Tendência altista para os preços do arroz no Brasil

Seguem relatos de áreas com baixas produtividades e a safra estadual não deverá superar 7,5 milhões de toneladas.

A tendência baixista sobre os preços do arroz em casca parece dar sinais de arrefecimento. Depois de recuar para abaixo do patamar de R$ 39,00 por saco de 50 Kg, FOB produtor do Rio Grande do Sul, as cotações interromperam a trajetória de baixa nos últimos dias. A média atual já volta a se aproximar da casa dos R$ 40,00 por saco de 50 Kg, mesmo com o avanço da colheita no Rio Grande do Sul. Até o último dia 22/03, conforme levantamento divulgado pelo Instituto Rio-Grandense do Arroz (Irga), a colheita da safra de arroz 2018/2019 no Rio Grande do Sul atingiu 35,5% da área total plantada, que recuou para 984.081 hectares. A produtividade média parcial das áreas colhidas é de 7.971 quilos por hectare. Caso essa média permanecesse inalterada até o final da colheita, a produção de arroz no Rio Grande do Sul atingiria a casa dos 7,8 milhões de toneladas.

Mas isso é pouco provável que ocorra. Seguem relatos de áreas com baixas produtividades e a safra estadual não deverá superar 7,5 milhões de toneladas. Se a média de produtividade estadual atingir o patamar de 7.500 quilos por hectare, a produção do Rio Grande do Sul será de 7,380 milhões de toneladas, 12,8% (-1,08 milhão de toneladas) abaixo da colheita da safra passada, que foi de 8,460 milhões de toneladas. Se isso se confirmar, a produção brasileira de arroz recuará para 10,552 milhões de toneladas – a menor colheita desde a temporada 2002/2003 (10,517 milhões de toneladas). Mesmo que as exportações brasileiras recuem de forma expressiva, as importações terão que crescer para atender a demanda interna brasileira da atual safra.

No ano-safra 2017/2018, as exportações brasileiras de arroz atingiram 1,709 milhão de toneladas (base casca), o 2º maior volume da história, com alta de 60% sobre a safra anterior, enquanto as importações recuaram 19% no mesmo período, para 843 mil toneladas (base casca), gerando um saldo positivo na balança comercial de 867 mil toneladas. Caso as exportações recuem em torno de 1/3 em volume, para 1,1 milhão de toneladas, ainda seriam necessárias importações de até 1,5 milhão de toneladas para fechar o ano com estoques mínimos para atender uma semana de consumo interno. Os estoques iniciais dessa safra 2018/2019 estão agora projetados em 609 mil toneladas (base casca). Somados a uma produção estimada em 10,552 milhões de toneladas geram uma oferta de apenas 11,161 milhões de toneladas. O consumo interno, enfraquecido nos últimos anos, deve atingir 11,3 milhões de toneladas.

Com exportações de 1,1 milhão de toneladas, a demanda total somaria 12,4 milhões de toneladas – muito acima da oferta. No médio e longo prazo, a tendência é altista para os preços do arroz no Brasil, mas o teto para os preços dependerá de variáveis importantes, como, por exemplo, a taxa de câmbio e os rumos dos preços internacionais (que determinarão a paridade de exportação de arroz brasileiro). Os preços internacionais do arroz estão enfraquecidos, tanto para produto Long Grain dos Estados Unidos como para os asiáticos de qualidade mais elevada. O El Niño previsto para os próximos meses pode trazer secas para regiões produtoras da Ásia e dar maior sustentação aos preços globais. As projeções atuais apontam para uma taxa de câmbio média no Brasil de R$ 3,70/US$ 1,00 em 2019. Com essa taxa média de câmbio, os preços teriam paridade de exportação ao redor dos R$ 45,00 a R$ 46,00 por saco de 50 Kg.

Entretanto, com a safra bem menor no Brasil, a escassez de oferta interna poderá antecipar a entressafra e gerar uma “disputa” de matéria-prima entre exportadores e indústrias que necessitam de produto para vendas no mercado doméstico. Isso poderia impulsionar os preços internos para níveis acima dos propostos nos portos, para exportação, fazendo com que haja um natural desestímulo aos embarques para o exterior, a fim de manter o suprimento interno. Os países do Mercosul, juntos, não teriam excedentes exportáveis suficientes para atender todo déficit estimado para o mercado brasileiro na atual safra. O risco para os produtores é de que uma alta mais expressiva dos preços em curto espaço de tempo gere algum desconforto na equipe econômica do atual governo e provoque ações intempestivas, como, por exemplo, o zeramento da alíquota de importação de arroz de terceiros mercados. 

6 Comentários

  • Esquece-se o analista que esse ano não teremos as exportações para a Venezuela e que o Paraguai aumentou a área de plantio em 91% (e que com certeza mandará esse arroz para o Brasil, pois nada está sendo feito no sentido de sobretaxar o produto de lá)… Penso que a oferta ainda será superior do que a demanda, mas bem justa uma vez que ainda existe arroz da safra passada o que será comprovado pelo levantamento de estoques privados da Conab. Não creio em desabastecimento. Não creio que a Sra. Ministra algum dia venha a zerar a aliquota de importação. Acredito sim que haverá redução na próxima área de arroz e aumento na de soja… o dólar pode disparar e os preços da soja na entresafra irem as alturas. Pode. Não sei! Vendendo nosso arroz a R$ 45 restará R$ 43 líquidos. Faltará R$ 5 para cobrir os custos dessa safra! Quem fala em possível desabastecimento não conhece a realidade. Muita gente acreditou e plantou no ano passado… 2019/2020 só Deus sabe… Prever no caos é o mesmo que tentar enfiar uma linha numa agulha em noite de lua nova!!! Quando se fala em preços entendam uma coisa de vez por todas:… o 409/417 é que está valendo R$ 40 liquidos( sem CDO e sem funrural)… o 424 vale R$ 34,50 liquidos… Estamos diante de uma diferença de R$ 6 meus amigos!!! A melhor coisa que um produtor pode sentir é a sensação de encostar a cabeça no travesseiro e dormir com a paz de que nunca explorou ninguém!!! O produtor é uma pessoa sofrida e com certeza irá dar a volta por cima!!! E esses que se dizem os bons, os entendidos, em breve vão mendigar produto! Não sou vingativo. Mas a lei do retorno é infalivel. Aqui se faz, aqui se paga!!! Abraço à todos que ainda acreditam no bem!!!

  • Boa tarde.
    Safra menor e preço incompativel com o custo.
    Se houver medidas de compensação por desconforto da equipe econômica, ( alavancadas ou nao por outros interesados a fins) realmente o produtor deve repensar o cultivo de arroz irrigado. Quando os pioneiros acertarem o ponto de ‘Soja irrigada por inundação’ ….. Foi-se o boi com a corda para o cultivo obrigatório de arroz.
    BONS NEGOCIOS.

  • Em Camaquã a soja é uma realidade inexorável, este ano já houve produtores que reduziram sua s áreas de arroz pela metade. E a leguminosa avançando de ”cano cheio.” Já nesta colheita, a industria do arroz vai sentir o efeito soja na várzea.!!!

  • Soja na várzea neles, como diz o Diego Silva.

  • Parabéns aos produtores gaúchos que podem substituir o cultivo de arroz, por outras culturas. Aqui em Santa Catarina não temos outra alternativa ou planta arroz ou planta arroz.

  • Essa safra eu fique convencido, a soja nas várzeas catapultará o RS a outro nível de produção. Obrigado Senhor ou Darwin pelos 2-3 milhões de várzeas nesse solo sagrado do Rio Grande.

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