Crise na lavoura de arroz

 Crise na lavoura de arroz

Pinto: arrozeiro está quebrando e esperando ajuda do governo federal

Levantamento do Irga aponta que 92% dos produtores não terá lucro.

O Instituto Rio Grandense do Arroz estima que 92% dos produtores de arroz não terão renda suficiente para pagar as contas desta safra em Cachoeira do Sul. O cálculo foi apresentado ontem pelo agrônomo Pedro Hamann durante a reunião da União Central dos Rizicultores com dirigentes de bancos e empresas que vendem insumos para externar a crise na lavoura.

“Pagamos o banco ou as empresas que nos fornecem os insumos. As duas contas não vamos conseguir honrar”, desabafa Pinto Kochenborger, presidente da UCR. Um protesto está sendo organizado e a tendência é de que ocorra no final da próxima semana, caso nenhuma ajuda seja anunciada pelo governo federal.

A pesquisa do Irga sobre a crise foi feita com base nos dados que os produtores repassam sobre a produtividade da lavoura de arroz, que nesta safra apresenta a média de 7.066 quilos por hectare em Cachoeira, o que representa 141 sacos. Ele observa que o custo médio de produção de arroz é de R$ 5.722,19 por hectare.

Se este valor for dividido por 141, o gasto médio para produzir um saco de arroz é de R$ 40,58. Isso está acima do valor de mercado do cereal, comercializado hoje entre R$ 30,00 e R$ 32,00. “Nós estamos cansados de produzir comida para o povo se endividando”, frisa Pinto. Ele cultivou 600 hectares nesta safra e projeta um prejuízo de R$ 1 milhão.

MAIS PRAZO – De acordo com Pinto, um dos principais pleitos dos produtores agora é prorrogar o vencimento das duas primeiras parcelas do financiamento de custeio da lavoura de arroz. O financiamento é para ser quitado em quatro parcelas e o vencimento da primeira delas é no dia 20 de junho. “Queremos jogar as duas primeiras para o final, ficando para outubro e novembro”, explica Pinto.

No Sicredi, que cobra o empréstimo em parcela única, com vencimento em junho, o pleito dos arrozeiros é conseguir mais prazo. “Estamos dispostos a pagar, mas não temos renda e então temos que negociar. Infelizmente, há anos o arrozeiro está quebrando e ninguém faz nada”, lamenta Pinto.

À espera de R$ 9 bilhões
A medida esperada com ansiedade pelos produtores de arroz era a liberação de R$ 9 bilhões de pré-custeio, que chegou a ser anunciada. Porém, de acordo com Pinto, este recurso ficou para empréstimo do governo federal para os arrozeiros. “O problema é que grande parte dos produtores não tem mais produto para vender e depois pagar o EGF. Assim, não temos como acessar este crédito e ficamos sem saída”, observa Pinto. A pressão dos agricultores é para que este recurso seja destinado para pré-custeio, o que dependerá da força política da categoria em Brasília.

IMPORTANTE
O presidente da UCR, Pinto Kochenborger, afirma que a crise dos arrozeiros se agrava com a entrada do cereal produzido em países do Mercosul para abastecer as indústrias do Brasil. “A indústria de São Paulo paga R$ 35,70 pelo saco de arroz do Paraguai, mas eles possuem um crédito presumido de 12% de ICMS. Assim, baixa para R$ 31,00 o seu custo. Aliado a isso, o frete do Paraguai hoje é R$ 2,00 por saco mais barato”, observa Pinto.

ATENÇÃO
A produtora de arroz Stella Luzardo Alves, de Uruguaiana, está mobilizando os produtores da fronteira para protestar contra a crise. “O que estamos passando é desumano, com um alto custo de produção, sem renda e muito endividamento. Se a nossa classe não se levantar, iremos diminuir significativamente a produção, iremos perder patrimônio e, pior, nossa dignidade como seres humanos”, convoca a arrozeira.

UMA PERGUNTA
Onde deve ocorrer o protesto dos arrozeiros?
O presidente da UCR, Pinto Kochenborger, afirma que o local está sendo avaliado e deve ser decidido em conjunto com a Federarroz e a Farsul. “Nós estamos estudando isso. Pode ser em Cachoeira ou Porto Alegre. Mas o certo é que temos de fazer alguma coisa”, observa Pinto. A provável data é o dia 5 de junho, uma sexta-feira.

