Um só Uruguai
Mobilização ajuda a buscar
soluções coletivas para
a crise arrozeira charrua.
Os cerca de 500 arrozeiros uruguaios concluíram que terão prejuízos no ano comercial 2018/19 por causa dos altos custos de produção e rendimentos menores, resultado da adversidade climática na safra 2017/18. Após reduzir 10 mil hectares em área cultivada e perder 400 quilos, em média, na produtividade, para 8,1 toneladas, o país vizinho trabalhará com preço de US$ 10,05 por saca de 50 quilos do arroz em casca seco e limpo.
O valor inclui 50 centavos de dólar de devolução de impostos, que se direciona aos fundos arrozeiros que eventualmente socorrem o setor. O acordo de preços foi fechado entre indústria, produtores e governo no final de março. A variedade Inia Tacuarí, vendida para mercado especial no Peru e produzida em pequena escala, tem preço final de US$ 10,85/50 quilos.
Alfredo Lago, presidente da Associação de Cultivadores de Arroz (ACA), lembra que além da redução de área e da produtividade, a lavoura uruguaia é colhida com atraso. Isso pode reduzir mais os rendimentos. Ele acredita que com os preços fixados, a média de ingressos dos arrozeiros chegará a US$ 1,7 mil ao hectare, 10,5% abaixo dos US$ 1,9 mil do custo produtivo. “Será o quinto ano com números no vermelho para muitos produtores”, reconhece.
O setor integra a mobilização Um Solo Uruguay, que busca sensibilizar o governo do país a reduzir tarifas de energia e óleo diesel, entre outras medidas para a agropecuária. Os avanços ainda ficam abaixo do que reivindicam os arrozeiros. O governo uruguaio estabeleceu um calendário e um comitê de negociações. Na abertura da colheita arrozeira, na propriedade de Graciela Pereira, em Cerro Largo, o ministro Enzo Benech, da Agricultura, anunciou o desconto de 15% nas tarifas elétricas por 90 dias na próxima safra. São beneficiados rizicultores e indústrias, que poderão selecionar o melhor período para usar o desconto. “É importante, mas não suficiente para equilibrar as contas”, informa Alfredo Lago.
QUESTÃO BÁSICA
Na temporada passada, o Uruguai foi o segundo maior fornecedor de arroz para o Brasil, atrás do Paraguai e à frente da Argentina. No entanto, o Brasil foi apenas o quinto nos volumes embarcados pelos uruguaios, atrás do Peru, Iraque, México e União Europeia.