Chuva no inverno ainda é insuficiente para recuperar reservatórios
Para junho e julho, as frentes frias mais frequentes e ativas mantêm a chuva acima da média sobre boa parte do Estado.
Após muita ameaça, o oceano Pacífico finalmente entrou em seu período frio. Dependendo da simulação usada, pode-se chegar à conclusão de que a intensidade e duração da temperatura abaixo da média dará origem a um fenômeno La Niña ou que haverá, sim, um período frio no Pacífico, mas que ele não será duradouro e intenso suficiente para formação de um La Niña.
Cada simulação tem uma metodologia diferente, mas o que chama atenção é a temperatura no oceano Pacífico profundo. Embora exista água fria em profundidade, algo que manterá a temperatura da superfície mais baixa que o normal, na porção oeste do Pacífico profundo não são vistas grandes massas de água fria que poderiam manter o resfriamento por tempo suficiente para nomear o fenômeno como La Niña.
Mas, independentemente da formação ou não do fenômeno, o fato é que a atmosfera sentirá a queda da temperatura do maior oceano do globo e trará um padrão climático próximo de um La Niña.
Temperatura
Apesar de um início de mês com temperaturas baixas, as ondas de frio já não chegarão com a mesma frequência no decorrer de junho e, por isso, esperam-se temperaturas acima da média. Em julho, as ondas de frio se intensificam. Já em agosto, apesar de frentes frias chuvosas mais fracas, as ondas de frio avançam, gerando geadas mais amplas. Por fim, na primavera há maior chance de temperatura acima da média no Rio Grande do Sul.
Precipitação
Maio foi caracterizado pelo retorno das precipitações para o RS, após um início de ano marcado pela estiagem e pelos decretos de situação de emergência. Foi o melhor mês de chuva desde outubro do ano passado sobre o estado gaúcho, com a passagem de frentes frias mais frequentes. A maior parte das cidades conseguiu alcançar a média ou até ultrapassá-la. No entanto, as precipitações não foram suficientes para reverter o déficit hídrico.
Até o fechamento, 400 cidades estavam com situação de emergência decretada. A cidade que mais choveu, segundo dados do INMET até 28 de maio foi Quaraí, com 249mm (87% acima do normal). Já a cidade que menos choveu foi Torres, com 44mm (38% do normal). O frio também foi o destaque deste mês com pelo menos três quedas acentuadas da temperatura e registro de algumas geadas.
Para junho e julho, as frentes frias mais frequentes e ativas mantêm a chuva acima da média sobre boa parte do Estado. Trata-se de uma situação que a precipitação chega, mas ainda não ajuda no aumento do nível de reservatórios ao longo da estação. A tendência é de chuva cada vez mais fraca à medida em que se avança no tempo, o que seria natural, já que a temperatura do Pacífico declina cada vez mais até agosto. Neste mês, as simulações mais otimistas indicam chuva acima da média apenas no sul e leste do Rio Grande do Sul, ou seja, somente nas áreas mais próximas da costa.
Na maior parte do interior gaúcho, a chuva fica dentro da média e o norte terá um agosto com precipitação inferior a média. Na primavera, entre setembro e novembro, a simulação probabilística da Universidade de Colúmbia (IRI) indica maior chance de chuva inferior à média. Mas, isto não garante chuva bem distribuída nos três meses. A tendência é de que a precipitação aconteça em áreas diferentes da Região Sul neste período.