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Irga investe para
reduzir brechas de produtividade nas
lavouras com Projeto
10+ e Soja 6.000
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Ao longo dos últimos 12 a 15 anos a produtividade do arroz no Rio Grande do Sul deu um salto de aproximadamente 2 toneladas por hectare graças ao aperfeiçoamento do manejo proposto pelo Projeto 10+, do Instituto Rio Grandense do Arroz (Irga), e a disponibilização de cultivares de maior potencial de produção associadas ao sistema de resistência a herbicidas que nas lavouras foi usado com eficiência e reduziu as perdas por infestação de arroz vermelho. As brechas de produtividade reduziram graças a um conjunto de práticas que otimiza o uso dos recursos, define o momento correto para que seja realizada cada operação na lavoura e agregou boas práticas agrícolas e métodos de fazer com que as variedades cultivadas expressassem ao máximo a sua capacidade de produzir grãos.
Algumas lavouras alcançaram média acima de 11 mil quilos por hectare, mas outras permaneceram com rendimento próximo de 6 mil quilos, com avanço muito pequeno sobre a realidade do início dos anos 2000. Nas últimas cinco safras, a área de soja em várzea explodiu no Rio Grande do Sul com a adoção de tecnologias desenvolvidas para gerar ganhos agronômicos, seja a quebra de ciclo de pragas, ervas daninhas e doenças, o melhor aproveitamento dos insumos, a recuperação das condições químicas e físicas do solo ou gerar alternativa de renda ao produtor. Elas são implantadas em terras baixas visando a rotação com as lavouras de arroz e a pecuária adotada também em sucessão.
Para buscar eficiência na produção de soja em várzea e reduzir as falhas de produção em arroz os pesquisadores, técnicos e extensionistas do Irga estão trabalhando unindo dois projetos importantes de transferência de tecnologia: o Projeto 10+ e o Soja 6.000. A meta é superar o teto de 10 mil quilos de arroz por hectare e alcançar 100 sacos de soja (6 toneladas) com o desenvolvimento de um manejo eficiente. “Tecnologia existe e estamos conseguindo transferir para um grupo cada vez maior de agricultores, seja por meio de assistência mais direta, via núcleos nos municípios, seja pela formação de grupos de agricultores ou por meio dos dias de campo e roteiros técnicos”, explica o engenheiro agrônomo Athos Gadea, gerente do Departamento de Assistência Técnica e Extensão Rural (Dater) do Irga. Paralelamente, os cientistas trabalham no avanço das práticas e material genético na Estação Experimental do Arroz em Cachoeirinha (RS) e nas subestações regionais, bem como em áreas demonstrativas em lavouras de parceiros.
“As falhas existem por diversos fatores, que vão desde dificuldades com o clima, que não controlamos, até problemas de dificuldade de acesso ao crédito, de contratos de arrendamento que atrasam a entrega da área para o agricultor, atraso em alguma operação ou mesmo desconhecimento das técnicas, falha de planejamento ou de execução. Nem todos os produtores estão no mesmo nível de conhecimento e muitos têm suas limitações para alcançar as melhores condições para aplicar as recomendações técnicas”, acrescenta Gadea. No entanto, segundo ele, o Irga vem trabalhando forte no sentido de, através dos programas, transferir mais conhecimento e práticas que podem representar a viabilidade das lavouras. “A ideia é fazer com que o produtor consiga aplicar o máximo de tecnologia possível à sua área, dentro de sua realidade. Às vezes não é uma questão de investimento, mas de conhecimento, de ajuste fino de alguma operação”, explica.
Reforço gringo
Uma das ações na busca da redução das brechas de produtividade em parte da lavoura gaúcha, cuja produtividade em anos normais fica entre 7,5 e 7,8 mil quilos por hectare, é o apoio do Fundo Latino-Americano de Arroz Irrigado (Flar) com a presença dos consultores Luciano Carmona e o estadunidense Edward Pulver, um dos principais nomes em transferência de tecnologia das Américas. Entre o final de janeiro e a primeira quinzena de fevereiro Pulver participou de roteiros pelo Rio Grande do Sul e visitas técnicas para vistoriar áreas de difusão de tecnologias em arroz e soja visando altas produtividades.
O consultor vistoriou áreas dos programas de difusão de tecnologia do Irga em arroz e soja enfocando práticas de manejo visando altas produtividades e a rentabilidade dos produtores e incentivando a rotação das duas culturas. “Há condições de evoluir na produtividade gaúcha em pelo menos 1 tonelada nos próximos três anos, para 8,5 mil quilos, com redução dos custos por área alicerçada na racionalização do uso dos insumos e práticas operacionais. O produtor com alto rendimento de lavoura tem margem para crescer, e aquele que alcança menores produtividades tem muito mais espaço para ser competitivo com os ajustes técnicos que estamos propondo”, disse Pulver.
Pulver: meta de 8,5 mil quilos por hectare em três anos
Mão única
Luciano Carmona, consultor do Fundo Latino-Americano de Arroz Irrigado (Flar), explicou que a meta é expandir o Projeto 10+ com ênfase para as regiões com menor produtividade. “Na soja, buscamos algumas alternativas, como tecnologias mais viáveis, para que os produtores entrem no sistema de rotação com mais impacto positivo”, explica Carmona. Segundo ele, a temporada 2016/17 é o primeiro ano da fusão dos projetos e no próximo ano o entrosamento será ainda maior. “Já teremos identificado as experiências que dão certo e as que devemos corrigir para unir efetivamente o envolvimento destas duas culturas tão importantes para a zona arrozeira do estado e sensibilizar o produtor à busca destas práticas”, acrescenta Rodrigo Schoenfeld, gerente da divisão de pesquisa do Irga.