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Sulco-camalhão eleva o potencial produtivo nas terras baixas
Nos últimos anos, a produção de alimentos em terras baixas se reinventou pelas limitações agronômicas e econômicas. As várzeas do sul do Brasil correspondem a mais de 80% da safra nacional de arroz, mas, gradativamente, precisaram abrir espaço para culturas de sequeiro, não tradicionais, pela pressão por diluição de custos, soluções de controle de plantas resistentes a herbicidas, doenças e em busca de renda.
Uma das práticas que mais tem avançado e apresentado resultados expressivos é o cultivo em sulco-camalhão. O pesquisador José Maria Barbat Parfitt, da Embrapa Clima Temperado, explicou que a saturação dos solos de várzea impedia o plantio das culturas de sequeiro, mas por serem rasos, havia a limitação por seca. “Ou seja, o desafio era encontrar um sistema que, ao mesmo tempo, contemplasse irrigação e drenagem eficiente e criasse um ambiente de solo favorável às culturas de sequeiro”.
Neste cenário, empresas de tecnologia, consultorias, Embrapa e produtores criaram o Projeto Sulco. Em duas safras, a produtividade foi superior de 20 (2019/20) a 26 sacas (2020/21), contra adicional de custo limitado a 4,5 sacas, ou até 21,5 sacas de soja por hectare sobre testemunhas. Pela média, R$ 3 mil/ha.
O conceito é criar um solo mais profundo e solto, propício a desenvolver as raízes das plantas nos camalhões. O sulco se encarrega da irrigação, drenagem e das rodas das máquinas”, disse o consultor Amilcar Centeno. Na safra 2021/22, a área do sistema chegará a 50 mil hectares.
EXCELÊNCIA
Parfitt destacou a excelência do arrozeiro, mas lembrou que quando precisou agregar culturas de sequeiro ao sistema de produção, não tinha o devido conhecimento. A mudança exigiu pesquisa, inovação e conhecimento. Faltavam equipamentos, métodos, experiência, genética e encontrar solução aos estresses hídricos (excesso ou déficit).
O estudo indicou que, bem conduzida, a soja alcança cinco toneladas por hectare, com estabilidade. O milho pode chegar a 12 toneladas, mesmo sob adversidade climáticas.
A primeira safra do sulco (2019/20) teve seca e perdas severas nos rendimentos no RS. A área irrigada produziu 20 sc/ha a mais do que zonas não irrigadas: 66,3 sc/ha.
Geovani Weber, em Formigueiro (RS), bateu 105,8 sacas/ha em 2020/21 com camalhões e quatro operações irrigantes. No convencional, 70 sacas.
Média nas lavouras avaliadas: 87 sacas/ha. Na safra 2020/21, o milho foi plantado em camalhões e produziu 9,3 t/ha (155 sacas). “Sob investimento de R$ 700,00/ha, o rendimento agregados obre as lavouras-testemunhas (em que há o preparo e o manejo são convencionais) e preços de venda foi ótimo resultado”.