Nova realidade

 Nova realidade

Com moeda mais fraca,
Brasil muda o perfil
dos estoques do Mercosul
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 Historicamente o Brasil concentrava ao final dos anos comerciais os estoques de arroz do Mercosul. Argentina, Uruguai e, recentemente, Paraguai mantinham volumes irrisórios em seus silos – de acordo com o baixo consumo que praticam – e comemoravam as vendas ao vizinho, que é grande mercado consumidor fora da Ásia, com demanda anual de 12 milhões de toneladas. As compras batiam em 1 a 1,4 milhão de toneladas por temporada. O arroz “hispânico” tinha menor custo de produção e era altamente competitivo.

Esse cenário se manteve da década de 1980 ao início dos anos 2000. Anualmente as importações do Mercosul derrubavam os preços no Brasil, os produtores protestavam e o governo federal comprava arroz pelo preço mínimo – inferior ao custo de produção local – para enxugar a oferta. Ao final do ano comercial o volume importado era praticamente do tamanho do estoque público. Portanto, indiretamente, o governo brasileiro financiava as importações e os excedentes dos países vizinhos.

Com o tempo, e alguns reveses, os uruguaios descobriram que era mau negócio apostar as fichas em um único comprador e buscaram novos clientes, caso do Oriente Médio, para se livrarem da “Brasildependência”. Alcançaram mercados que melhor remuneram para compensar o crescimento dos custos de produção. A pulverização reduziu os riscos pelas sistemáticas crises de preços no Brasil. Com isso, mais a valorização da soja e do gado, o número de produtores caiu em 20% naquele país.

Mas a Argentina entrou no jogo. Com custos de produção menores, incentivos e um caminho terrestre por Foz do Iguaçu, no Paraná, que vai direto a São Paulo e Minas Gerais, passou a produzir mais e avançar no mercado brasileiro na proporção em que o Uruguai reduzia a participação. A alta dos custos, porém, chegou aos correntinos e entrerrianos, que dominam 75% da safra argentina. Crises sistemáticas da economia portenha, avanços das tarifas e componentes dos custos e clima eventualmente desfavorável passaram a afetá-los. E viram sua participação minguar em favor do Paraguai, vizinho mais próximo e cujo desembolso para produzir é menor. Em 2015, apenas 20% das compras brasileiras tiveram origem na Argentina: 53% vêm do Paraguai e 11% do Uruguai. O restante de países, como Guiana, Chile, Itália, Índia e Tailândia, atende nichos de mercado.

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