Pés no chão arrozeiro
Cenário favorece aumento da área plantada, mas o Irga alerta que isso é prejudicial
Presidente Pereira: produtor deve agir com a razão e evitar o impulso Presidente Pereira: produtor deve agir com a razão e evitar o impulso.
O arroz está valorizado. As barragens estão cheias. Estes são dois ingredientes essenciais para o agricultor destinar mais área para a lavoura na próxima safra no Rio Grande do Sul. Então basta plantar mais para lucrar mais? Não é isso que recomenda o presidente do Instituto Rio Grandense do Arroz, Cláudio Pereira. De acordo com Pereira, o mercado está abastecido e existe hoje uma estabilidade no valor pago para o produtor pelo arroz, cenário construído nos últimos dois anos no estado. A saca de 50 quilos é negociada atualmente por R$ 32,50 em Cachoeira do Sul.
A regra usada por Pereira para combater o possível aumento da área é simples. O presidente observa que se a lavoura crescer, deve produzir mais. Com excesso de produto no mercado, a queda do preço é inevitável. “Não podemos jogar fora algo que construímos em dois anos de trabalho. O produtor precisa se conscientizar e buscar alternativas de renda”, frisa Pereira, que ontem veio a Cachoeira do Sul palestrar no 6º Seminário do Arroz Irrigado, que atraiu cerca de 200 pessoas ao CTG Tropeiros da Lealdade.
SOJA – A principal alternativa para agregar renda é plantar a soja na várzea. O estado cultivou nesta safra cerca de 300 mil hectares de soja nas terras baixas e a expectativa de Pereira é que no próximo ciclo sejam 500 mil hectares. “Além da soja, temos no mercado variedades de milho para áreas de várzea”, enfatiza o dirigente arrozeiro. Diante desta tendência, uma das palestras do seminário foi sobre como obter alta produtividade com a oleaginosa sem solos encharcados, como várzeas de rios.
Pereira vai ao Uruguai debater importação
O presidente do Irga, Cláudio Pereira, está fazendo as malas para viajar para o Uruguai, onde amanhã terá uma audiência com o ministro da Agricultura, Tabaré Aguirre, para debater a criação de um sistema de cotas de importação de arroz do Mercosul pelo Brasil. A ideia é limitar a entrada de produto estrangeiro no país, especialmente na época da safra brasileira, para evitar a queda no preço interno do arroz.
De acordo com Pereira, a proposta é estabelecer um limite de 850 mil toneladas por ano, do Mercosul, com cotas mensais durante 10 meses. Em março e abril, quando o arroz é colhido no Brasil, seria proibida a entrada do cereal no Mercosul. Ele destaca que a medida visa proteger o produtor brasileiro, que possui um custo maior do que o argentino, uruguaio ou paraguaio para produzir o arroz e acaba penalizado com a concorrência.
UMA PERGUNTA
O produtor deve segurar a venda do arroz esperando o preço subir?
O presidente do Irga, Cláudio Pereira, não recomenda esta estratégia. De acordo com Pereira, o produtor deve escalonar as suas vendas. “Deve vender aos poucos e não segurar. Caso ele segure, o preço não vai subir. O mercado está abastecido e o que recomendo é que o produtor comercialize o seu produto. Às vezes, ele deixa de vender por um valor bom esperando um preço melhor e isso não ocorre”, observa Pereira.
IMPORTANTE
A colheita de arroz foi encerrada na semana passada no Rio Grande do Sul. Foram produzidas oito milhões de toneladas do cereal em 1,08 milhão de hectares. Isso significa uma produtividade média de 7.426 quilos por hectare. O levantamento é do Instituto Rio Grandense do Arroz.
Contra o arroz vermelho
O sistema de cultivo pré-germinado é uma alternativa para os produtores rurais que precisam combater o arroz vermelho em suas lavouras. O engenheiro agrônomo Paulo Luciano Pereira de Siqueira explica que a semente precisa de temperatura adequada, umidade e oxigênio para germinar. No sistema convencional é feita a semeadura na terra seca. No pré-germinado, a água é colocada na lavoura e fica 30 dias sobre o solo, eliminando o oxigênio. Assim, o arroz vermelho não nasce e evita perdas ao produtor. Em Cachoeira do Sul, cerca de 33% da lavoura é com o sistema pré-germinado.
ATENÇÃO
O produtor rural Vilnei Haetinger, da VH Alimentos, teve renovado ontem o Selo Ambiental da Lavoura de Arroz, concedido no ano passado pelo Irga. O selo foi criado para certificar as propriedades rurais adequadas à legislação ambiental e preceitos de tecnologias limpas.
Safra passada a limpo
O chefe do escritório do Irga de Cachoeira do Sul, agrônomo Ricardo Tatsch, foi o primeiro a palestrar no 6º Seminário do Arroz Irrigado. Tatsch apresentou uma retrospectiva da safra passada, abordando as cultivares usadas e os rendimentos na colheita. Ele destacou a importância do plantio dentro da época recomendada, o que é um grande problema em Cachoeira, onde 40% da safra foi semeada após o período de zoneamento, o que reduz a produtividade.
Além disso, em sua palestra Tatsch abordou a brusone, doença que causou perdas na safra, ensinando técnicas de manejo e a eficiência de diferentes produtos e épocas de aplicação para o seu melhor controle. Ele ressalta que a melhor forma de controlar a brusone e de atingir altas produtividades é o plantio cedo e de cultivares resistentes à doença.
