Na casa do milhão
Queda produtiva no RS
ficará muito próxima
de 1 milhão de toneladas
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O efeito de dois fenômenos El Niño acertou em cheio a lavoura de arroz do Rio Grande do Sul na safra 2018/19, que acaba de ser colhida, e a produção total deve reduzir em torno de 1 milhão de toneladas. Os dados foram apurados pelo Instituto Rio Grandense do Arroz (Irga) no início de maio e indicam uma colheita de 7,5 milhões de toneladas de arroz em base casca no maior estado produtor do Brasil, que responde por mais de 60% da safra.
A redução da área plantada (de 1,077 milhão de hectares para 1,0 milhão) gerou efeito similar aos anos em que a lavoura é afetada pelo fenômeno climático e o impacto do El Niño na primeira quinzena de janeiro de 2019 sobre as lavouras do estado, em especial na Fronteira Oeste e na Campanha, consolidou uma redução de 82 mil hectares em área colhida (984 mil contra 1,066 milhão).
Até o dia 4 de maio, data de fechamento desta edição, o Irga contabilizava 92,9% da área já colhida, com 914,3 mil hectares, 6,984 milhões de toneladas e produtividade média de 7.638 quilos por hectare. A estimativa é de que a produtividade caia abaixo de 7,6 toneladas por hectare nas últimas áreas, afetadas pela chuva, baixas temperaturas noturnas, pragas e invasoras. “As lavouras mais atrasadas costumam ter mais problemas”, reconhece o coordenador do Irga na Região Central, Pedro Trevisan Hamann, onde o plantio foi mais tardio.
Segundo ele, o clima na época de semeadura – com chuvas semanais, às vezes a cada três dias – atrapalhou a entrada das semeadoras na lavoura, mas também houve demora na obtenção de crédito por parte dos agricultores e a opção por deixar algumas camadas do banco de semente brotarem para sua eliminação pelos arrozeiros, uma prática comum em alguns municípios da Quarta Colônia e arredores.
Guinter Frantz, presidente do Irga, acredita que a baixa rentabilidade do arroz nas últimas safras tem sido o fator determinante para a redução de área. Ele lembra que muitos produtores têm buscado alternativas e um manejo que integre arroz, soja e pecuária para eliminar a dependência somente da lavoura arrozeira e obter um maior portfólio de produtos para comercializar e obter renda. “Depois de formadas as lavouras, tivemos ainda o problema do clima”, reconhece. Para Frantz, estes fatores, associados a uma boa arrancada nas exportações, são responsáveis pelo movimento atípico de alta dos preços do grão em plena colheita.
SOJA
Na safra 2018/19, o Rio Grande do Sul plantou perto de 310 mil hectares de soja em terras baixas em rotação com a cultura do arroz. A expectativa é de colher um volume aproximado de 2,6 mil quilos por hectare (43,3 sacas) de média com uma produção de 800 mil toneladas. É um bom indicador para a próxima temporada, que deve ter mais de 250 mil hectares de arroz em resteva de soja, o que geralmente agrega produtividade, reduz infestações e facilita o plantio da nova safra arrozeira.