Zona de conforto
Estabilidade na produção
e perspectiva de
bons preços em 2013 animam produtores
de Santa Catarina
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As estimativas da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) para a safra de arroz em Santa Catarina indicam o estado em uma zona de conforto de produção do arroz, com estabilidade produtiva única no Brasil. O estado se mantém firme como segundo principal produtor do cereal no Brasil e deve alcançar em 2012/13 a produção de 1,076 milhão de toneladas, com uma imperceptível queda de 0,1% no volume a ser colhido.
Na prática, os produtores catarinenses semearam os mesmos 150,1 mil hectares de arroz que foram cultivados na safra anterior, mas a produtividade deverá cair 0,2%, fechando em torno de 7.169 quilos por hectare. O vice-presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Santa Catarina (Faesc), Enori Barbieri, relata que os produtores que plantaram mais cedo, sobretudo na parte do sul do estado, como Araranguá e Sombrio, sofreram um pouco com a falta de água. “Isso afeta a produtividade, mas a quebra não é significativa em termos de volume”, observa.
Barbieri explica que nas lavouras do norte do estado, que já começam a colher em fevereiro, o clima está ajudando e a perspectiva é ótima tanto em termos de produção quanto em produtividade. A Empresa de Pesquisa e Extensão Rural de Santa Catarina (Epagri) avalia que a safra de 2012 na região foi boa e prevê que a produção deve ser ainda melhor este ano – já que o clima colaborou e trouxe pouco frio e chuva durante o plantio.
PREOCUPAÇÕES
A análise é compartilhada pelo superintendente da Cooperativa Juriti, em Massaranduba, Silvério Orzechowski. Segundo ele, na região que abrange a cidade conhecida como Capital Catarinense do Arroz, o plantio foi antecipado em função da variedade Puitá, que foi adotada pela grande maioria dos produtores. “Aqui, o problema que mais preocupa os produtores é brusone, doença fúngica que afeta as lavouras quando o clima tem pouca luminosidade. Mas não chega a ser uma novidade, pois ocorre em todos os anos”, pondera.
O que mais preocupa o setor, conforme Silvério, é a possibilidade de que possam ocorrer chuvas durante a colheita, já que os produtores não têm secador. “O grão é colhido e embarcado em caminhões diretamente para as indústrias. O problema é que muitas vezes eles precisam enfrentar grandes filas para chegar até lá e a demora sempre acarreta em perdas”, pondera.
MELHOR PERSPECTIVA
Um motivo que tem deixado os produtores mais otimistas, segundo o superintendente da Cooperativa Juriti, em Massaranduba, Silvério Orzechowski, é o reajuste do preço da saca de 50 quilos, que em meados de janeiro estava cotada em R$ 32,00 (no ano passado a média paga pelo produto era de apenas R$ 24,00, insuficiente para cobrir os custos da produção). “Nossos custos são menores em comparação com o RS, então o preço acaba remunerando, mas ainda não é o valor ideal diante das dívidas que os produtores tiveram com as perdas dos últimos anos, principalmente em 2010, quando tivemos perdas em razão do calor na época da floração e, é claro, o aumento dos insumos”, compara Silvério.
Para o superintendente da Cooperativa Juriti, um dos fatores que contribuíram com a valorização do produto foi a menor oferta do grão no RS, devido à estiagem que atingiu o estado na safra passada. “O que está ocorrendo agora, na verdade, é um equilíbrio nos preços porque o valor do produto estava defasado, mas acreditamos que 2013 será um ano melhor em termos de valores”, argumenta.
Na avaliação do vice-presidente da Faesc, Enori Barbieri, o aumento das importações chinesas registrado nos últimos dois anos e a perspectiva de que sejam ainda maiores em 2013 são bons indicativos de que os preços do grão no mercado interno possam se manter favoráveis. “O mercado internacional pode aquecer por causa da demanda chinesa. Ao mesmo tempo teremos estoques mais ajustados este ano no Brasil e há bom potencial exportador”, registra Barbieri.