Sem umidade no solo, plantio da soja avança devagar no RS

 Sem umidade no solo, plantio da soja avança devagar no RS

Semeadura prossegue no RS (Foto: Divulgação/AGCO)

(Por Emater-RS/Ascar) Em virtude da falta de umidade do solo, os produtores não avançam com o plantio de soja no Estado. Estima-se que 76% das lavouras encontrem-se em germinação, 22% em floração e que em 2% delas inicie o enchimento de grãos.

Em virtude da ausência de umidade nos solos da Fronteira Oeste do RS, regional administrativa da Emater/RS-Ascar de Bagé, o plantio ainda não foi concluído em cerca de 5% da área planejada para a cultura. A insuficiência de chuvas afeta as lavouras e traz prejuízos, com o enrolamento de folhas, plantas com baixo porte e sintomas de murcha. As
lavouras implantadas em final de outubro estão em florescimento, e a falta de umidade provoca o abortamento de flores. As áreas implantadas em final de novembro estão com desenvolvimento ainda regular; no entanto, necessitam urgentemente de umidade para não reduzir ainda mais o potencial produtivo. Nas semeadas em dezembro, há morte de plantas pela queima dos cotilédones.

Na Campanha, as lavouras de cultivares de ciclo precoce implantadas na segunda quinzena de outubro e as implantadas em novembro estão em fase inicial de formação das vagens e em fase de florescimento pleno, respectivamente. Há apreensão pelo baixo volume de chuvas e o forte calor, que podem resultar em perda de folhas e flores. As cultivares de ciclo médio ainda estão em fase de desenvolvimento vegetativo, na qual há maior tolerância ao estresse.

Entretanto, com a falta de umidade no solo, as plantas apresentam menor crescimento, com fechamento apenas parcial das entrelinhas nas lavouras mais adiantadas, situação que mantém grande perda de umidade devido à incidência da radiação solar e do vento sobre os solos. Foi realizada a aplicação de herbicidas para manejo de ervas daninhas.

Alguns produtores aplicaram preventivamente inseticidas e fungicidas; contudo, recomenda-se o monitoramento constante das lavouras, especialmente considerando-se a condição de clima seco, que desfavorece o estabelecimento de doenças fúngicas e a presença em nível significativo de lagartas e percevejos.

Na regional de Caxias do Sul, ainda há áreas não semeadas por conta da falta de umidade no solo e das incertezas quanto às chuvas e à germinação das sementes. Apesar de algumas áreas terem apresentado falhas na germinação, o panorama da região é de lavouras bem estabelecidas, porém apresentando desenvolvimento lento devido ao déficit hídrico.

Caso tal condição persista, o potencial produtivo da soja poderá ter redução. Na de Erechim, o plantio da soja alcança 97% da área. Com 80% em desenvolvimento vegetativo e 20% em floração, a cultura vem sentindo o estresse hídrico e apresentando perdas em virtude da mortandade e do não crescimento das plantas. Os produtores esperam o retorno das chuvas para efetuar os tratamentos fúngicos e o manejo de pragas. Na de Frederico Westphalen, o clima se caracterizou por mais uma semana sem chuvas e com temperaturas elevadas, quadro que dificulta a finalização do plantio e está comprometendo o desenvolvimento da cultura. Os agricultores retardaram o manejo de plantas invasoras aguardando uma melhoria nas condições climáticas.

Na de Lajeado, as plantas estão com porte bastante reduzido, embora já esteja bem próximo o período reprodutivo. Em algumas áreas, a densidade de plantas encontra-se abaixo do recomendado devido a problemas na germinação por morte de plântulas em virtude das altas temperaturas e da baixa umidade do solo.

Na de Passo Fundo, o plantio foi interrompido, mantendo-se o percentual de 98% da área implantada. Com 100% em desenvolvimento vegetativo, a cultura apresenta-se bastante prejudicada pelo déficit hídrico.

Na de Pelotas, o plantio da soja foi concluído na maioria dos municípios, restando poucas áreas nas quais o plantio foi suspenso ou áreas em replantio onde ocorreram problemas de emergência. As lavouras estão sem problemas fitossanitários relevantes, e são realizados os tratamentos fungicidas preventivos. Os produtores seguem bastante preocupados com os prognósticos de baixas precipitações futuras.

Na de Santa Rosa, praticamente não evoluiu a área plantada na região em dezembro devido à falta de chuva e de umidade no solo. Assim, atualmente a área semeada segue com 93%. A área restante deverá ficar para ser plantada em final de janeiro, desde que ocorram chuvas durante o mês, principalmente nas áreas de resteva do milho safra. Das lavouras já plantadas, em torno de 82% estão na fase de desenvolvimento vegetativo, 17% na fase de inicial de floração e 1% delas entra em enchimento do grão.

A alta isolação, as elevadas temperaturas, a falta de chuva e de umidade do solo em dezembro e início de janeiro vêm prejudicando as lavouras e dificultando o crescimento das plantas, sendo observados o encurtamento dos entrenós e o tamanho reduzido das folhas. Tais sinais na cultura consolidam perdas até o momento, que podem ser ampliadas caso não ocorram chuvas nos próximos dias.

Por outro lado, se houver boas chuvas em janeiro e fevereiro, há a possibilidade de as lavouras se recuperarem, uma vez que a maioria das variedades de soja semeadas têm por característica o crescimento indeterminado, ou seja, mesmo com floração e em início de formação da vagem, continuariam emitindo novos ramos e brotos e ampliando o tamanho da planta para repor a carga de vagens e grãos.

Por conta dessa condição, são determinantes a volta das chuvas de bons volumes em janeiro e a manutenção regular dos volumes precipitados em fevereiro. Além disso, a baixa umidade do ar traz dificuldades para controle de plantas daninhas em pós-emergência e preocupa os produtores em relação à aplicação de fungicidas e inseticidas, uma vez que a baixa umidade relativa do ar dificulta a aplicação dos produtos. Os agricultores já identificaram ataque de tripes, ácaros e lagarta em severidade baixa.

Na regional da Emater/RS-Ascar de Soledade, embora o quadro atual das lavouras de soja seja de déficit hídrico generalizado, a soja cresceu e ganhou um pouco de estatura nas localidades que receberam melhores volumes das chuvas ocorridas com distribuição irregular nas últimas semanas – grande parte do baixo vale do Rio Pardo, parte do Centro-Serra e em menor extensão de área, no Alto da Serra do Botucaraí; ainda assim, os volumes precipitados continuam abaixo do normal para a época.

Já grande parte do Alto da Serra do Botucaraí e em parte de outras regiões, o longo período seco impossibilita a finalização da semeadura da soja e interrompe o crescimento de lavouras semeadas com alto grau de murcha de plantas, sintoma claro de solo com baixo teor de umidade. Com a ocorrência de chuva em 02/01 em locais com melhores acumulados, deverá haver registros de pequenos avanços na semeadura, e as lavouras semeadas vão retomando o desenvolvimento.

Comercialização (saca de 60 quilos)

O levantamento semanal de preços realizado pela Emater/RS-Ascar no Rio Grande do Sul indica que o preço médio da saca de soja apresentou variação de 0,75% em relação ao da semana anterior, passando de R$ 168,47 para R$ 169,73.

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