Demora na solução vai gerar mais dívidas e exclusão de produtores

Goergen alerta que vencimento de custeios deste ano já estão ocorrendo e que não há renda para pagar as prorrogações feitas para o final do ano.

O deputado Jerônimo Goergen (PP-RS) fez um alerta nesta segunda-feira (30) sobre as consequências negativas da falta de medidas para o enfrentamento da crise do setor orizícola e a forma equivocada no encaminhamento que está sendo feito em relação à Linha de Recomposição de Dívidas Agropecuárias do BNDES, única alternativa existente para o agronegócio nacional. “Está em curso uma proposta que visa equalizar os juros, baixando a taxa para 8% sobre o limite de R$ 1 bilhão do total de R$ 5 bi disponíveis. No entanto, este montante é para todo o setor produtivo”, destacou. Entre os entraves para que estes recursos possam ser liberados é a reunião do Conselho Monetário Nacional (CNM), que só deve acontecer no final de outubro.

Articulador da Linha de Composição de Dívidas do BNDES, o parlamentar sugere que a aplicação dos recursos que seriam utilizados na equalização dos juros, seja redirecionada ao aval dos produtores de arroz. “Vejam que esse movimento vai custar R$ 20 milhões por ano, ou seja, R$ 240 milhões ao longo dos 12 anos da linha. O volume de R$ 1 bilhão é pouco para o tamanho do problema e precisa ser usado para a cultura de arroz. E mesmo assim é insuficiente. Mas saindo já ajuda, obviamente”. O parlamentar defende que o governo assuma o aval para os arrozeiros. “Vai sair muito mais barato para a União e isso representará uma solução prática para os arrozeiros. Gastar o pouco recurso que ainda existe para baixar o juro e o produtor não puder acessar não vai adiantar nada”, ponderou.

O parlamentar alerta ainda que, no atual cenário, a demora na definição de uma solução vai gerar uma nova bola de neve, produzindo mais endividamento e inadimplência. “O problema é que os custeios de setembro já venceram. E ainda temos no horizonte as prorrogações das parcelas para novembro e dezembro”, alertou. Ainda em 2018, quando presidiu a Comissão Externa do Endividamento Agrícola (CEXAGRIC), o deputado recorda da cobrança recebida de que a Linha do BNDES não seria a solução para o problema. “Hoje o que temos de prático é exatamente a linha do BNDES. Construímos uma saída possível, que agora é encarada por todos como a única viável. Nunca vendi sonho, ilusão ou terreno na Lua”, esclareceu. O parlamentar cobrou agilidade na edição da Medida Provisória que cria o Fundo de Aval Solidário (FAS) e disse que implantação dessa ferramenta não pode se arrastar mais.

O deputado Jerônimo Goergen aguarda pela definição de uma agenda com a ministra da Agricultura, Tereza Cristina, e representante dos bancos. O encontro ficou encaminhado durante a audiência pública realizada pela Comissão de Agricultura e seria realizada na próxima semana.

3 Comentários

  • Avisei esses politicos que vem agora a publico lavar as mãos que esse Fundo de Aval Solidário não ia funcionar e o que precisamos é uma securitização tesouro direto e a correção das assimetrias do Mercosul… Seguiram nessa idéia sem futuro! Mas o mais culpado é o governo que se virou contra nós em questões como o endividamento, Mercosul, Lei Kandir e Funrural… Diferente de outros setores do agronegócio, o arroz e o leite estão fálidos, descapitalizados e sem esperança… Então só tem uma solução plausível já que o governo não pode fazer nada porque alega riscos com a Lei de Responsabilidade Fiscal… Não plantar arroz ou reduzir!!! Plantar soja, qualquer outra coisa!!! O que não pode é plantar sonhando que alguma coisa ou um milagre virá daqui prá frente… Não vai… virão boletos e mais boletos!!! Dívidas… A politica é arte de empurrar com a barriga os problemas através de promessas!!! Não plantem arroz porque vai dar merda… Pode o arroz ir prá 60 reais agora em outubro que cai a 40 em fevereiro. O pessoal tem que ter planejamento, mas consciência também… Avisei lá em fevereiro que é tudo conversa fiada, politicagem barata, mandei esperar sentado!!! A unica coisa boa que o governo e a ministra fizeram até agora foi achar possíveis importadores e nada mais… É muito pouco pelas promessas de campanha!!! Pelas inúmeras reuniões e audiências com o Paulo Guedes… Tudo muito lento… O setor do arroz não tem mais forças para seguir acreditando!!! Paciente terminal… Se preparem para desabastecimento ano que vem !!!

  • Não acredito em desabastecimento. Já estamos a décadas com preços baixos, e a produção só aumenta. As dívidas existem, na maioria dos casos, por falta de planejamento dos produtores. Se não sabem nem planejar gastos, nunca irão entender que só redução de área plantada, seria a forma de sair do atoleiro.area menor dá menos trabalho, menos despesas e ainda pode elevar a produtividade, tendo algum lucro no final, mas principalmente iria contribuir para melhorar preços.
    E a dívida é melhor renegociar do que aumentar.

  • Agora já está bem claro, o governo Federal pouco ou nada fará, pois nem as prorrogações das parcelas vigentes foram oficializadas, quem não pagou esperando as prorrogações já se encontra inadimplente.
    É cada um por si e Deus por todos, é inegável que uma redução muito expressiva ocorrerá, simplesmente pela falta de recursos para o custeio, e o desestímulo do produtor que já não aguenta mais plantar e vender a preços ofensivos e humilhantes acumulado dívidas ano após ano!!!
    Os governos Federal e Estadual não abrem mão de nada em prol do setor arrozeiro, não valorizam a importância da produção primária na segurança alimentar da população…..mas com certeza a conta virá, e como sempre será arcada pelo povo que não soube escolher há décadas seus representantes.!!!

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