Cenários da produção mundial

 Cenários da produção mundial

Autoria: Tiago Sarmento Barata
Msc em agronegócios.

O Departamento de Agri-cultura dos Estados Unidos divulgou em novembro, por meio do seu relatório de oferta e demanda, a projeção de aumento da produção mundial de arroz em 0,8% (equivalente a quatro milhões de toneladas, base beneficiado). Embora também esteja sendo projetada uma elevação no consumo mundial do cereal, o estoque final deve ter um incremento de 2,8%, atingindo 80,6 mil toneladas de arroz beneficiado. O volume estocado será o maior nos últimos cinco anos, mas ainda é considerado baixo, equivalente a 18,6% do consumo mundial ou o suficiente para abastecer a demanda do cereal por apenas 68 dias. Segundo a FAO, a recomendação para que seja garantida a segurança alimentar mundial é de um excedente de no mínimo 25% do consumo (108 milhões de toneladas de arroz beneficiado). O aumento da produção mundial de arroz se deve principalmente pelo incremento da safra na China, Paquistão, Índia e Indonésia.

Os preços do arroz no mercado internacional, que tinham apresentado forte valorização nos primeiros meses do ano, passam por um período de enfraquecimento, justificado principalmente pela entrada da safra do sudeste asiático, em conjunto com a retomada da oferta dos grandes exportadores que vinham restringindo as vendas. Embora a valorização do arroz entre março e maio tenha sido muito acima do que era esperado, o comportamento dos preços, de forma geral, não fugiu de um padrão histórico sazonal dos preços no mercado internacional, ou seja, elevação das cotações entre janeiro e maio e baixa entre junho e dezembro. Conforme pode ser observado no gráfico 2, o preço médio do arroz no mercado internacional (cotação média do cereal norte-americano, tailandês e vietnamita) nos últimos seis anos apresentou o patamar máximo no mês de maio (18% acima da cotação média ao longo do ano), assim como em 2008, que teve a cotação máxima em maio (38% acima da média do ano).

Embora a projeção do USDA seja de um comércio internacional menos aquecido em relação ao ano comercial anterior, a expectativa é de que os preços voltem a apresentar recuperação nos próximos meses, quando normalmente começam a ocorrer com maior força as aquisições governamentais na Tailândia e Vietnã, dois dos mais importantes players do mercado. Além disso é provável que alguns países exportadores, que haviam restringido as vendas no período de entressafra alegando estarem buscando proteger o mercado doméstico, repitam as ações restritivas. 

O ano de 2008 vem se confir-mando como o ano de consolidação da participação do arroz brasileiro no mercado internacional e deve exportar aproximadamente 6% da sua produção, superando as limitações logísticas e as dificuldades impostas pela falta de know-how na exportação deste cereal. Juntos, Argentina, Brasil e Uruguai já atraem com cada vez maior intensidade a atenção dos grandes players do mercado internacional de arroz e passam a ser a grande alternativa de abastecimento do cereal de alta qualidade, minimizando a dependência do sudeste asiático. 

Para o próximo ano, qualquer pro-jeção sobre o mercado internacional dependerá das conseqüências da atual crise na economia mundial. Uma possível redução do crédito no mercado poderá repercutir dire-tamente em um menor interesse ou capacidade de compra dos países importadores. Em contrapartida, a valorização da moeda norte-americana frente ao real torna o mercado externo mais atrativo para o arroz brasileiro.

Exportação consolidada

Em 2008 o Brasil consolidou a posição de exportador de arroz, entrando no seleto rol dos 10 maiores ofertantes do mercado mundial. De março a outubro foram exportadas 579,5 mil toneladas (base casca). Só em outubro são 116,9 mil toneladas, com destaque para 16 mil toneladas de parboilizado para a Nigéria, um dos maiores importadores mundiais.
Segundo o vice-presidente de mercados da Federarroz, Marco Aurélio Tavares, considerando de março a outubro de 2008, o Brasil exportou 83% da meta prevista de 700 mil toneladas. “Teremos exportado o equivalente a 10% da safra gaúcha”.
Segundo Tavares, em comparação com o ano anterior as exportações cresceram mais de 200% e o beneficiado representa 60% das vendas. O parboilizado se destaca em qualidade e preço diferenciados (40 a 50 dólares/tonelada).
O dirigente diz que a valorização dos preços no mercado mundial e a mudança do perfil do produto comercializado refletiram no valor da tonelada, de 182 dólares em 2007 para 434 dólares. “Agregou 140% de valor”, comemora.

 

 

 

Deixe um comentário

Postagens relacionadas

Receba nossa newsletter