Poluição por metais pesados ameaça indústria do arroz na China

 Poluição por metais pesados ameaça indústria do arroz na China

Produção de arroz na China

Numa reunião do ano passado sobre a qualidade do solo, o Ministério da Agricultura de Hunan revelou que a poluição por metais pesados havia se espalhado e crescido de leve para pesada, de áreas isoladas para a região e do subúrbio para as áreas agrícolas.

Um pesquisador chinês verifica o arroz numa fazenda em Wuhan, província de Hubei, no centro da China, em 11 de junho de 2011 (STR/AFP/Getty Images)

A contaminação progressiva das terras agrícolas da China diminuiu severamente a venda de arroz em Hunan, a principal província chinesa de cultivo de arroz. O arroz em outros lugares também foi identificado como contaminado com chumbo e cádmio devido à irrigação com águas residuais industriais, segundo relatórios recentes.

O mercado de arroz de Lanxi é nacionalmente conhecido como o maior da província de Hunan, com mais de 200 instalações que produzem cerca de 2 milhões de toneladas de arroz por ano. Quase 80% do arroz era vendido para as províncias de Guangdong e Fujian, mas o escândalo do arroz venenoso resultou no fechamento de muitas fábricas.

O escândalo foi exposto num artigo do Diário do Sul em 27 de fevereiro. Em 2009, o Grupo Alimentar de Shenzhen comprou mais de 10 mil toneladas de arroz de Hunan, mas descobriu que ele continha cádmio excessivo. No entanto, o artigo diz que apenas 100 toneladas foram devolvidas e o restante foi vendido para mercados na província de Guangdong a preço inferior.

Desde a exposição na mídia, a reputação de Hunan tem sofrido e produtores de arroz não podem mais vender seu produto.

Embora o problema tenha vindo à tona em Hunan, esse é um problema em todo o país. A pesquisa mostra que um terço do arroz da China contém altos níveis de chumbo e um décimo contém altos níveis de cádmio, segundo um artigo de 28 de fevereiro do Semanário de Guangdong.

Trabalhadores camponeses afetados

Ma Wenfeng, um analista da empresa ‘Dongfang Aige Consultoria de Agricultura’, disse à imprensa chinesa que Hunan é a província que mais produz arroz na China, com uma colheita anual superior a 26 milhões de toneladas, o que representa 13% da produção nacional de arroz. Ma Wenfeng disse que os agricultores serão atingidos se ninguém comprar arroz de Hunan. “Se a terra está poluída com metais pesados, os agricultores continuarão plantando arroz?”

A ‘Informação Econômica’, uma subsidiária da mídia Xinhua, porta-voz do regime chinês, informou que a venda de arroz de Hunan caiu 60% e que o setor de logística de alimentos também foi afetado. Zhang Wenchang, chefe de Associação Alimentar do condado de Hanshou, disse no artigo, “Se isso continuar por mais 18 meses, 70% do setor de logística parará de funcionar e o desemprego será um grande problema.”

O Sr. Peng, proprietário da Indústria de Arroz San Lian, disse ao Epoch Times que o arroz que eles processam em Lanxi vem de toda parte de Hunan e de algumas outras províncias. “Nosso mercado tem um grande impacto no preço do arroz na província e até mesmo no país”, explicou ele. “O escândalo do arroz venenoso afetou severamente as vendas de arroz produzido em Hunan e as empresas de processamento de arroz, 90% das instalações pararam a produção.”

A fábrica do Sr. Peng costumava vender mais de mil toneladas de arroz para Guangdong e Fujian mensalmente, mas foi desativada por um mês, agora que o arroz de Hunan foi boicotado. Ele disse que os trabalhadores camponeses, não apenas os agricultores, foram seriamente afetados. “O fechamento das fábricas de processamento de arroz também causará uma série de problemas, incluindo desemprego em todas as indústrias relacionadas.”

O Sr. Peng acrescentou que os padrões de inspeção de metais pesados são “muito rigorosos” e devem ser relaxados, para que o arroz passe todas as inspeções locais.

A Sra. Huang, gerente de Fábrica Jinsui de Processamento Alimentar na cidade de Yiyang, disse ao Epoch Times que todo o arroz que ela enviou para a inspeção local foi aprovado e que o escândalo teve um forte impacto nas vendas de arroz em Hunan.

O povo de Guangdong é o maior consumidor do arroz de Hunan e estamos extremamente preocupados com a segurança de seus alimentos. “Uma coisa é quando você não sabe a respeito, mas é completamente diferente quando você sabe que o arroz contém metais pesados”, disse o morador local Shi Wei ao Epoch Times. “Isso afeta o desenvolvimento cerebral das crianças e adultos podem acabar com a doença de Alzheimer. Não é isso matar-nos em Guangdong?”

Shi Wei disse que é simpático pelas pessoas em Hunan, mesmo que o povo de Guangdong esteja boicotando seu arroz. “Os agricultores de Hunan não são os culpados, eles trabalham duro para produzir o arroz e não querem que haja um alto conteúdo de metal pesado”, disse ele. “Mas sob o regime do Partido Comunista Chinês [PCC], o meio ambiente tem sido poluído, tornando nosso arroz venenoso. A culpa é do PCC. Ele não protege o ecossistema, permite que resíduos industriais sejam lançados no solo e isso está envenenando as pessoas.”

Dados de contaminação mantidos em segredo

Os problemas de contaminação por metais pesados em Hunan se tornaram graves nos últimos anos. Numa reunião do ano passado sobre a qualidade do solo, o Ministério da Agricultura de Hunan revelou que a poluição por metais pesados havia se espalhado e crescido de leve para pesada, de áreas isoladas para a região e do subúrbio para as áreas agrícolas. A província inteira está contaminada com cádmio, arsênico, zinco, cobre e chumbo, que tem impacto direto em todos os produtos agrícolas.

Segundo a mídia estatal, o Ministério de Proteção Ambiental (MPA) e o Ministério da Terra e Recursos conduziu uma investigação nacional sobre a poluição do solo em 2006 e coletou uma enorme base de dados de amostras de solo. No entanto, o MPA se recusou a divulgar os resultados, alegando que eram “segredo de Estado”.

Um documento ministerial vazado revelou que 36 mil hectares de terras agrícolas na China estão contaminadas com níveis excessivos de metais pesados, que afetam 12 milhões de toneladas de culturas anualmente, o que se traduz em US$ 3,2 bilhões (20 bilhões de yuanes) de perdas econômicas todos os anos, segundo um artigo de 7 de fevereiro do Semanário de Guangdong.

1 Comentário

  • Estive no dia de campo do IRGA em Cachoeirinha. Aliás, com poucos produtores – máximo 300 – e muitos funcionários do IRGA, todos com diárias. Fiquei perplexo com um trabalho “ecológico” de produção de arroz irrigado com efluentes originados de estação de tratamento de esgotos. Se isto vier para o campo, quem vai querer comprar o arroz gaúcho, irrigado com resíduo de “coco”? Este é o IRGA do PT. Qualquer semelhança com a matéria acima é mera coincidência!

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