9 Comentários

  • É isso, nós levamos este Brasil nas costas ,e é isso que acontecê,temos que esperar pela boa vontade deste governo lento que ta matando a galinha dos ovos de ouro,sera que vai começar tudo de novo,tratoraço, bloqueio,idas a brasilia.Mas se tiver que seja,vamos a luta,vamos nos mobilizar senão vamos todos parar na marra,todos quebrados e endividados.

  • Pois é pessoal… Mais um ano findado e a sinuca de bico está armada… E o chato segue aqui falando… Ano passado discutíamos aqui nesse espaço que a R$ 37 (isso já em outubro de 2014) não cobriria os custos e um produtor de Rincão dos Cabrais (não lembro o nome) veio aqui e disse que isso não era possível e que dava lucro sim… Pois bem… se o produtor estiver lendo esse comentário gostaria de sabe como está a sua situação hoje… Se o sr. segue lucrando com o arroz com o preço que está hoje??? Com relação aos produtores: O que vão fazer? Protestar? Trancar pontes? Botar tratores na estrada? Caminhonaço? Reescalonamento das dívidas?… Com esse governo restringindo crédito (falei duzentas vezes aqui – quem leu meus comentários que volte no tempo – que em 2015 não ia ter dinheiro e que os juros iam subir) o único caminho a seguir é pressionar o governo para refinanciar essas dívidas com custeios e finames para 10 anos como foi feito em 2010… Isso liberaria o arroz dos custeios para financiar a próxima safra… O problema é que tem muita gente que nem arroz tem mais… Contavam como certo o pré-custeio em maio ou junho para pagar as contas e comprar os insumos… Para esse a única solução é CPRs (2×1) com as indústrias e cooperativas… Dai fica a pergunta meus colegas: – Se de 4 em 4 anos o governo nos dá essas rasteiras e a indústria não quer ser nossa parceira nessa hora (joga a pá de cal) porque seguimos plantando tanto arroz ??? Saudades do Ministro Mendes Ribeiro… VAMOS VERDEJAR AS VÁRZEAS DE SOJA MINHA GENTE !!!

  • Fazem 38 anos que estou em alegrete 18 anos trabalhei de empregado na lavoura de arroz á 20 anos eu e meu irmão estamos plantando e somos arrendatário como á maioria dos arrozeiros do RS na minha opinião só temos duas saídas uma é exportar mas com á desorganização deste PAIS não vejo grandes avanços a segunda infelizmente é mais crucial temos que diminuir as lavouras assim diminui produção.

  • Vamos de soja, que se a gente for pra caneta vai ver que esta melhor que arroz(qualquer coisa esta melhor que arroz). Boa sorte a todos eu ja tomei mina decisão. Muita SOJA NELES.(contrato a 73, 00 no porto pra próxima safra.

  • A saída é parar a produção por uma safra como protesto. Cada um guarda um pouco de arroz para manter a família, demite os funcionários, guarda as máquinas e volta na safra 16/17. E vamos ver quem tem força? E não venham os produtores falar em conta, pq se for coletivo, tem como renegociar.

  • Não precisa ser tão drástico seu Gilson, 20 % de redução e deu, governo está com estoque zerado, soja é uma possibilidade para implantar na área a ser reduzida, preço internacional está em torno de u$11,00 coloca frete e chegamos perto de r$40,00
    Infelizmente estamos na mão de indústrias altamente organizadas que formaram um cartel de formação de preços e classificação de arroz que rebaixa o nosso produto em 5%
    Estamos no fundo do poço, acaba de encostar um navio em RG parece que a 35,00 longe de ser bom mas pelo menos o pessoal de fora do país está valorizando mais que o pessoal daqui.
    Soja futura 2016 > r$73,50 vamos nos organizar plantar 750-800 mil hectares no máximo junto com soja pra não ofertar arroz na safra
    SOJA NA VÁRZEA NELES

  • Revista Planeta Arroz, fica a indicação de lançarmos a Campanha “Soja Neles”, chega de exploração.

  • Crise se resolve de duas forma:ECONOMIA ,já esta no limite ,REDUÇÃO DE ÁREA ,este da para fazer , no minimo 10% ,e tem que ser para ontem ,porque amanhã pode ser tarde demais.

  • Diminuição de area é com certeza uma atitude primordial para estabilizar o mercado mas,porque ninguem fala em diminuiçao de renda de terra e água para os arrendatarios,ou sera o q pagam é barato?numa cadeia produtiva todos devem buscar ajustes mas terra e agua á 35% ou 30 bolsas por ha ja mata a cultura no começo.

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