O arroz em novo patamar

As alterações no terreno do sistema sulco-camalhão podem beneficiar o arroz

Em quase 10 anos de pesquisas e na terceira safra de utilização em grandes áreas, o Projeto Sulco demonstrou ser eficiente para o cultivo de soja, consolidou-se para o milho e mostra ser alternativa à produção de sorgo em terras baixas. Dois novos passos estão avaliados: a viabilidade do sistema na retomada do arroz, sob plantio direto, após soja e milho, e uso da estrutura para o cultivo de trigo durante o inverno.

Sob acompanhamento da Embrapa, há lavouras em Cachoeira do Sul, Capão do Leão, Dom Pedrito, Formigueiro, Jaguarão, Rio Grande e Santa Vitória do Palmar. “As fazendas que voltaram ao arroz após um ou dois ciclos de soja entaiparam as lavouras e plantaram buscando fazer plantio direto. O potencial produtivo é de 13 toneladas por hectare com arroz híbrido”, observou José Maria Barbat Parfitt, pesquisador da Embrapa. Segundo ele, pesquisas são desenvolvidas para que o arroz seja plantado sobre os camalhões na resteva da soja ou milho e com opção de irrigação intermitente. “Pode economizar água, mão de obra e o preparo”, explicou.

Nas primeiras experiências, em 2021, os produtores colheram média superior a nove toneladas/ha, mas sem o ajuste fino das técnicas. “Dá pra otimizar”, assegurou Parfitt. O sistema com sulco-camalhão será disponibilizado para produtores e técnicos na Abertura Oficial da Colheita do Arroz, em Capão do Leão, em fevereiro. “Teremos vitrines tecnológicas para quem quiser conhecer”, avisou o pesquisador.

Arroz com camalhão
A pesquisadora Walkyria Acivittaro coordena o projeto “Tecnologias para o cultivo de arroz irrigado por sulco em terras baixas do Rio Grande do Sul”. A proposta é usar a infraestrutura estabelecida para produzir soja ou milho no cultivo subsequente de arroz, enxugando custos. “Cultivar arroz em plantio direto sobre resteva de soja ou milho dispensa movimentação do solo no preparo, o que é positivo sob aspectos técnico, econômico e ambiental”, enfatizou a pesquisadora. A tecnologia dispensa a construção de taipas, necessárias para a irrigação por inundação do solo, resultando em economia de combustível, tempo e, principalmente, mão de obra.

AS FASES DO PROJETO
1. Suavização de várzeas
Este é o primeiro passo e a recomendação é que o processo (chamado de sistematização com declive variado) seja realizado, preferencialmente, no inverno.

2. Implantação dos sulcos e camalhões
Também deve ser antecipado ao plantio. Em geral, cada camalhão tem cerca de 20cm de altura e 90cm de largura. É importante observar a bitola dos tratores e máquinas.
O sulco deve ter profundidade e largura suficientes para receber os pneus das máquinas e dimensionado para a irrigação (cinco litros por segundo por hectare) e a drenagem.

3. Plantio e adubação
A plantadeira é dimensionada para implantar duas linhas, simétricas, de 30cm entreplantas no camalhão.

4. Instalação da irrigação por politubos

5. Irrigação, mediante necessidade e recomendação nas fases críticas.

6. Colheita: plataforma flexível tem rendimento similar à área sem camalhão

Fique de olho
A técnica sulco-camalhão é usada na Europa, em especial na Holanda, onde a agricultura é praticada em solos que estão abaixo do nível do mar. O modelo copiado no RS, porém, foi desenvolvido nos EUA.

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