Despensa enxuta
Consumo de arroz cai
40% nos domicílios
brasileiros, diz IBGE
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Base da alimentação no país, a presença da dobradinha arroz e feijão nas refeições domiciliares brasileiras caiu significativamente entre 2002/03 e 2017/18, confirmando uma tendência há muito apontada pela cadeia produtiva. É o que mostra a análise histórica do módulo Avaliação Nutricional da Disponibilidade Domiciliar de Alimentos da Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF) 2017/2018, divulgada na primeira semana de abril pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Em 15 anos, a quantidade média per capita anual de consumo de arroz nas casas brasileiras caiu 37%, de 31,578 quilos para 19,763kg. Já a quantidade de feijão reduziu 52%, variando de 12,394 kg, na edição 2002/2003 da pesquisa, para 5,908 kg em 2017/2018. Para José Mauro de Freitas, do IBGE, analista da pesquisa, a redução na aquisição desses dois grãos é significativa e pode ter múltiplas causas, como o aumento da importância da alimentação fora de casa e as mudanças de hábitos alimentares. “Questões econômicas como a variação de preços e da renda também devem ser consideradas”, observa.
Ainda que o menor consumo domiciliar seja evidente, Freitas chama atenção para a relevância que os produtos têm na mesa brasileira. “Tanto o arroz quanto o feijão ainda contribuem significativamente na composição das calorias disponíveis dos produtos in natura adquiridos pelas famílias brasileiras. Até mesmo quando consideramos as calorias totais. O arroz, por exemplo, contribui com 15,6% e o feijão com 4,3%”, explica.
Entre 2002/03 e 2008/09, o consumo de arroz caiu 16% nesta modalidade, de 31,6 para 26,5 quilos, ou 5,1 quilos per capita por ano. Já desde a pesquisa anterior até a realizada entre 2017/18, o recuo foi de 25,4%, ou 6,74 quilos/habitante/ano. No caso do feijão também a queda foi acentuada, diminuindo de 12,39 quilos por ano para 9,12kg, ou 26,4%. Já entre 2008/09 até 2017/18 foi registrada a retração de 35,27%, de 9,12 para 5,91 quilos por habitante ao ano nos lares nacionais.
A expectativa, após a pandemia da covid-19 é de que a antecipação das aquisições e a acumulação de pânico gerem um pequeno avanço no consumo em 2020, mas os analistas discordam sobre esse ponto. Há aqueles que apostam numa retração de consumo gerada pela crise econômica em função de um número expressivo de demissões.