Projeção de impactos do El Niño para safra 2012/2013

Para o verão, a presença do El Niño reduz o risco de estiagens prolongadas no Sul do Brasil. Apenas para a lavoura de arroz irrigado é que se deve levar em conta o risco de redução de luminosidade e a ocorrência de períodos mais chuvosos, que podem prejudicar principalmente as lavouras plantadas em áreas suscetíveis a ocorrência de inundações e enchentes.

Depois de dois verões sob os efeitos do fenômeno La Niña, o segundo semestre de 2012 e o verão 2013 devem ser influenciados por um novo episódio de El Niño, segundo projeção da Somar Meteorologia. O Oceano Pacífico equatorial saiu de uma longa fase de águas frias e, desde junho último, já se observa um aumento das áreas com águas aquecidas a partir do leste do Oceano Pacífico, que marca o início da instalação do fenômeno. O chuvoso mês de junho no Sul, Sudeste e Centro-Oeste do Brasil já é um indicativo dessas transformações.

Os modelos de previsão climática, que simulam o comportamento futuro do Oceano Pacífico, confirmam daqui para frente uma nova fase de águas aquecidas, que deve perdurar pelo menos até o fim do verão de 2013. O mais recente episódio de El Niño ocorreu na primavera/verão de 2009/2010. O El Niño provoca alterações no clima em diversas partes do globo, com destaques para seca na Ásia e Austrália. Para o Brasil, as principais consequências do El Niño estão relacionadas com o excesso de chuvas para o Sul do Brasil, aumento da temperatura no Sudeste e seca no Nordeste (sertão e agreste).

Essas variações no clima mais uma vez impõem aos produtores rurais a necessidade de redobrar a atenção, redefinir estratégias e manejos para as próximas safras, de forma a se adequar às novas condições climáticas, diminuindo riscos e aproveitando oportunidades. A Somar destaca os principais efeitos e alterações que devem ocorrer até o fim do ano com a chegada do El Niño:

SAFRA DE VERÃO 2012/2013

Historicamente, as melhores safras de grãos do Brasil ocorreram em anos de El Niño. Para as regiões Sudeste e Centro-Oeste, o fenômeno favorece a antecipação das chuvas, algo que vai beneficiar diretamente o plantio da próxima safra 2012/2013, inclusive nas áreas produtoras de soja e milho da Bahia, Tocantins, Maranhão e Piauí. Para o verão, a presença do El Niño reduz o risco de estiagens prolongadas no Sul do Brasil. Apenas para a lavoura de arroz irrigado é que se deve levar em conta o risco de redução de luminosidade e a ocorrência de períodos mais chuvosos, que podem prejudicar principalmente as lavouras plantadas em áreas suscetíveis a ocorrência de inundações e enchentes. Para o trigo da safra 2012/2013, que está sendo plantado no Sul do Brasil, diminui o risco de geadas frequentes e amplas para o restante do inverno. Em contrapartida, aumenta o risco de períodos mais chuvosos e tempestades na primavera.

CANA-DE-AÇÚCAR

O chuvoso mês de junho é uma das primeiras consequências das alterações no clima. Mesmo assim, em julho e agosto volta a prevalecer um padrão seco e diminui o risco de geadas. Para a primavera, no entanto, a instalação do El Niño aumenta a incidência de chuvas, havendo uma antecipação da instalação do regime de chuvas do próximo verão. Ou seja, a condição climática deste ano deve forçar uma redução da "janela" de corte e moagem da cana-de-açúcar no Centro-Sul do Brasil.

PECUÁRIA E PASTAGENS

Certamente estes setores estão entre os mais beneficiados nos períodos de El Niño. Diminui o risco e frio extremo prolongado e a incidência de geadas no Sul do Brasil, embora aumente a incidência de chuvas, o que eventualmente pode trazer problemas de manejo do rebanho e na logística da coleta do leite. Já no Sudeste e do Centro-Oeste, que enfrentam no inverno uma condição de tempo seco, além das chuvas já observadas em junho, devem ter novos episódios de chuvas no decorrer do inverno. Mas a grande mudança deve se observar na primavera, pois em períodos de El Niño a instalação do regime de chuvas do verão não deve se atrasar.

CAFÉ E CITROS

Redução do risco de geadas e episódios de chuvas ao longo do inverno são as principais consequências das condições climáticas do momento. Portanto, o período seco este ano não deve ser extremo, com as chuvas aumentando a frequência a partir de setembro, bem como, também deve ocorrer uma elevação da temperatura no decorrer da primavera.

HORTIFRUTÍCOLAS

Para o fim do inverno, embora ainda ocorram algumas ondas de frio, diminuem o risco de geadas. A condição de episódios de chuvas se mantém, ou seja, para as áreas produtoras do Sudeste do Brasil o período seco não será extremo. Para as áreas de hortícolas do Sul do Brasil, no entanto, a chegada do El Niño provoca períodos chuvosos, o que aumenta o risco para a produção principalmente de cultivos foliares, assim como, também pode prejudicar o período de floração das frutas de clima temperado.

ESTADOS UNIDOS

A condição de pouca chuva na primavera do Hemisfério Norte, que beneficiou o plantio das lavouras de soja e milho da safra 2012/2013 no Meio-Oeste dos Estados Unidos, passou a ser motivo de preocupação com a chegada do verão. A falta de chuvas em junho e o risco em julho favorecem o surgimento de bolsões de estiagens. Mesmo com boas condições de umidade do solo, daqui para frente isso pode comprometer o desempenho das lavouras. No entanto, o padrão climático atual, com o início de uma fase de aquecimento das águas do Oceano Pacífico equatorial, em tese, contribui para a intensificação e atuação das frentes frias mais para o fim de julho e em agosto sobre as áreas produtoras de milho e soja dos Estados Unidos. Dessa forma, mesmo não eliminando o risco de agravamento das estiagens regionalizadas já observadas no fim de junho, a expectativa é que para o período crítico das lavouras (floração e enchimento de grão) voltem a ocorrer episódios de chuvas. A provável instalação do El Niño no segundo semestre de 2012 contribui para aumentar a incidência de chuvas a partir do fim de agosto e setembro, aumentando assim o risco para as lavouras colhidas nesse período.

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