Luz no fim do túnel

 Luz no fim do túnel

Barata: câmbio e mercado externo

Arrozeiros esperam
obter renda com a comercialização
da safra em 2012/13
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A safra 2011/12 está em fase de conclusão no Brasil e o cenário de mercado que se abre para o ano comercial 2012/13 é de que os arrozeiros conseguirão obter a renda que tanto perseguem, mas que existiu apenas para uma limitada parcela de produtores na temporada passada. Em sua maioria, os orizicultores, principalmente os do Sul do Brasil, que concentra mais de 70% da produção nacional, amargaram prejuí-zos por causa dos baixos preços médios alcançados ao longo do ano passado. O recorde de produção do Brasil e do Mercosul, que levou ao mercado mais de 16 milhões de toneladas de arroz, provocou a retração dos preços, dentro da sagrada lei da oferta e da demanda.

De uma maneira geral, os consultores do mercado de arroz projetam uma média de preços acima de R$ 27,00 por saca de 50 quilos, em casca (58×10), no Rio Grande do Sul na atual temporada, mas argumentam que a redução da safra nacional – e também no Mercosul – e o aporte de R$ 1,15 bilhão em linhas de apoio à comercialização, pelo governo federal, em 2011, garantiram a reação dos preços à medida em que também incentivaram o expressivo resultado de exportações de 2,089 milhões de toneladas. Com estoques mais baixos, a pressão de oferta sobre o mercado doméstico reduziu, a oferta está mais ajustada à dimensão da demanda e o Brasil tende a alcançar padrões de negócios com cotações rentáveis aos agricultores.

O presidente da Federação das Associações de Arrozeiros do Rio Grande do Sul (Federarroz), Renato Rocha, considera que o cumprimento de um cronograma de liberação dos recursos de apoio à comercialização pelo governo federal é fundamental para que os preços praticados sejam adequados à realidade da lavoura. “A perspectiva para 2012/13 é muito boa, mas é preciso que o governo mantenha o respaldo que vem dando ao setor para evitar o agravamento da crise de 2011, principalmente no apoio à comercialização interna, às exportações e com medidas que reduzam assimetrias do Mercosul”, disse.

O analista Tiago Sarmento Barata, diretor da Agrotendências Consultoria em Agronegócios, considera que o Brasil também será dependente do mercado externo e da política cambial. “O Brasil está entre os seis maiores exportadores mundiais e entre os 10 maiores importadores, portanto, o comportamento global de preços terá reflexos internamente, bem como a pressão que será exercida pela oferta do Mercosul”, destacou.

Segundo ele, a política cambial brasileira e a capacidade competitiva das empresas nacionais para exportar definirão, em parte, os preços ao produtor. “O cenário indica que o teto de preços será ditado pelo valor das exportações e o piso pelo referencial de preços das importações do Mercosul”, argumenta.

André Barretto, presidente da Federação das Cooperativas Arrozeiras do Rio Grande do Sul (Fearroz) e que também preside a Associação Brasileira das Indústrias de Arroz (Abiarroz), acredita que o fluxo de oferta interna também será fundamental para determinar os preços. “O produtor de arroz aprendeu a vender a soja e a pecuária no primeiro semestre, que estão com ótimos preços, e a segurar um pouco mais o arroz para obter melhores médias. Isso é importante, mas o que não se pode descuidar é de manter um fluxo de oferta ajustado à demanda do mercado, senão a indústria e o varejo vão buscar arroz a preços competitivos no Mercosul e isso balizará o mercado por baixo”, explica.

Segundo Barretto, é preciso manter as exportações e consolidar mercados para que a cadeia produtiva tenha capacidade de pagar mais pelo arroz. “Hoje a indústria precisa assimilar os preços ditados pelo varejo, o que acaba refletindo em toda a cadeia produtiva. Portanto, retirar arroz do mercado nacional é uma forma de enxugá-lo e garantir o ingresso de recursos que remunerem melhor o produtor e o segmento industrial”, revela.

Atrasado, mas garantido

A garantia do governo federal de que haverá o investimento de R$ 737 milhões para o apoio à comercialização do arroz no ano comercial 2012/13 é um dos principais fatores de sustentação do mercado brasileiro, com preços firmes, mesmo em plena época de safra e pós-safra, quando historicamente as cotações estão baixas. Apesar de atrasado em cerca de 45 dias, o cronograma estabelecido pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) com a cadeia produtiva dá segurança ao mercado.

O ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Mendes Ribeiro Filho, reafirmou no início de maio o repasse dos recursos, que dependia da liberação de uma portaria ministerial para o início das operações com Contratos de Opção Pública. Os recursos serão destinados à comercialização oficial de pelo menos 2,02 milhões de toneladas de arroz no Rio Grande do Sul e Santa Catarina, estados que representam mais de 70% da safra brasileira, e serão fracionados em R$ 211 milhões para Aquisições do Governo Federal (AGFs), R$ 406 milhões para leilões de Contratos de Opção Pública e outros R$ 120 milhões para Prêmio de Escoamento de Produto (PEP) e Prêmio Equalizador de Preço Pago ao Produtor (Pepro). Um cronograma de liberações dos recursos entre abril e julho chegou a ser divulgado, mas, com o atraso da publicação da portaria, que depende também dos ministérios da Fazenda e do Planejamento, sofrerá ajustes.

Após cada leilão de opção, PEP e Pepro, o governo e a cadeia produtiva realizarão uma avaliação para buscar ajustes, se forem necessários, para tornar mais eficientes os mecanismos. Para o presidente da Federarroz, Renato Rocha, o pacote contempla as demandas mais emergenciais do setor e é fundamental para dar segurança aos produtores na comercialização. “Cria um referencial de mercado que alcança toda a cadeia produtiva”, explica.

Fatores que influenciarão os preços em 2012/13

Internos:
1. Volume de safra
2. Mecanismos oficiais de apoio à comercialização
3. Fluxo de venda pelos produtores
4. Exportações
5. Importações
6. Câmbio
7. Dimensão dos estoques públicos e privados
8. Adoção de cotas de importação
9. Política de acesso aos mecanismos e ao crédito
10. Nível de endividamento

Externos:
1. Preços internacionais
2. Dimensão das safras e estoques mundiais
3. Pressão dos excedentes do Mercosul
4. Instabilidade macroeconômica e/ou agravamento de crises econômicas em blocos econômicos como a Europa e a América do Norte

Fonte:
Análise Conjuntural/Planeta Arroz


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