Arrozeiros de Santa Rita com prejuízo de R$ 10 na saca
Setor busca congelamento de ICMS por 90 dias para estancar crise.
Na propriedade de 200 hectares do arrozeiro Silvio Lopes, 56, a colheita do grão vai bem, mas o custo de produção dá sufoco. A situação é similar para os mais de 160 arrozeiros de Nova Santa Rita. A busca por uma solução saiu do campo e foi parar na política. De acordo com Lopes, que é conselheiro do instituto Riograndense do Arroz (Irga), o custo de produção hoje dá prejuízo de R$ 10,00 em cada saca de 50 quilos. A alternativa seria a redução de ICMS por 90 dias e a aquisição do arroz pelo próprio governo federal para dar uma ajustada no setor.
“A saca custou R$ 45,21 em abril e vendemos ela a R$ 35”, afirma Lopes. “Ano passado tivemos a segunda maior produção da história, em 2018 não será ruim, mas as taxas, dívidas e o combustível pesam muito.” Há o problema do produto importado do Mercosul e o ICMS. “O ideal seria reduzir o imposto nos meses de colheita”, aponta. “O setor arrozeiro gera muitos empregos, mais que a GM, somos 18,5 mil produtores, fora quem trabalha com a gente. O plantio leva de 120 a 150 dias, conforme a variedade, e na Granja Santa Vitória a colheita começou há 15 dias. Esse custeio deficitário gerou dívidas que poderiam ser repactuadas para pagamento em 20 e 25 anos”, destaca o arrozeiro.
“Isso ocorreu em 1990, outro momento complicado para o setor.”
Os prefeitos da Famurs estão mobilizados para articular esse apoio ao segmento no campo político. Em 19 de maio, às 10 horas, no Centro de Eventos de Restinga Seca, os arrozeiro promovem uma assembleia geral. “No Governo Tarso Genro o Governo Federal chegou a comprar 500 mil toneladas para ajuda humanitária, foi muito importante para o setor”, recorda. “O Governo Sartori precisa ter essa sensibilidade porque o ramo do arroz é estratégico no RS.” A Prefeitura de Nova Santa Rita está mobilizada para fazer essa articulação.
Confira abaixo a entrevista.
Entrevista – Margarete Ferretti, prefeita de Nova Santa Rita
Como a prefeitura está se articulando para apoiar os arrozeiros?
Participamos na quinta-feira de conversa com outros prefeitos e produtores na Famurs. Estavam os maiores plantadores do Estado. Em Santa Rita temos 4 mil hectares plantados, 500 hectares orgânicos. O arroz é muito importante para a região e o comércio. Solicitamos a redução do ICMS de 12 para 7% do arroz com casca. E de 7% para 4% até o volume de uma tonelada. Acredito que o governo tinha que comprar arroz, colocar na merenda, incluir no bolsa-família. O dólar está em alta, o preço do arroz está em queda. Temos que fortalecer o centro de pesquisa do Irga. A Cesa também, reestabelecer a unidade, além de revitalizar o quadro técnico. Temos arroz na nossa merenda escolar. Estamos fazendo a nossa parte. Os produtores têm dito do imposto e das dificuldades, do trabalho que é para plantar, nem sempre o tempo colabora, o
custo dos insumos aumenta. Esperam tirar o investimento na colheita e não conseguem. Nós enquanto gestores estamos ao lado no que é possível, tentando junto aos governos despertá-los para a importância do arroz e sua produção.
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