Corte estratégico

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Colheita gaúcha reduziu, mas não tanto quanto o esperado

Gaúchos reduzem a safra
por retração na área e
também na produtividade.

Responsável por 70% da safra brasileira de arroz, o Rio Grande do Sul deverá reduzir em pelo menos 400 mil toneladas a sua safra em 2017/18. O clima – chuvas na época de implantação e falta de umidade no solo na emergência – atrapalhou e 50% das áreas só foram plantadas após o período indicado, que fica entre outubro e novembro. Estas áreas devem ter redução em seu potencial produtivo.

Em alguns municípios da Campanha, Planície Costeira Interna e Zona Sul, o problema é a estiagem, que afetou os cursos d´água e barragens, atrapalhando a irrigação e o controle de pragas e invasoras entre dezembro e janeiro. Para piorar, o arroz vermelho e o capim-arroz, resistentes a herbicidas, voltaram com força total, gerando grande infestação na Depressão Central. Com isso, a perspectiva, dependendo da fonte, é de que a produção gaúcha caia entre 4,9% e 5,6%.

Para a Conab, a área caiu 2,1%, para 1,077 milhão de hectares, a produtividade mais 3,6%, até 7.643 quilos por hectare, e a produção 5,6%, para 8.236,1 milhões de toneladas. Dados preliminares do Instituto Rio Grandense do Arroz (Irga) indicam queda de 2,4% em área, para 1,079 milhão de hectares, e que a produtividade cairá 2,5%, até 7.710 quilos por hectare. A produção total, portanto, sofreria retração de 4,9%, para 8,32 milhões de toneladas. Embora com números levemente diferentes, Conab e Irga têm em comum a expectativa da queda em torno de 400 mil toneladas na safra gaúcha, o que representa, por exemplo, mais do que Uruguai e Argentina exportaram juntos para o Brasil em 2017.

A formação dos números finais depende do clima em fevereiro e março. Frio, tempo encoberto, com baixa luminosidade, estiagem ou excesso de umidade podem atrapalhar. Mas, chuvas regulares e muito sol e luminosidade podem ajudar a recuperar a produtividade e qualidade de grãos nas áreas atrasadas. Em termos de mercado, a intervenção do governo para escoar 1,2 milhão de toneladas deve amenizar os prejuízos e gerar um segundo semestre de expectativa de rentabilidade na comercialização.

“É uma safra com muitas incertezas pelas dificuldades no plantio, atraso de operações de manejo e presença mais forte de plantas daninhas resistentes aos herbicidas”, reconhece o presidente do Irga, Guinter Frantz. Segundo ele, as regiões com estiagem e soja nas várzeas, que é utilizada como sistema de rotação para eliminar inços das áreas de arroz, têm sofrido mais.

Maurício Fischer, diretor técnico do Irga, afirma que a preocupação em fevereiro e março é com oscilações bruscas de temperatura e calor excessivo, que podem diminuir a qualidade do grão na lavoura.

O custo das áreas que atrasaram cresceu – pois têm necessidade de banhar a terra para a emergência das plantas – por causa de uma pequena estiagem depois de outubro. “O arroz vermelho exigiu capina ou catação manual, o que gera custo”, explica.

QUESTÃO BÁSICA
Se por um lado, as variedades resistentes a brusone ajudaram a reduzir o consumo de fungicidas e, por questões de mercado, os defensivos tiveram uma leve queda de preço, por outro, o aumento do custo da energia elétrica e dos combustíveis, em torno de 30%, pegou em cheio a produção arrozeira, neutralizando o menor preço dos elementos químicos e ainda ampliando os custos.

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