O arroz com feijão de cada dia está menos presente na mesa

 O arroz com feijão de cada dia está menos presente na mesa

Em 15 anos, consumo anual de feijão, por exemplo, caiu pela metade. Consumo de ovo disparou

O arroz ainda contribui com 15,6% das calorias totais adquiridas pela família brasileira e o feijão com 4,3%.

 Tradicional prato da mesa do brasileiro, o arroz com feijão tem perdido espaço nos últimos anos, de acordo com análise da Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF), divulgada nesta sexta-feira (3) pelo IBGE. O caso do feijão é mais significativo: em um período de 15 anos, a média per capita anual de consumo caiu de 12,4 quilos (2002/2003) para 5,9 quilos (2017/2018), queda de 52%.

Com o arroz, a redução foi um pouco menor, de 37%. Passou de 31,6 quilos para 19,8 quilos ao ano.

Para José Mauro de Freitas, analista da POF, a diminuição do consumo desses dois itens pode ter várias causas, como o crescimento da alimentação fora de casa e a mudança de hábito alimentar. “Questões econômicas, como a variação de preços e da renda, também são importantes e devem ser consideradas.”

Calorias

Mas a dupla segue muito presente na alimentação do dia a dia, observa o analista. “É importante também notar que tanto o arroz quanto o feijão ainda contribuem significativamente na composição das calorias disponíveis dos produtos in natura adquiridos pelas famílias brasileiras. Até mesmo quando consideramos as calorias totais. O arroz, por exemplo, contribui com 15,6% e o feijão com 4,3%.”

Outros produtos também tiveram queda expressiva no mesmo período. O consumo médio de farinha de mandioca, por exemplo, caiu 70%, enquanto o de farinha de trigo diminuiu 56%. O consumo de leite se reduziu em 42%.

Por outro lado, alguns produtos tiveram aumento. Caso dos ovos, cujo consumo per capita cresceu 94% em 15 anos. Alimentos preparados e misturas industriais registraram alta de 56% e as bebidas alcoólicas, de 19%.

Proteína animal

No caso do ovo, o analista do IBGE aponta uma mudança de percepção sobre o produto, que antes era visto com mais ressalva. “Se isso era científico ou não é uma outra discussão. O fato é que, de lá para cá, o ovo, pelo menos, publicamente, deixou de ser um alimento a ser evitado. Por uma outra perspectiva, os ovos são uma fonte comum de substituição de proteína animal quando os preços das carnes aumentam”, comenta.

A pesquisa do IBGE também aponta diferença entre o consumo por classe social e áreas (urbana e rural). Nas faixas de menor rendimento, os únicos produtos que mostram crescimento foram cereais, leguminosas, farinhas, massas e pescados. Já as de maior renda mostra consumo bem acima de média de laticínios, hortaliças, bebidas e infusões, frutas, alimentos preparados e misturas industriais.

A região Sul se destaca com o consumo de laticínios, frutas, hortaliças e carnes. Esse item também é bastante presente no Centro-Oeste, assim como cereais e leguminosas. O Norte consome mais pescados, aves e ovos, farinhas, massas, cocos, castanhas e nozes. E o Sudeste mostra consumo acima da média de laticínios, hortaliças, panificados, alimentos preparados e misturas industriais. Por fim, no Nordeste, destaque para bebidas e infusões, cereais e leguminosas – e o consumo de carne é aproximadamente 10% menor que a média nacional.

No campo e na cidade

Na área rural, a aquisição de cereais e leguminosas (40,3 quilos) fica 45% maior que a média. Além desses itens, também é maior o consumo de farinhas, massas, aves e ovos, açúcares, doces e produtos de confeitaria. Em áreas urbanas, cresce o consumo de bebidas e infusões e panificados. O consumo de frutas é 5% maior que a média nacional em regiões urbanas (27,7 quilos) e 28% menor nas áreas rurais (19 quilos).

Em outro aspecto da pesquisa, o IBGE mostra que os alimentos in natura ou minimamente processados, além dos feitos em domicílios, estão perdendo espaço para a comida processada e ultraprocessada. Esse último item, por exemplo, subiu de 12,6% para 18,4% das calorias totais.

Já os alimentos in natura ou minimamente processados representavam 53,5% das calorias em 2002/2003. Ainda têm bastante peso, mas passaram a 49,5%. 

1 Comentário

  • Percebeu-se agora na quarentena !!! Sobrou arroz e feijão nos mercados ??? A correria atrás do arroz era porque estão comendo menos ??? Poupem os meus ouvidos com esse tipo de matéria !!! Mas serve para uma coisa!!! Plantem menos pessoal porque depois da pandemia pode ser que o pessoal não queira mais comer arroz com feijão… Arroz é alimento rico e saudável… Barato !!! Muito barato pelo custo e trabalho que dá para produzir…

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