gestão na propriedade rural”, apresentada pelo consultor do Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas do Rio Grande do Sul (Sebrae/RS), Rogério de Mello Bastos, durante o Dia do Arroz, na Expointer 2010. O painel teve como enfoque a importância do planejamento estratégico e o controle financeiro como ferramentas de gestão no processo de produção agrícola frente ao desafio de produzir com margens sustentáveis de produtividade e qualidade.

DESAFIO
O grande desafio, conforme Rogério de Mello Bastos, do Sebrae/RS, é controlar o negócio produzindo com uma margem sustentável, explica, salientando que isto é possível com produtividade, qualidade e gestão. “O rizicultor tem de fazer o controle financeiro de sua atividade, como o caixa, o custo de produção, a lucratividade e a rentabilidade. Também são importantes os valores ambientais, já que o consumidor quer saber a origem do alimento que ele vai ingerir”, garante. 

Para que isso ocorra, segundo ele, é preciso investir na capacitação de gestores, sucessores e colaboradores. “O produtor precisa ver a si mesmo como um empresário rural e administrar a propriedade como uma empresa rural. Ao mesmo tempo, deve se conscientizar dos valores ambientais e identificar nichos de mercado, qualidade e potencial de produtividade para ter maior garantia do seu negócio. O diferencial é buscar valores do produto”, destaca Bastos. 

Paulo Adolfo Prochnow, juntamente com outros produtores da região que integram o comitê do Projeto 10 do município, já está colocando estes conceitos na prática. O agricultor está com 100% da área preparada no sistema de cultivo mínimo (semidireto) e pré-germinado. “As informações das práticas corretas de manejo integrado foram se propagando e cada vez mais produtores estão adotando estas estratégias”, observa.

 

Eficiência administrativa faz a diferença na propriedade

A prerrogativa de que uma propriedade rural bem administrada é possível e viável também é defendida pelo produtor Gilberto Zambonatto Raguzzoni, de Dom Pedrito (RS). Com 1.100 hectares destinados à lavoura de arroz, 750 hectares à soja e outros 350 hectares à pecuária, Raguzzoni já trabalha há 10 anos com ferramentas de gestão aplicadas à atividade agrícola. “A alta eficiência de gestão é a coisa mais importante que uma empresa pode fazer”, afirma. 

Este diferencial competitivo, na avaliação do produtor, está diretamente ligado à adoção do Projeto 10. “Com o sistema de gestão implantado e sucessivas avaliações de desempenho, nossa meta de produtividade média é de 190 sacas por hectare”, informa. 

Atentos a este novo paradigma, o Irga e o Sebrae (RS) assinaram convênio, durante o Dia do Arroz, na Expointer 2010 com o objetivo de qualificar os produtores de arroz na área de gestão. O trabalho integra 200 produtores e neste ano deverá alcançar um total de 600 agricultores. Além de promover o aumento da produtividade, o trabalho em conjunto tem como meta incentivar o aumento do consumo do arroz.

Senso crítico
De acordo com o consultor do Sebrae Rogério de Mello Bastos, seguir as práticas do Projeto 10 é a base para alcançar altas produtividades, além de reduzir o impacto ambiental e cuidar do meio ambiente com o destino adequado do lixo. “O gerenciamento proporciona uma real situação da propriedade e senso crítico em relação aos investimentos necessários, sobretudo porque são pequenos produtores com áreas de 15 hectares a 20 hectares”, ressalta.

Projeto 10
O uso das tecnologias recomendadas pelo Projeto 10, do Instituto Rio-grandense do Arroz (Irga), começou em poucos hectares em Dom Pedrito e a cada ano foi ganhando mais espaço na lavoura gaúcha graças à competente transferência de tecnologia proporcionada por essa autarquia e a assistência técnica da região arrozeira. As principais mudanças foram na otimização do manejo da cultura, de acordo com metas e através de avaliações da performance da lavoura e análise dos resultados. 

A produtividade média do Rio Grande do Sul pulou de pouco mais de 5,3 mil quilos por hectare para 7,7 mil quilos. A meta do Projeto 10 é chegar a 10 mil quilos de arroz por hectare nas áreas otimizadas. De acordo com as recomendações do Irga, é possível aumentar mil quilos por safra, se o clima favorecer e o produtor ajustar seu sistema de produção à tecnologia disponível.

Metas:
– Elevação da produtividade média das áreas do Projeto 10 para 10 mil quilos por hectare, envolvendo 1.250 produtores diretos em 130 mil hectares.

– Formação de novos grupos do Projeto 10.

– Ampliação da área e do número de produtores do projeto, implantando-o em todos os municípios arrozeiros.

– Estímulo para que 80% da área total do estado seja semeada até 5 de novembro. 

Fonte: Irga

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