Indi-safra Cachoeira
32.950
hectares plantados
32.650
hectares colhidos
7.252
quilos por hectare
236.777
toneladas produzidas
ATENÇÃO
O presidente do Irga, Claúdio Pereira, afirmou ontem que a autarquia investirá cerca de R$ 400 mil para a construção de um auditório, sanitários e sala para exposições no Memorial do Arroz, que ficará na Rua Marechal Floriano. O projeto foi desenvolvido pela Amicus, passou por alguns ajustes e foi entregue ontem ao presidente. Ele observa que ainda não existe previsão de quando esta obra será licitada, mas acredita que os trabalhos serão iniciados em 2014. O auditório terá capacidade para 250 pessoas.
8 Comentários
Pois é meus amigos produtores… Esse é o país que quer ser grande um dia… Reduzindo a produção nacional para ter espaço para o arroz importado… Soja é a salvação… Quem não quer arriscar esse é o único caminho!!!
Concordo com o Sr. Flavio. E daqui a 10 anos a maior parte do arroz consumido no Brasil será importado, porque os produtores dos outros países são VERDADEIRAMENTE protegidos pelos seus governos!
Abraço
Plantar menos pra perder menos… Uma lógica surreal que este governo impõe aos produtores brasileiros que, por motivos de custo não consegue competir com o arroz de fora. O produtor não quer vender o arroz caro ( creio eu ), o fato é que não consegue vende-lo barato, pelos custos de produção, impostos, escoamento, e uma infinidade de razões. Mais fácil pro governo é abrir as fronteiras, construir galpões pra armazenagem, ser fiador da dívida do setor, difícil é ter um plano de médio e longo prazo visando baixar os custos de insumos, escoamento, neste cenário diminuição de impostos seria um fator terciário, e não primário. De nada adianta plantar soja, se a logística brasileira não permite ser competitivo, haja vista a devolução de 12 milhões de toneladas que China o fez por atraso na entrega*.
Enfim, se ficar o bicho come, se correr o bicho pega.
* Logicamente que a China foi ligeira, aproveitou o atraso pra comprar soja mais barato da Argentina.
Sr. Felipe concordo em parte com o seu comentário….Principalmente com relação as questões de logística e infra-estrutura… Ainda bem que aqui no RS temos o Porto de Rio Grande que é um dos melhorzinhos do País… E está evoluindo muito nos últimos anos diferentemente do de Santos e as estradas que escoam a soja para lá… É uma pena que temos poucos armazens e estradas… Mas penso que assim como muitos, que o Brasil não exporta soja apenas para a China… Mandamos soja para muitos países desse mundão afora!!! Acredito que muitos produtores vão aproveitar esses recursos que estão sendo disponibilizados pelo governo para construir silos e galpões e pagar em 15 anos com 3 de carência… Aos poucos vamos nos organizando… As precariedades são muitas e o Sr. tem razão… Mas não há nada que seja impossível para os produtores gaúchos que já mostraram isso ao País ao desbravar todos os seus rincões… Esse fato ocorrido com a China talvez tenha sido uma manobra para reduzir preços internos que estão se aproximando dos patamares internacionais… Preços a R$ 70 são sugestivos… E a soja veio para ficar !!! Depender somente do governo para produzir e comercializar é uma mentalidade que foi erradicada de vez pelos produtores… Estamos caminhando em busca de lucratividade, pois foram muitas safras de prejuízos e prejuízos… Então continuo a acreditar que a SOJA NA VÁRZEA ainda é a melhor saída para nós produtores… Chega de enriquecer engenhos que remuneram mal o produtor e atacadistas/supermercados do centro do país, as custas de um trabalho suado e mal remunerado… O produtor cansou de produzir comida de graça pro povão… Ninguém trabalha de graça… Um dia a ficha cai!!! E ela começou a cair depois que as primeiras sementes de soja foram semeadas em nossas várzeas!!!
Bom dia Sr. Flavio!
O porto de Itaqui é uma realidade para a soja Gaucha, com a BR 290 em perfeitas condições, o escoamento, realmente, pode ser feito com êxito. Concordo com o Sr. ! Se a soja é o caminho, pois então que seja soja então!
Tenho ouvido de alguns arrozeiros, das duas marcas que represento, que talvez outro caminho seja o etanol de arroz, não sei bem ao certo até qd seria uma boa essa solução, visto que o preço do etanol fica muito paralelo ao preço do açucar no mercado externo. Fato é que o produtor tem mesmo que se proteger e vejo com muita alegria se as soluções que o setor abraçar surtir resultados. Concordo que CHEGA DE PLANTAR ARROZ E COLHER DIVIDAS.
SOJA NA VÁRZEA, ETANOL NA USINA.
Como é bom a gente ler a matéria, os comentários e concordar com tudo. É TUDO VERDADE. É a “ficha caiu” e as soluções estão aí colocadas, cada produtor faça suas escolhas para sair da “crise”. BOA SORTE A TODOS!
Ufa!!!! Até que um dia, nos demos conta que as soluções passam por nossas próprias escolhas!!
É isso aí, Flavio e José Nei!!! Não demora muitos anos(2 ou 3) e veremos os engenhos procurando os arrozeiros para negociar arroz para entrega futura, com um preço pré fixado como piso. É só continuarmos a diversificação.