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Exportação será fator determinante para formar preços em 2022

A diminuição no consumo interno e exportações aquém do esperado no acumulado de 2021 influenciaram a elevação dos excedentes domésticos do arroz em casca e também pressionaram os valores de comercialização. Na prática, tem havido dificuldade em encontrar demanda para o arroz brasileiro diante da menor renda e da perda de poder aquisitivo de grande parte da população. Ademais, agora a rentabilidade ao produtor está negativa inclusive sobre os custos operacionais, mesmo com relativa reação entre janeiro e fevereiro em algumas praças. A constatação é dos pesquisadores de Cepea/Esalq, responsáveis pela elaboração do Indicador do Arroz Esalq/Senar-RS.

Segundo dados mais recentes da equipe de custos agrícolas do Cepea em Uruguaiana (RS), caso se considerassem as compras de todos os insumos em novembro/21, o custo total para a produção do arroz foi calculado em R$ 13.287,54/hectare e o operacional total em R$ 11.398,98/ha. Em Camaquã (RS), esses parâmetros ficaram em R$ 12.179,44/ha e R$ 10.053,70/ha, respectivamente. As produtividades médias das últimas cinco safras nessas duas praças foram de 168,90 sacas/ha e de 153,40 sc/ha, respectivamente, de acordo com dados do Instituto Rio Grandense do Arroz (Irga).

Assim, segundo a publicação do Cepea, considerando-se os valores médios de venda do arroz em novembro/21 e de que toda a transação fosse realizada naquele mesmo mês, as receitas geradas seriam de R$ 10.897,43/ha e R$ 10.265,33/ha, na mesma ordem. “Diante dos dados acompanhados, o preço de nivelamento sobre o custo operacional (desembolso) ficou em torno de R$ 63,78/sc de 50 kg e sobre o custo total, em R$ 78,67/sc em Uruguaiana – de similares a inferiores ao valor médio de mercado na região em questão, de R$ 64,52/sc em novembro”, frisou o relatório.

Enquanto isso, em Camaquã, a cotação de nivelamento sobre o custo operacional (desembolso) ficou em R$ 61,80/sc de 50 kg e sobre o custo total, em R$ 79,40/sc, também similar/abaixo das médias de preços praticados nesta praça, a R$ 66,92/sc.

“A relação atual, portanto, deixou de apontar atratividade ao produtor, uma vez que, nos últimos anos, as margens da produção de arroz foram de apertadas a negativas, o que reforça a preocupação do setor com os preços atuais devido aos aumentos frequentes de diferentes itens do custo. Este cenário volta a atenção de arrozeiros, inclusive, aos principais fatores que influenciam as negociações internacionais do arroz, que são a disponibilidade de produto de qualidade no mercado brasileiro, o preço externo do grão e o dólar”, acrescentou a análise dos professores Lucilio Alves, Isabela Rossi e Maria Clara de Oliveira.

FATOR EXTERNO
Se confirmada a expectativa de desvalorização do real frente ao dólar em 2022, indicada para R$ 5,50/dólar no relatório do Banco Central (Focus), as vendas externas de arroz podem crescer, escoando parte da produção nacional. Com estoques em patamares elevados, o Brasil tem condições – e necessidade – de exportar e atender à demanda internacional do arroz em casca, em que os preços nacionais podem encontrar sustentação/recuperação.

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