Muita calma nessa hora

Federarroz indica
cuidados para evitar
as perdas financeiras
.

 Os prejuízos do primeiro semestre de 2017 e o desestímulo do setor produtivo com a atividade obrigaram a Federação das Associações de Arrozeiros do Rio Grande do Sul (Federarroz) a desenvolver um conjunto de orientações para a safra 2017/18 que pode ajudar a reduzir os riscos. “A prioridade máxima é a liquidez financeira, de maneira que possamos evitar a imobilização de capital”, reconhece Henrique Dornelles, presidente da entidade.

Segundo o dirigente, neste cenário não é possível aos agricultores realizarem investimentos que envolvam risco ou comprometimento das receitas. “O custeio da safra deve se limitar ao necessário para alcançar boa produtividade, mas observando a preservação de capital de giro próprio – ou mesmo de terceiros –, pois é preciso estar preparado para preços não remuneradores ao cereal no primeiro semestre de 2018. Tudo indica que o cenário será parecido”, salienta.

Aqueles produtores que têm acesso ao crédito oficial, para a Federarroz, devem preservá-lo observando pontualidade e adimplência. “Comprometer o cadastro nos bancos afeta o crédito mais barato que há, aumenta o risco da operação e pode prejudicar o acesso. Estamos diante de grande seletividade para financiamentos”, explica. As obrigações ambientais também são lembradas, pois o empreendimento precisa de licenciamento ambiental para obter crédito. “Na parte agronômica é importante priorizar a aplicação do capital nas melhores áreas e abandonar aquelas de baixo rendimento e maior custo, como terrenos infestados, com alta demanda de energia para irrigação e baixa fertilidade, ainda que isso acarrete em diminuição da superfície semeada”.

Aliás, para o dirigente, a queda na área cultivada é uma tendência no Brasil e no Mercosul para a próxima safra. “Estamos acompanhando a situação dos arrozeiros dos países vizinhos e o cenário também é complicado: custos aumentando, renda reduzindo, endividamento crescente, problemas com regras ambientais, evolução da carga tributária e acesso ao crédito”, aponta.

PREÇOS
Outro conselho é para quem acessa o crédito de terceiros: acordar os preços de venda do arroz e afastar ao máximo a data de vencimento – mesmo com pagamento em produto – da época de colheita.

“Continuará havendo produtores que vão ganhar dinheiro, e serão poucos, e aqueles que terão prejuízos com a cultura, e serão muitos. Mas isso faz parte de um modelo de agricultura excludente adotado no Brasil e nós conhecemos o risco. Nossa obrigação é nos prepararmos para enfrentar os obstáculos, superá-los ajustando nossos custos e condutas e descobrir formas de obter algum lucro com a atividade, mesmo em temporadas difíceis como a atual”, resume Henrique Dornelles.

O dirigente lembra a importância do apoio às entidades que estão buscando soluções junto aos governos.


Sugestões da Federarroz

O arrozeiro deve
1.Manter algum capital de giro e não investir tudo o que tem na etapa de produção mesmo que isso represente redução de área.
2.Esperar um 2018 com o primeiro semestre de preços não remuneradores.
3.Preservar o acesso ao crédito com adimplência e pontualidade para não comprometer o cadastro e aumentar o risco de suas operações nas instituições.
4.Cumprir as obrigações ambientais, como o licenciamento ambiental, sem o qual não obterá custeio.
5.Planejar a área priorizando terrenos mais rentáveis e de menor risco para racionalizar o aproveitamento dos recursos e insumos e dar efetividade ao capital de giro, ainda que isso acarrete redução de área cultivada.
6.Evitar terrenos de altos custos com irrigação, defensivos, fertilizantes, mão de obra e máquinas.
7.Observar as recomendações técnicas para expressar maior produtividade e reduzir custos.
8.Fazer o preparo antecipado do solo e plantar na época recomendada.
9.Evitar completa dependência do sistema financeiro, industrial ou fornecedores de insumos.
10.Nos financiamentos com fornecedores de insumos ou indústria, mesmo pagando em
produto, estabelecer vencimento o mais longe possível da colheita.
11.Travar preços – estabelecer valores mínimos – de preferência acima do custo de produção em financiamentos de terceiros.
12.Diluir a venda do produto e buscar alternativas para a entrega de arroz “a depósito”.
13.Revisar contratos de arrendamento em valores não condizentes com a realidade da cultura.
14.Ajustar contratos de energia elétrica para não pagar demanda complementar ou faturamento de energia reativa.
15.Revisar e regular o sistema de bombeamento de água e observar a rotação ideal dos tratores no preparo do solo e plantio para não desperdiçar combustível.
16.Regular as colheitadeiras para a maior eficiência da operação e o menor percentual possível de perdas.
17.Apoiar o trabalho das entidades setoriais na busca de soluções políticas econômicas para demandas além das porteiras.
Fonte: Federarroz

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