Arroz foca em tecnologia para superar safras menores

Abertura Oficial da Colheita do Arroz deve focar em soluções para baixar os altos custos de produção.

Dificuldades na comercialização, busca de novos mercados, altos custos de produção como energia elétrica, arrendamento e mão-de-obra, falta de diversificação de cultura, burocracia no acesso ao crédito. Esses são alguns dos fatores que levam a uma redução na produção de arroz nas últimas safras. De acordo com a Conab a safra 2017/2018 teve uma redução de 5,5% na produção nacional, com 225,6 milhões de toneladas.

No Rio Grande do Sul, que reponde por 70% da produção do cereal no país, as colheitas vem sendo menores a cada ano mas o motivo principal é a redução da área plantada. Na safra 2017/2018 a área foi de 1,034 milhões de hectares. Na safra 2018/2019 foram cerca de 1 milhão de hectares e nesta a projeção é de 940 mil hectares. A produção deve girar em torno de 7,1 milhões de toneladas também influenciada pelo clima. No começo do plantio o excesso de chuva gerou atrasos e também houve impacto com a estiagem do começo deste ano.

Soja já é realidade

A área de soja avança sobre a lavoura arrozeira. Na Metade Sul gaúcha já são 330 mil hectares com a oleaginosa. O Instituto Rio Grandense do Arroz (Irga) aponta que a soja e o arroz podem caminhar juntos para baratear os custos da lavouras em até 15%, com aproveitamento de nutrientes e facilidade no preparo de solo. Por se tratarem de culturas diferentes ainda atuam no combate às pragas e doenças e na fertilidade do solo. “Queremos estabilizar a soja para que ande sozinha sem depender do arroz e que também seja sustentável.

A soja pode complementar a renda da orizicultura e motivar o produtor com custos menores de implantação da lavoura”, destaca André Matos, coordenador do Irga Zona Sul. Outro desafio discutido pelas entidades é a necessidade de aumentar o potencial produtivo da soja. Hoje a média na região Sul gira em torno de 40 sacas por hectares, o que acaba não compensando o custo para o avanço de área.

O presidente da Federação das Associações de Arrozeiros do Rio Grande do Sul (Federarroz), Alexandre Velho, deixa claro que a intenção não é substituir o arroz pela soja. A ideia é rentabilizar as duas culturas para diminuir o impacto do custo. “Buscaremos soluções para isso junto à instituições de pesquisa. Precisamos focar em conhecer o que a soja pode oferecer para nosso orizicultor em renda e produtividade, mantendo a nossa marca de uma lavoura sustentável”, completa. 

Pesquisa, tecnologia e alternativas

Diante do desafio de buscar competividade e alcançar novos mercados foi projetada a 30ª Abertura Oficial da Colheita do Arroz. O evento acontece de 12 a 14 de fevereiro, na Estação Terras Baixas da Embrapa Clima Temperado, em Capão do Leão (RS), e terá muitas novidades para os 7 mil visitantes que devem passar pelo local.

A irrigação por pivô central é uma delas. O equipamento gigante já ocupa uma das lavouras de demonstração e técnicos vão mostrar na prática como a tecnologia pode ser usada na orizicultura e na sojicultura. Atualmente a área irrigada por pivô no Rio Grande do Sul é baixa; apenas 10 mil hectares. Outra atração é uma área que mostrará os benefícios da Integração Lavoura Pecuária (ILP) para a atividade.

Com foco em melhoramento genético de grão e potencial produtivo também devem ser apresentadas novas cultivares de arroz. Só a Embrapa vai lançar cinco. Os materiais vem para auxiliar no manejo e problemas de acamamento, além de um aplicativo para controlar os estágios de desenvolvimento da planta e a presença de pesquisadores do Uruguai e Estados Unidos. “Desenvolvemos as tecnologias e contamos com as entidades para transferir esse conhecimento para o setor produtivo”, diz Roberto Pedroso, chefe geral da Embrapa Clima Temperado.

O número de expositores superou a expectativa. Serão 70 empresas que vão oferecer 34 vitrines tecnológicas. “A abertura da colheita também é momento de troca de conhecimento e motivação para nosso produtor. A programação foi pensada para abranger desde a sustentabilidade e cuidados com a semente até o encontro de autoridades que vão receber nossas demandas”, finaliza Velho.

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