Novos patamares
Projeção para a safra
é de um piso de preços
mais alto do que em 2018.
Se os preços do arroz caíram em outubro e iniciaram novembro mais fracos com o indicador de preços Esalq/Senar-RS apontando médias próximas de R$ 43,00 para o arroz em casca no Rio Grande do Sul, trata-se de um fenômeno pontual, pois há motivos para esperar que o ano comercial que começa em março de 2019 e terminará em fevereiro de 2020 traga novos patamares. A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) trabalha com uma expectativa de que os preços de mercado do arroz na próxima colheita arranquem, no Rio Grande do Sul, de R$ 38,00 a R$ 40,00 por saca, mantidos os fundamentos.
Isso quer dizer que há um cenário que se desenha com redução do volume colhido no Brasil e no Mercosul, uma relação de oferta e demanda muito ajustada, estoque de passagem pequeno e o consumo deve se manter muito próximo do atual, em torno de 11,9 milhões de toneladas. Fatalmente o Brasil precisará importar, pois a colheita nacional e a soma dos estoques passam bem pouco do consumo interno. Mas é preciso lembrar que há também um mercado internacional que conta com pelo menos 800 mil toneladas de arroz brasileiro.
Neste panorama, o câmbio será fundamental, pois vai determinar o fluxo de saída e de entrada de arroz no Brasil e, com isso, influenciará o mercado interno. “Às vezes o mercado tende a comportar-se sobre a expectativa e não sobre os fundamentos, foi o caso do atual ano comercial, pois não haviam razões para que os preços caíssem a R$ 28,00 em Santa Catarina e R$ 30,00 a R$ 32,00 no Rio Grande do Sul. Desta forma, foi importante o ingresso do Ministério da Agricultura no mercado, por meio dos mecanismos de comercialização para, ao menos, balizar o piso pelo preço mínimo, que era R$ 36,01 e ajudar no escoamento do produto do Sul para outras regiões”, explica Sérgio Roberto Santos Júnior, analista da Conab.
Para ele, mesmo com os fatores políticos determinando um novo comportamento do dólar, com a valorização do real, até o final do ano pode haver preços melhores do que os registrados no início de novembro. “Os fundamentos seguem os mesmos, em que pese o fato de a nova realidade cambial tornar mais difíceis nossas exportações e dar competitividade ao arroz do Mercosul em nosso mercado”, reconhece.
Tiago Sarmento Barata, diretor executivo do Sindicato da Indústria do Arroz do Rio Grande do Sul (Sindarroz-RS), considera que os preços tendem a encontrar novas referências até a safra. As indústrias fora de mercado entre outubro e novembro refletiram um comportamento do varejo, que informava baixo consumo.