Efeito mundo

 Efeito mundo

Mercado mundial afeta cotações do arroz brasileiro.

Em 2010, segundo analistas, os preços internacionais do arroz ainda seguiram se acomodando depois da superalta provocada pelo anúncio da FAO de que haveria uma grande escassez mundial de alimentos. Os estoques de arroz pelo mundo estavam num patamar baixo e havia a expectativa de uma redução produtiva na China e na Índia em razão da falta de água. Bastou os governos destes países se movimentarem para incentivar a produção e suas safras cresceram. 

Outros países aproveitaram para negociar seus excedentes e abocanhar mercados, caso principalmente do Vietnã, dos países do Mercosul e da Tailândia. Hoje, o Camboja entra com força no mercado de exportação e a Índia, cujos estoques já estão com muitos excedentes, anuncia que poderá voltar a exportar arroz não-basmati. A FAO voltou a alertar para uma falta de alimentos. No caso do arroz, no entanto, o mercado está em baixa e os estoques não param de crescer. Com o real valorizado e o dólar “fraco”, o Brasil perdeu força nas suas exportações, que alcançaram 800 mil toneladas e chegaram, há dois anos, a superar mesmo as importações. Assim perdeu a ferramenta que compensava a entrada de cereal desnecessário do Uruguai e da Argentina. 

O IBGE anunciou queda no consumo brasileiro de arroz. E os números já não fecham mais. O certo é que pelo preço a que chegou o cereal o Brasil tem estoques e produção para se sustentar. E está armazenando, indiretamente e a custo de tributação e recursos federais, os excedentes do Mercosul. A expectativa é de que o Brasil feche o ano comercial 2010/2011 exportando 600 mil toneladas, pouco mais de 50% de uma importação prevista de 1,15 milhão de toneladas. É mais barato para quem importa, mas o custo destas importações está determinando um pagamento de R$ 22,00 a R$ 24,00 no mercado livre para uma saca de arroz gaúcho. 

Para alguns produtores é como ter um sócio invisível nos países do Mercosul para quem doam de R$ 5,00 a R$ 7,00 por saca de arroz que produziram, a diferença entre o custo e o valor de mercado. Em 2010/2011, cerca de 460 mil toneladas de arroz importado entraram diretamente nos estados do nordeste e sudeste brasileiro. É como se o ano para o produtor e a indústria gaúcha tivesse apenas 11 meses. Um mês inteirinho o Brasil se abastece do Mercosul. O dólar segue oscilando entre R$ 1,66 e R$ 1,70 e determinando o “barateamento” do arroz para importação e o “encarecimento” do produto local. Só com PEP para concorrer e em níveis que permitam a exportação. Ou o arrozeiro poderia sonhar com mudanças mais drásticas na política cambial, de juros e de tributos no Brasil? É, sonhar não custa nada.

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