Cenário do mercado atual

O sétimo levantamento de safra, divulgado pela Conab no mês de abril de 2009, indica uma produção de 12.670.900 toneladas para o ciclo 2008/2009. Este montante equivale a um aumento de 5,06% (611 mil toneladas a mais) em relação à safra anterior, motivada princi-palmente por ganho de 3,1% (129 quilos/hectare) na produtividade nacional. A área plantada deve se manter praticamente a mesma, atingindo 2,9 mil hectares.

O levantamento constatou aumento de produção no Centro-oeste (12%) e no Sul (5,2%). Na primeira região o maior incremento foi constatado no estado do Mato Grosso (17,5%), no qual se verificou uma recomposição de 10% na área que havia sido perdida na safra passada.

Na Região Sul o crescimento da produção foi mais significativo no Rio Grande do Sul, onde se registrou uma elevação de 5,9%, obtida principalmente pelo avanço na produtividade, que passou de 6.902 quilos/hectare para 7.050 quilos/hectare. Em relação à safra passada a área plantada com arroz no Rio Grande do Sul teve acréscimo de 3,7%, totalizando 1,1 milhão de hectares. No Rio Grande do Sul a cultura se desenvolve em ritmo satisfatório, encontrando-se em estágio avançado de colheita, atingindo até o momento cerca de 70%. A expectativa é de que a produção gaúcha deverá ser da ordem de 7,8 milhões de toneladas, significando 5,9% superior em relação à temporada passada. Esse resultado positivo leva em conta fatores como a semeadura realizada na época adequada, melhor irrigação e adoção de alta tecnologia.

Na Região Sudeste o Espírito Santo foi o estado que apresentou maior decréscimo na produção (23,7%) em consequência da perda de 23,9% na área plantada, estimada em dois mil hectares na safra 2007/2008. A produtividade das lavouras deverá se manter no patamar alcançado na safra anterior, 2.926 quilos/hectare.

Comparativo de área, produtividade e produção Safras 2007/2008 e 2008/2009

Analisando o quadro de oferta e demanda nacional de arroz para o ciclo 2008/2009, conforme ilustrado, a produção brasileira é estimada em 12.670.900 toneladas e as importações em 950 mil toneladas base casca que se somadas ao estoque inicial de 1,1 milhão de toneladas resultam numa oferta total de 14,7 milhões de toneladas.

A demanda, por outro lado, totaliza 13,4 milhões de toneladas, resultado de exportações avaliadas em 500 mil toneladas e consumo em 12,9 mil toneladas. Dessa forma o estoque final foi calculado em 1,3 milhão de toneladas, com a relação estoque/consumo estimada em 8,7%, a menor das últimas três safras e suficiente para quase 32 dias de consumo. É importante ressaltar que as importações e exportações poderão sofrer ajustes em razão do comportamento dos preços nos mercados interno e externo.

Preços
O ano de 2008 se caracterizou pelas altas cotações no Brasil, que se mantiveram em níveis superiores ao preço mínimo desde o início do ano. As intervenções do Governo contribuíram para que não houvesse alta excessiva de preços. No Rio Grande do Sul, maior produtor brasileiro do produto, o ano comercial de 2008 iniciou com a saca do arroz sendo cotada a R$ 22,98/50 quilos. Ao longo desse período houve valorização no preço recebido pelo produtor, de modo que os preços atuais, praticados nas primeiras semanas de abril de 2009, estão cotados em R$ 27,77/50 quilos. No Mato Grosso o preço recebido pelo produtor no início do ano de 2008 era de R$ 26,11 e em abril de 2009 o preço estabilizou em R$ 30,50/60 quilos, uma valorização de 16,8%.

A oferta mais ajustada à demanda, com um volume de estoque de passagem bem menor, a liberação de recursos para operações de formação de estoques públicos já no momento da colheita e preços internacionais estáveis e elevados fazem crer que em 2009 os preços devem se estabelecer em patamares próximos daqueles observados em 2008.

Por muito tempo o Brasil foi considerado importador líquido de arroz, situação que vem se revertendo nos últimos anos. Nesta safra o país está caracterizado como exportador líquido, tendo a oportunidade de se consolidar vendendo produto de boa qualidade.

No ano comercial 2008/2009 os bons preços no mercado externo abriram a possibilidade de exportação. O país exportou com um volume recorde, 789,9 mil toneladas, sendo 60,8% de arroz beneficiado branco polido. A despeito de se esperar uma safra maior para este ano, é fundamental que os canais de comercialização conquistados nos últimos anos continuem sendo abastecidos, pois as exportações permitem escoar os excedentes, garantir vias alternativas de comercialização e gerar divisas para o país.

Com relação ao apoio à comercialização deste produto é importante ressaltar que a atuação do Governo Federal, por meio da Conab, tem sido eficiente em dois momentos, quais sejam, quando o produtor colhe sua safra e encontra o mercado sobreofertado e quando se ressente da falta de matéria-prima para movi-mentar o parque industrial.