Tudo mudou
Mercado de arroz não terá
o mesmo comportamento
do primeiro semestre.
O mercado de arroz no Sul do Brasil terá condições bem distintas daquelas registradas no primeiro semestre do ano, com alta gradativa das cotações e preços firmes. A análise é do mestre em agronegócios Tiago Sarmento Barata, diretor comercial do Instituto Rio Grandense do Arroz (Irga). Para ele, esse movimento será principalmente incentivado pela desvalorização do dólar em relação ao real, que torna o Brasil o mercado mais atrativo para o produto do Mercosul.
“Diante das atuais condições de câmbio e oferta regional, a quebra de safra será suprida por um incremento nas importações do Mercosul”, avisa. O dirigente não vê possibilidade de o Brasil retomar a compra de arroz de terceiros mercados em maior escala. “Em primeiro lugar, porque há excedente exportável no Mercosul para atender a demanda brasileira. Em um segundo momento, porque a indústria brasileira estabelece um alto padrão de exigência para a qualidade das cultivares, inclusive financiando o cultivo de variedades preferenciais do mercado”, avisa.
Ele entende que seria um contrassenso as empresas nacionais, diante deste nível de envolvimento pela qualidade, importarem arroz asiático ou norte-americano sob tais condições. Claro que o varejo não se baseia nas mesmas regras, mas também não deixa de ter compromisso com a manutenção da qualidade do alimento ofertado aos consumidores.
As condições de câmbio, o incremento das importações e a expectativa de uma recuperação da safra de arroz para níveis normais no próximo ano fazem crer que os preços alcançados entre a última semana de julho e primeira quinzena de agosto, entre R$ 50,00 e R$ 50,80, ficaram muito próximos ao topo da temporada. “Ainda acredito na continuidade da valorização, embora não na intensidade que se viu em junho, por exemplo. Mas não há variáveis pressionando as cotações negativamente”, alerta.
Para Sarmento Barata, os preços do arroz em casca devem continuar estáveis, e até ligeiramente superiores aos do início de agosto. “O comportamento, contudo, dependerá da oferta do saldo a comercializar pelo agricultor. O recomendável é que o arrozeiro que ainda possui matéria-prima distribua a sua oferta ao longo do segundo semestre (agosto a fevereiro), evitando o argumento e o risco de desabastecimento pela indústria e varejo”, aconselha.
Este tipo de atitude fará com que as importações não sejam maiores do que o necessário, pois no início de agosto a paridade de exportação está na faixa de R$ 55,00 a R$ 56,00 ao produtor da Argentina, cerca de 10% acima dos preços internos”. Para Barata, nesta temporada, raros arrozeiros virarão o ano com estoque de cereal em casa.