Moderado

El Niño será mais fraco
que em anos anteriores,
com chuvas em normalidade
.

No Brasil, de modo geral, as ocorrências do El Niño têm sido favoráveis às culturas de verão (grãos), com exceção do arroz irrigado, que, via de regra, sofre queda de produtividade. De acordo com a Somar Meteorologia, no entanto, o fenômeno vem perdendo forças há algumas semanas. Um forte indicativo desta tendência é a temperatura das águas equatoriais do Oceano Pacífico, que estão se resfriando ao ponto de não mais denunciarem a formação do El Niño.

O engenheiro agrônomo e agrometeorologista da Somar Marco Antonio dos Santos explica que os volumes de chuvas para os próximos meses sobre o Rio Grande do Sul deverão diminuir, uma vez que o clima entrará numa condição de normalidade climática, favorecendo períodos de estiagem. “Essa tendência já poderá ser observada na segunda quinzena de novembro, quando as frentes frias e o corredor de umidade vindos da Amazônia ficarão mais concentrados sobre a Região Centro-norte do país”, observa.

Além disso, conforme Santos, não está descartada, durante o verão, a possibilidade de que esses períodos de estiagem aumentem, principalmente sobre a região centro-sul gaúcha – uma condição climática muito parecida com 2011, onde somente essa região sofreu os impactos da seca. “Para a cultura do arroz, essa diminuição das chuvas não deverá trazer problemas, principalmente a um curto prazo, uma vez que o final do inverno e toda essa primeira metade da primavera foram bem chuvosos, resultando na elevação dos níveis de água dos reservatórios e demais mananciais, que hoje se encontram em sua máxima capacidade hídrica”, avalia.

O grande problema, na análise de Santos, poderá estar nos cultivares de ciclos mais tardios, além dos plantios realizados após o dia 15 de novembro, pois, caso venha realmente a faltar água no verão, essas culturas serão as mais prejudicadas. “Mas, por outro lado, essa intercalação entre períodos de chuvas e sol nesse início de desenvolvimento será bom para que a planta se desenvolva bem e possa até suportar melhor a baixa disponibilidade hídrica no verão”, considerou o agrometeorologista da Somar.

ENTENDA O FENÔMENO

Os fenômenos El Niño são alterações significativas de curta duração (12 a 18 meses) na distribuição da temperatura da superfície da água do Oceano Pacífico, com profundos efeitos no clima. Estes eventos modificam um sistema de flutuação das temperaturas daquele oceano chamado oscilação sul e, por essa razão, são referidos muitas vezes como Osen (oscilação sul-El Niño). Seu papel no aquecimento e arrefecimento global é uma área de intensa pesquisa, ainda sem um consenso.

O El Niño foi originalmente reconhecido por pescadores da costa oeste da América do Sul, observando baixas capturas à ocorrência de temperaturas mais altas que o normal no mar, geralmente no fim do ano – daí a designação, que significa “o menino”, referindo-se ao Menino Jesus, relacionado com o Natal.

No Brasil, a variação no volume de chuvas depende de cada região e da intensidade do fenômeno. A temperatura aumenta na maioria das regiões. Na Região Sul do país, a principal produtora de arroz, o El Niño se caracteriza pelo aumento da temperatura média e da precipitação, principalmente na primavera e no período entre os meses de maio e julho.

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