Brasil exporta quase 80 mil toneladas em janeiro, mas importa 120 mil
Déficit no ano comercial cresce 40 mil toneladas. Altos preços internos mantém dificuldades de competir com o Mercosul
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O Brasil teve uma reação nas vendas externas em janeiro, provocada pelo aumento da demanda de clientes tradicionais, e alcançou 79,3 mil toneladas de arroz em base casca embarcadas para 24 países. Cuba, com 42,6 mil toneladas, Serra Leoa (19,1 mil), Peru (5,7 mil) e Arábia Saudita (2,7 mil/t) foram os destaques. Também chama a atenção vendas de 1,9 mil toneladas para os Estados Unidos e 518 toneladas para a Nigéria, país que o Brasil busca maior participação no mercado, recuperando a presença naquele que já foi seu maior cliente. A exportação foi quase o dobro das 40,5 mil toneladas embarcadas em dezembro/2016 e a quinta maior em 11 meses.
Exportadores acreditam que a competitividade brasileira deve evoluir a partir de março com a queda dos preços internos em decorrência da safra maior e da pressão de oferta. A queda dos preços tornaria o grão nacional mais atraente aos compradores internacionais, permitindo embarques superiores. Em 2016 os meses de março, abril, maio e julho foram aqueles que tiveram maiores exportações.
Ainda que tenha ampliado o seu desempenho frente ao mês anterior, o Brasil viu ampliar em quase 40 mil toneladas o seu déficit na balança comercial do arroz. Isso por que as importações alcançaram 119,6 mil toneladas. Este foi o segundo maior volume importado em um só mês pelo Brasil ao longo dos 11 meses do ano comercial 2016/17, que termina em fevereiro. O Paraguai foi responsável por 45% do volume, com 55,5 mil toneladas do produto em base casca, seguido do Uruguai, com 31,9 mil/t, Argentina com 33,3 mil toneladas e o Suriname, com 7,8 mil toneladas. O restante é formado pela compra de variedades especiais da Espanha, Estados Unidos, França, Guiana, Itália, Paquistão, Tailândia e Vietnã.
No ano comercial, que vai de 1º de março de 2016 até 28 de fevereiro de 2017, o Brasil exportou 843,63 mil toneladas de arroz em base casca e importou 1,092 milhão. O déficit alcança 248,2 mil toneladas, o maior dos últimos tempos, depois de três anos como exportador líquido. Desde junho o Brasil acumula déficits mensais, sendo que o maior foi em agosto: 143,1 mil toneladas, ou seja, mais de 60% do total. Nos três meses de superávit (março, abril e maio de 2016), o melhor desempenho ocorreu justamente em março, primeiro mês do ano comercial, com 87 mil toneladas.
A expectativa é de que o Brasil encerre o ano comercial com um déficit inferior a 300 mil toneladas, volume próximo ao estimado pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). Em compensação, para 2017/18 a Conab prevê pequeno superávit. O Brasil está buscando ampliar a gama de importadores, com esforços no sentido de fechar um acordo comercial bilateral com o México e aproveitar como oportunidade de mercado o momento de tensão deste potencial cliente com os Estados Unidos. No entanto, enquanto tenta há mais de um ano e meio esse acordo, o Paraguai o conseguiu em quatro meses e os mexicanos avançam para um acordo com os países da Ásia que figuram no projeto original da Parceria Transpacífica.