Conab projeta aumento de 12% na área e 7% na produção de arroz para 2020/21

 Conab projeta aumento de 12% na área e 7% na produção de arroz para 2020/21

Nova colheita vai beirar 12 milhões de toneladas

Ministra Tereza Cristina e Conab apresentam as perspectivas da orizicultura para 2020/21 com a já prevista elevação de área e produção e o maior estoque de passagem dos últimos seis anos em fevereiro de 2022.

 A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) e o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) apresentaram na manhã desta terça-feira as perspectivas para a safra agrícola 2020/21, com base em levantamentos e modelos estatísticos. Para o arroz, as perspectivas confirmam a tendência que já era apontada pela própria cadeia produtiva, de aumento de área e produção. Os dados da Conab apontam para um incremento de 12,1% em área, passando de 1,666 milhão para 1,867 milhão de hectares, com avanço de 201 mil hectares.

Já a produção deve subir 7,2%, de 11,18 milhões de toneladas para 11,98 milhões de toneladas, com uma evolução de 800 mil toneladas, levando em conta uma retração de 4,3% na produtividade, de 6,71 mil quilos por hectare para 6,42 mil quilos. No entanto, deve-se observar que exceto na safra passada, que foi um ano de clima neutro, as maiores produtividades das lavouras do Sul do Brasil aconteceram mediante La Niña, fenômeno climático que está com 60% de chances de ocorrer a partir da primavera.

A expectativa, dentro de um cenário econômico neutro, é de que o preço para a entrada da safra seja de R$ 56,84 por saca em março de 2021. E que o Brasil tenha um superávit de 500 mil toneladas na balança comercial, importando 900 mil toneladas e exportando 1,4 milhões de toneladas.

Após seguidas quedas no consumo, projeta-se recuperação do consumo, como resultado do menor volume de refeições fora do domicílio e menor renda disponível. A Conab ainda acredita que a balança comercial permanecerá superavitária em 500 mil toneladas. O estoque final de passagem da temporada 2020/21, tem uma recuperação prevista de para 816,6 mil toneladas, portanto, o maior estoque de passagem dos últimos seis anos.

A boa notícia é de que apesar do aumento da oferta, o consumo – que já aumentou 5% em 2020, para 10,8 milhões de toneladas – deverá crescer mais 3%, para perto de 11,2 milhões de toneladas no país, voltando aos patamares de 2017/18. As perspectivas da nova safra de arroz foram apresentadas por Sérgio Roberto Santos Júnior, gerente de Inteligência, Análises Econômicas e Projetos Especiais da Conab.

MUNDO

A Conab também divulgou a expectativa de crescimento de área e produção mundial, com destaque para os Estados Unidos, que devem ter uma área 16% maior e com 2% de evolução da produtividade na colheita em andamento. A Índia também deve ter safra recorde em função do aumento de área e uma boa temporada de chuvas.

MINISTRA

A ministra Tereza Cristina Dias, da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, anunciou que a safra brasileira de grãos deve alcançar 8% de aumento na temporada 2020/21, alcançando novo recorde, em 278,7 milhões de toneladas. Segundo ela, a agropecuária brasileira está produzindo como nunca. “Os investimentos em tecnologia são rapidamente absorvidos pelos produtores rurais em suas atividades, e o resultado é a produção alimentos para todos. O Brasil continua sendo o grande supridor de alimentos do mundo e governo fazendo o possível para ampliar recursos financeiros, facilitar o acesso à novos produtos, principalmente na linha de bioinsumos, diminuir entraves burocráticos e disponibilizar informações de qualidade para todo o setor agropecuário”, afirmou.

Segundo ela, o trabalho de inteligência da Conab, que gerou as perspectivas de mais uma safra brasileira recorde, objetivam que o governo possa antecipar as ocorrências de cada setor e do conjunto do agronegócio brasileiro, para que este segmento se mantenha forte e capaz de superar os seus desafios.

