Dá pra esperar preços maiores em 2020
O cenário diz que sim,
mas dizia o mesmo
na safra passada.
O mercado brasileiro do arroz deverá reagir e apresentar médias de preços melhores na próxima temporada. A opinião tem sido unânime entre os produtores, baseados na nova redução da área plantada no Sul do Brasil. Entre os analistas, a tendência é confirmada, mas com ressalvas. Antônio da Luz, economista-chefe da Federação da Agricultura e Pecuária do Rio Grande do Sul (Farsul), considera que a conjuntura aponta para preços melhores, mas em se falando de arroz e de cenários econômicos, nem sempre as tendências se confirmam. “Um conjunto de variáveis pode interferir na formação de preços mesmo que tenhamos algumas convicções”, diz.
Para Luz, alguns fatores são claros e outros obscuros para projetar o futuro dos preços. “O Brasil exportou mais do que importou no ano passado e produziu menos, portanto, reduziu a oferta. Por mais que tenha caído o consumo, a produção caiu também. O problema é que ninguém sabe o tamanho desse estoque ou quanto caiu, apenas que a disponibilidade é menor e reduzirá mais”, resume.
“É verdade que o país importa mais agora do que no ano passado, mas os volumes são irrisórios diante da dimensão do mercado”, acrescenta. Antônio da Luz relata que na última colheita, a redução da oferta foi equivalente a 40 dias de consumo e o aumento das importações representa apenas cinco dias. Ele acredita que este cenário, somado à redução de área da safra 2019/20, assegura menor oferta, que, embora não preocupe em termos de abastecimento, traz uma possibilidade de recuperar preços ao nível do produtor que não existiram nos últimos 10 anos.
Ainda de acordo com o economista da Farsul, não deve ocorrer alteração substancial no nível de preços ao consumidor, uma vez que o mercado se autorregula e não há muito espaço para majorações no varejo. “Com uma taxa cambial nos níveis atuais, não haverá desequilíbrio nas importações”, observa.
FIQUE DE OLHO
A presidente da Associação de Arrozeiros de Alegrete, Fátima Marchezan, não acredita em uma alta mais significativa nos preços do arroz até o final do ano. Para ela, os vencimentos de custeio e de prorrogações entre outubro e dezembro pressionam o produtor. Na sua região, a Fronteira Oeste, os preços médios do arroz permanecem entre R$ 44,00 e R$ 46,00 no segundo semestre. Ela lembra que o final do ano também coincide com operações de plantio, fertilização e irrigação das lavouras, o que pode forçar a oferta de arroz por parte dos produtores. Mas ela acredita em preços menores na próxima temporada. Dependendo da dimensão da próxima safra, talvez até antes.