Exportação paraguaia, via trem até a Argentina, foi superdimensionada
Zub: 20 contêineres e ainda em negociação
Dirigentes setoriais explicam que anúncio dos 200 contêineres foi político, sem participação direta do setor.
O anúncio de que o Paraguai estaria preparando ainda para agosto uma exportação de quatro a cinco mil toneladas de arroz em 200 contêineres, que seriam transportados por trem entre Itapúa e o porto de Zárate, na Argentina, foi “superdimensionado”, conforme as entidades arrozeiras locais.
Guillermo Zub, dirigente da Câmara Paraguaia das Indústrias do Arroz (Caparroz) assegurou que trata-se de um anúncio político. A medida foi anunciada com estardalhaço por intendentes e representantes das empresas de carga no lado argentino, enfatizando a retomada de uma rota que há pelo menos 12 anos não opera com cargas.
“A notícia é política, pois os políticos querem manchete com o embarque de apenas 20 contêineres que possivelmente serão concretizados, mas ainda não é um negócio firmado, apenas em tratativas”, explicou Zub.
Um operador de transportes paraguaio também confirmou que o anúncio do lado argentino foi precipitado e maior do que deveria. “Ainda que seja uma alternativa diante dos obstáculos da seca que afetava a hidrovia do Paraná, o alto custo dos transbordos e da intermodalidade torna essa operação custosa e de baixa viabilidade econômica”, observou.
“Se fosse vantajoso, o modelo não teria sido abandonado há mais de uma década”, acrescentou o transportador. Se viabilizada, a operação deve somar perto de 400 toneladas, 10% do volume inicialmente anunciado.
Esta semana um acordo entre Brasil, Argentina e Paraguai com relação ao fluxo das comportas de Itaipú, permitiu o deslocamento pea hidrovia do Paraná de 115 mil toneladas de soja.
Ainda assim, seguem os problemas de escoamento pelo rio Paraná, e os exportadores paraguaios estão comemorando os bons preços de comercialização das últimas semanas e a retomada da demanda do Brasil, para onde enviam arroz por caminhão.
Atualmente, as cotações de arroz beneficiado no Paraguai estão entre US$ 470,00 a US$ 490,00 por tonelada na planta, isto é, as empresas brasileiras precisam pagar o frete e retirar no local de processamento o arroz que compram. A demanda se fortaleceu a partir de julho, números que devem ser confirmados no relatório de setembro do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior.
Os exportadores paraguaios também confirmaram a venda de um navio de arroz para o Brasil, cujo volume estava retido em porto do Uruguai esperando destino.
Algumas regiões paraguaias iniciaram o plantio na primeira semana de agosto, com uma vantagem de 30 a 60 dias de ciclo para o Brasil, o que poderá garantir preços favoráveis de exportação também no pico da entressafra brasileira. Uma segunda onda de frio, no entanto, preocupa os produtores, pois pode alongar o ciclo da cultura em até 15 dias.