Arroz com feijão sobe seis vezes mais que a inflação

 Arroz com feijão sobe seis vezes mais que a inflação

Prato que é básico ao brasileiro está mais caro, principalmente por causa do feijão

Em um ano o feijão subiu 78% e o arroz, 7,5%.

O arroz com feijão está mais salgado. Com alta de 30,7% em 12 meses, o prato subiu cinco vezes mais do que índice oficial de inflação, que ficou em 4,9% no período.

Juntos, os dois itens básicos da alimentação do brasileiro tiveram impacto de 0,25 ponto percentual sobre o IPCA dos últimos 12 meses encerrados em maio.

O cálculo, feito pelo analista Thiago Curado, da Tendências Consultoria, tem como base a variação do arroz e do feijão carioca no IPCA e o seu peso no principal índice de inflação.

Embora já apresentassem tendência de valorização desde o ano passado, os preços aceleraram a alta em 2012. Desde janeiro, o feijão subiu 58% na média do país, segundo o IPCA. Em 12 meses, a variação é de 78%.

"A alta, que é mais significativa nos últimos meses, se deve à quebra de safra do feijão", afirma Curado.

SECA

A estiagem do início deste ano provocou uma queda de 26% na produção da primeira safra de feijão, segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).

Na Bahia, um dos principais produtores nessa época do ano, a produção foi praticamente dizimada. No Sul, ela ficou comprometida.

Com a colheita em andamento, a segunda safra também deve ter queda na produtividade, por conta das geadas que atingiram as lavouras do Paraná no outono.

Menos impactada por problemas climáticos, a terceira safra começa a ser colhida em julho. Cerca de 500 mil toneladas serão adicionadas ao mercado, o que deve dar uma trégua ao rali das cotações.

O desequilíbrio entre oferta e demanda, no entanto, deve continuar. "Esse volume atende a, no máximo, dois meses de consumo", afirma Vlamir Brandalizze, sócio da Brandalizze Consultoria, especializada no setor.

Depois de uma trégua em julho e agosto, Brandalizze prevê nova alta do feijão a partir de setembro.

DESESTÍMULO

Menos afetado pelo clima, a valorização do arroz foi mais amena do que a do feijão. Ainda assim, com uma taxa de 7,5% em 12 meses, a inflação do cereal superou a média do período, de 4,9%.

Os preços refletem queda de 15% na produção da safra 2011/12, devido, principalmente, à redução de 13% na área plantada.

A baixa remuneração paga pelo arroz, em comparação com grãos como a soja e o milho, desestimulou agricultores a plantar o cereal.

O consumo, no entanto, continuou aquecido, o que tornou apertado o quadro entre oferta e demanda.

Neste ano, o aumento das exportações agravou ainda mais a situação. Segundo Brandalizze, os preços internacionais do arroz estão cerca de 30% maiores do que há um ano, o que tem estimulado os embarques do produto.

Depois do recorde de 2 milhões de toneladas exportadas em 2011, as vendas ao exterior mantêm crescimento. De janeiro a maio, o Brasil dobrou os embarques, que atingiram 619 mil toneladas, segundo a Secex (Secretaria de Comércio Exterior).

O volume equivale a 5% da produção nacional, estimada em 11,6 milhões de toneladas pela Conab, ante um consumo de 13 milhões de toneladas no país.

Importações, portanto, podem ser necessárias no segundo semestre para abastecer o consumo interno. Como os preços no exterior estão 30% mais altos do que há um ano e o dólar se valorizou no período, a pressão sobre a inflação deve continuar.

5 Comentários

  • Em Novembro de 2002 o arroz beneficiado estava R$2,00 na prateleira. Hoje, 10 anos depois, tops de marca vendem a R$1,80 para o consumidor. A inflação medida de lá para cá gira em torno de 7% ao ano. Sem influenciar na inflação, o arroz deveria estar hoje a R$3,40/Kg, remunerando o produtor em R$68,00. Querem me enlouquecer, dizendo que sou responsável pelo aumento da inflação!

  • Concordo com o Sr. Fernando, o autor desta reportagem não entende nada de mercado de arroz, sua visão é deformada, e tem gente que acredita…

  • Perfeita colocação Sr. Fernando. Até hoje não apareceu ninguém nesse semanário, gostaria que fosse representante da indústria, para me responder por que o preço do arroz atingiu R$ 42,00 em maio/2003, ou seja, R$ 14,00 a mais que está valendo hoje e, eles conseguiam vender por R$ 10 a 12 na prateleira o pacote de 5 kgs tipo 1 e ainda tinham lucro?

  • Engraçado que o produtor recebe menos que recebia a 10 anos atras pelo seu produto e o custo de produção triplicou, chegamos a receber R$40,00 pelo nosso produto e o consumidor pagava a mesma coisa, enquanto o oleo diesel tava R$0,50 e hoje ta mais de R$2,00, se alguém ta ganhando nisso tudo com certeza não somos nós, arroz a menos de R$35,00 nesta safra e R$40,00 na outra só vamos ganhar DÍVIDAS, nao temos outra solução se não tivermos preço, arroz a menos de R$40,00 safra 2012/2013 podemos mudar o nome de planetaarroz pra planetasoja na várzea, ninguém em sã consciencía que faça contas planta arroz irrigado se agora tem a opção da soja na várzea com preço futuro estipulado.
    SOJA NA VÁRZEA NELES!!!

  • Engraçado que a verdadeira notícia são nossos comentários… Que lidem com nossas planilhas e riscos esses analistas parciais e partidários, quem sabe até mudem as reportagens

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