Configuração alterada
Tocantins supera Mato Grosso e Maranhão e passa a ser o quarto principal produtor nacional de arroz
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A produção de grãos no estado de Tocantins já ultrapassa os 4 milhões de toneladas na safra 2014/15. A soja segue na liderança, com 2,4 milhões de toneladas, mas o arroz vem em segundo lugar. De acordo com os dados levantados pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) e divulgados em julho, as lavouras de sequeiro e irrigado registraram um crescimento de 11,9% em área plantada no atual período, totalizando 127, 5 mil hectares.
A estimativa da Conab é de que a produção do cereal deve chegar a 605 mil toneladas, volume que representa um incremento de 11,3% em relação às 543,6 mil toneladas colhidas na safra passada. Entretanto, o levantamento aponta para uma leve redução de 0,6% na produtividade média provocada por condições climáticas adversas em quase todas as fases do ciclo da cultura. Com este desempenho, o estado consolida sua posição de principal produtor de arroz fora do eixo Rio Grande do Sul/Santa Catarina, superando o Mato Grosso e o Maranhão no ranking nacional.
Para Genebaldo Queiroz, engenheiro agrônomo da Secretaria de Desenvolvimento da Agricultura e Pecuária (Seagro), este crescimento reflete os avanços alcançados pela agricultura tocantinense, que mesmo tendo a soja como carro-chefe da economia vem investindo pesado no aumento da produção de arroz e milho.
“O Tocantins consolida cada vez mais a produção no campo, mostrando o potencial que dispõe com logística e solo favorável, investimentos em novas tecnologias, uso de variedades adaptadas que resultam em alta produtividade, evolução das técnicas de manejo e, principalmente, eficiência dos produtores”, avalia.
Nesta nova configuração, o Mato Grosso, primeiro estado em cultivo de arroz de terras altas, passa a ocupar o quarto lugar entre os maiores produtores do grão, com 573,3 mil toneladas colhidas em 2014/15, frustrando as expectativas do Maranhão, que sofreu drásticas reduções em área, produção e produtividade.
“Embora os números divulgados pela Conab para o MT indiquem uma queda insignificante de 0,3% em produtividade, o destaque desta safra fica por conta da qualidade do produto, que em termos de rendimento chega a superar 60% de grãos inteiros, o que é muito bom para a indústria”, observa o presidente do Sindicato das Indústrias de Arroz (Sindarroz-MT), Lázaro Modesto de Moraes.
O dirigente também se mostra otimista em relação à próxima safra, cuja projeção, segundo ele, começa a ser mais bem definida a partir de setembro. “Ainda é cedo para fazer uma previsão, mas a estimativa que fazemos é de que a área plantada com arroz deverá crescer em 2015/16 em razão de haver muitas áreas de pastagens degradadas que precisam ser renovadas”, estima.
RADIOGRAFIA DA QUEDA
A situação é um pouco mais complicada no Maranhão, estado que responde por 71,4% do arroz produzido na Região Nordeste. A queda na produção foi de 14% em relação às 658,4 mil toneladas colhidas na safra passada, ficando em 563,5 mil toneladas. A produtividade das lavouras maranhenses, que era de 1.692 toneladas por hectare em 2013/14, caiu para 1.557 no atual período.
Carlos Magri, analista em transferência de tecnologia da Embrapa Arroz e Feijão (GO), reconhece que embora o arroz do MA, cultivado no sistema de agricultura familiar, venha melhorando muito em termos de qualidade, ainda precisa evoluir em termos de tecnologia.“A região de Arari, na Baixada Maranhense, onde se planta arroz irrigado, é a mais tecnificada do estado. Um exemplo disso é a cultivar BRSMA 357, desenvolvida pela Embrapa com características adaptadas para solo encharcado e que proporciona altos índices de produtividade”, observa.
Já a redução de 7% na área plantada com grão, conforme o relatório da Conab, se deve à opção dos produtores em substituir o arroz pelo cultivo do milho por conta dos custos elevados, da oferta de produto de maior qualidade vindo de outros estados produtivos e da falta de sementes de arroz fiscalizadas. Ainda assim, o MA encerra a safra 2014/15 com a segunda maior área plantada do país: 361 mil hectares.