PREÇOS DO ARROZ

Sobre o arroz, a ministra lembrou que as notícias são importantes, pois o produto está diariamente no prato dos brasileiros, em especial nesta fase em que as famílias estão mais em casa, realizando suas refeições, o que gerou um aumento do consumo. “Ficamos contentes com esta resposta do setor produtivo”, assegurou. Ela também frisou saber “que arroz está caro para o brasileiro neste momento, mas estamos trabalhando para que este preço retorne ao seu equilíbrio”, sem entrar em maiores detalhes sobre as medidas a serem adotadas neste sentido.

Uma reunião da Câmara Setorial, deverá debater o pedido da indústria, tradings e varejo pela suspensão da Tarifa Externa Comum (TEC) de 12% incidente sobre as importações de arroz de países de fora do Mercosul até fevereiro. A meta seria a compra de 200 mil a 300 mil toneladas do grão, em especial dos Estados Unidos, entre setembro e fevereiro.

DECISÕES ERRADAS

Sérgio De Zen, diretor de Política Agrícola e Informações da Conab falou sobre a disparada dos preços do arroz em casca e a pressão altista que chega ao consumidor. “Alguns movimentos dentro dos preços agrícolas apavoram. Por exemplo, todo mundo fala que os preços do arroz estão disparando. A preocupação não é com o preço do arroz agora, ele vai subir e em determinado momento vai regredir, porque é um fator de mercado. É preciso perceber que se tomarmos decisões erradas hoje, com expectativa de aumento de área, podemos ter no ano que vem um cenário diferente. Plantaremos mais e com custo maior por causa do câmbio, colheremos mais e aumentaremos a oferta, que é um fator que reduz preço. Com isso, sob a expectativa de um dólar um pouco menor na relação reais por dólar, poderemos ter um cenário mais difícil de comercialização” enfatizou.

Para De Zen, o feijão e o arroz “são produtos cujo impacto sobre a inflação ou sobre atividade econômica são relativamente pequenos, mas do ponto de vista da mesa e da dieta do brasileiro, são extremamente importantes”, pontuou.

SETOR APREENSIVO

O engenheiro-agrônomo Tiago Sarmento Barata, diretor-executivo do Sindicato da Indústria do Arroz do Rio Grande do Sul (Sindarroz/RS) foi o convidado do MAPA para analisar os números da nova safra. Segundo ele, 2020 é um ano marcado pela consolidação de um novo perfil produtivo para o setor arrozeiro, com redução de 170 mil hectares em duas temporadas e com a permanência nos negócios de produtores com maior capacidade de gestão e que investem em culturas alternativas, o que gera um portfólio mais amplo para gerir a oferta.

“Também foi um ano marcado pela consolidação do Brasil no mercado internacional do arroz, mesmo que com forte interferência do câmbio, mas também porque nosso arroz está entre os principais do mundo em qualidade e porque adquirimos um know how na área por iniciativas como o projeto Brazilian Rice da Abiarroz e Apex-Brasil”, acrescentou.

No mercado interno ele observou que a pressão altista já era esperada por uma oferta menor, mas que acabou sendo impulsionada pelo aumento do consumo causado pela pandemia do Covid-19.

No entanto, enfatizou que o setor está apreensivo com a valorização do arroz em casca que chega a 93% no ano e a 25% apenas em agosto.

“Não é um movimento natural, que está sendo absorvido pela cadeia produtiva. Isso trará consequências como a inversão da balança comercial no restante do ano e a supervalorização acaba mascarando os problemas que os produtores enfrentaram nas últimas temporadas, induzindo a um aumento exagerado da área cultivada e da produção. A consequência é que de que o aumento de preços também possa gerar um impacto negativo no consumo, justamente quando conquistamos uma maior parcela de consumidores depois de muitos anos de queda".

Para ele, nos mercados internacional e doméstico tendemos a perder espaço daqui pra frente, seja em função do menor poder aquisitivo da população, seja pela perda de competitividade frente a outros países produtores.

 

1 Comentário

  • Tem que chover 5 x 12% para plantar a área do ano plantado! Baita chute.

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