Feijão e arroz entram para a lista dos vilões da inflação
Produtos tiveram valores reajustados para baixo no campo e supervalorizados nos supermercados.
Diferença de preço entre o valor pago pelo consumidor e o que o produtor recebe cresceu muito no último ano, no sul do país. O tamanho desta diferença surpreendeu até os especialistas. E os alvos principais foram dois produtos que compõe a dieta básica dos brasileiros: o feijão e o arroz.
Apesar de ser um prato comum, está cada vez mais difícil de juntar na mesa de casa. Para a professora Nice Falcetta o aumento realmente foi sentido.
– Tem subido bastante mesmo e isso é lastimável porque é a comida do mais pobre. E inclusive eu me incluo porque eu sou professora, só vou no feijão com arroz – conta.
Em 2010, eles entraram para a lista dos vilões da inflação. Tiveram seus valores reajustados para baixo no campo e supervalorizados nas gôndolas dos supermercados.
No Paraná, que é o maior produtor de feijão do país, um estudo do Departamento de Economia Rural, mostrou que em 12 meses, o preço da saca recuou de R$ 65,25 para R$ 55,86. Já nos supermercados, o feijão aumentou quase 30%.
Quem planta arroz, também sofre com o preço que recebe. No último sábado, dia 27, em Camaquã, no Rio Grande do Sul, produtores reclamaram durante a abertura oficial da colheita. O mercado paga R$ 22 pela saca na região, R$ 4 a menos do que o preço mínimo estabelecido pelo governo e quase R$ 10 abaixo do custo de produção.
– Se nós compararmos o primeiro bimestre de 2010 com esse primeiro bimestre de 2011, a gente vê que o preço ao produtor caiu 30%. E o preço ao consumidor caiu 11%. Ou seja, caiu menos na gôndola, mas o que está acontecendo? Essas pessoas que compram o arroz do produtor, quando eles vão comprar, eles enxergam um consumidor com dinheiro no bolso, vindo de um ano onde a economia cresceu 7,5%. Então esse aumento de renda permite que eles tenham uma margem um pouco maior – observa Antônio da Luz, assessor econômico Farsul-RS.
O economista acredita que como o preço do arroz está muito baixo, a tendência é que diminua a diferença entre o que ele ganha e o que o consumidor paga.
– É um pouco mais de um quinto o valor que o produtor está ganhando. Claro, nós temos que considerar que lá no último elo, no varejo, estão concentradas as tributações sobre o consumo. Só aí nós temos 17%. Mas ainda assim, nós temos um espaço sim, para diminuir um pouco esta distância entre o que o produtor está ganhando e o que o produtor está pagando – conclui.