Preço do arroz sobe 10% em 2015 com dólar valorizado

Com uma safra menor para a próxima temporada e com atraso no plantio, ainda existe espaço para novas recuperações de preços entre janeiro e fevereiro.

O mercado brasileiro de arroz chegou ao final do ano de 2015 com preços cerca de 10% superiores aos praticados no fechamento do ano anterior. No mercado gaúcho, referencial nacional, o grão é cotado próximo a R$ 41,00 por saca de 50 kg. Quando se compara a média acumulada em 2015 (R$ 36,81/saca) com a de 2014 (R$ 35,74/saca), a alta acumulada é de apenas 2,99%. "Isso deve-se ao comportamento diferenciado verificado ao longo dos últimos dois anos", explica o analista de Safras & Mercado, Mahal Ferreira.
 
Em 2014 as cotações seguiram a sazonalidade "normal" para as cotações, recuando no período da colheita e iniciando uma recuperação gradual a partir de maio. "Em 2015 os preços seguiram a trajetória de baixa até meados de julho", lembra.
 
A explicação para esse desempenho atípico das cotações este ano é a não atuação do governo com linhas de crédito que garantissem fôlego financeiro aos produtores (EGF) e permitissem escalonar as vendas. "Sem isto, os produtores precisaram vender para fazer caixa e esta concentração de oferta derrubou as cotações", pondera.
 
A partir de agosto, quando as indústrias precisaram voltar ao mercado para recompor estoques, houve uma recuperação expressiva dos preços, tendo como principal ponto de sustentação a desvalorização cambial. Com a moeda brasileira desvalorizada, as importações encareceram e, por outro lado, o produto brasileiro ganhou competitividade no exterior.
 
No acumulado do ano comercial 2015/16 (março/novembro) o Brasil importou 386 mil toneladas (casca). No mesmo período do ano passado foram 680 mil toneladas. As exportações no atual ano comercial estão em 1,004 milhão de toneladas (base casca), contra 891 mil toneladas acumuladas no ano comercial passado. Ou seja, restando um trimestre para o final da temporada, o país comprou um volume 294 mil toneladas abaixo do comprado no ciclo anterior e vendeu 113 mil toneladas a mais, o que enxugou a oferta interna em 407 mil toneladas. Esta é a explicação para que os preços se elevassem de R$ 33,42/saca em agosto para R$ 41,02 no acumulado de dezembro (+23%), contra uma recuperação de apenas 4,5% no mesmo período do ano passado.
 
Com uma safra menor para a próxima temporada e com atraso no plantio, ainda existe espaço para novas recuperações de preços entre janeiro e fevereiro. "A intensidade desta recuperação vai depender do percentual da redução da produção, de quanto vai atrasar o início da colheita e do preço que o arroz importado chegará ao Brasil", finaliza. 

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