Mercado gaúcho de arroz segue com preços em elevação

No lado fundamental, com produção de 12,450 milhões de toneladas, não haveria justificativa para grandes recuperações. No entanto, com o dólar operando acima de R$ 3,80, o arroz brasileiro passou a ser competitivo no mercado externo .

O mercado brasileiro de arroz acumulou alta de 3,4% na primeira quinzena do mês de setembro. No mercado gaúcho, referência nacional, a saca de 50 quilogramas era cotada a uma média de R$ 36,63, a maior desde 24 de fevereiro de 2015.

"Este era um comportamento esperado e que foi postergado devido a não presença do governo para garantir fôlego financeiro aos produtores e a consequente sobreoferta gerada pela necessidade de venda no pós-colheita", explica o analista de SAFRAS & Mercado, Élcio Bento.

Com a demanda voltando a se ajustar à oferta, o lado vendedor passou a ter vantagem na "queda de braço" para a formação de preços e o mercado iniciou uma escalada.

"A pergunta que se faz neste momento é até que ponto as cotações tem forças para se elevarem", frisa. No lado fundamental, com uma produção de 12,450 milhões de toneladas, contra 12,125 milhões de toneladas da safra passada, não haveria justificativa para grandes recuperações.

No entanto, com o dólar operando acima de R$ 3,80, o arroz brasileiro passou a ser competitivo no mercado externo e a aquisição nos parceiros do Mercosul se tornou cara.

Na Bolsa de Chicago, referência para a formação de preços extra-Ásia, a saca do grão em casca era cotada a US$ 13,88, com alta de 0,4% em relação ao mesmo momento do ano passado.

Convertida para a moeda brasileira, cotada a R$ 3,85/dólar na primeira metade da sessão da segunda-feira (14), corresponderia a R$ 53,42/saca.

No mesmo período do ano passado, a taxa cambial era de R$ 2,33/dólar, e a cotação da bolsa de Chicago de R$ 32,20/saca. Ou seja, os preços internacionais, em reais, acumulam valorização de 65,9% em relação à igual momento do ano passado.

A média de preços no Rio Grande do Sul (R$ 36,63/saca) é 31,43% inferior à cotação atual na Bolsa de Chicago. O câmbio contribuindo para um saldo comercial positivo no mercado de arroz enxuga o quadro de abastecimento nacional.

De acordo com números da Secretária de Comércio Exterior (SECEX), convertidos para base casca, no acumulado dos cinco primeiros meses do ano comercial 2015/16 (abril15/ago15) o Brasil colocou 600 mil toneladas no mercado internacional e comprou 258 mil toneladas, gerando um superávit comercial de 342 mil toneladas.

No mesmo período do ano passado o Brasil havia exportado 666 mil toneladas e importado 449 mil toneladas, com um saldo positivo de 217 mil toneladas. Isso mostra que o Brasil enxugou o quadro doméstico em 125 mil toneladas, quando comparado ao mesmo período do ano passado.