Considerações sobre o plantio da lavoura de arroz no Rio Grande do Sul
Autoria: Marco Aurélio Marques Tavares – Adm. de Empresas e Produtor Rural.
O plantio da atual safra de arroz no RS ocorreu e ainda está ocorrendo sob condições bastante adversas no atual ciclo, e que ainda não foi concluído, pois de segundo o Irga, falta 50 mil hectares a serem plantados, ou 5% da área.
O clima instável e chuvas permanentes ocasionaram um atraso expressivo no início do plantio, tanto que no final de setembro apenas 2,7% da área estava plantada, enquanto no ano anterior já alcançava 20,7% e no final de outubro apenas 30,4% da área estava plantada, enquanto a média histórica no Estado se aproximava na média de 60%.
Cabe mencionar que é a época ideal para a potencialização das produtividades na Fronteira-Oeste, Campanha e Litoral Sul. Até a metade de novembro foi plantado 77,14% da área, ou seja, quase 250 mil hectares plantados fora da época recomendada.
Outro aspecto a considerar também, foi a dificuldade de implantação da lavoura e conseqüentemente, o seu MANEJO. A lavoura de alta tecnologia exige intervenções quase cirúrgicas. Onde além da dessecação e do plantio, inúmeras operações devem ser feitas sucessivamente e com extrema precisão, como o ponto de agulha (controle de inços antes da germinação da semente) que exige uma alta precisão para o seu sucesso. Além da aplicação de um pós emergente, da 1ª cobertura e a colocação da água, tudo numa premência de tempo exígua …ou seja…talvez o plantio em si, seja uma das operações mais simples,no conjunto da obra…as demais exigem não só planejamento, mas presteza e eficácia para atingir o sucesso.
Sendo assim, as chuvas constantes e contínuas, os ventos sul (fora de época) e norte, “desnortearam” os arrozeiros, pois dificultaram a aplicação de insumos e defensivos, que também causam a deriva em outras lavouras e impossibilitam o manejo adequado. E o frio atual fora de época (!)… com novembro/dezembro mais parecidos com junho, a falta de luminosidade, prejudicando o desenvolvimento vegetativo da lavoura!
Alia-se a isso, a falta de acesso a crédito e menor utilização de insumos por boa parte dos arrozeiros, aumento nos custos de produção, difícil controle de ervas daninhas e preços deprimidos e mercado calmo em plena entressafra… Realmente, nós arrozeiros “somos guerreiros, insistentes", mas… "resignados”
Alguém ainda duvida da queda de produtividade e produção na lavoura atual?
O mercado e as entidades setoriais parecem que sim…