A realidade da lavoura ou a lavoura fora da realidade
Autoria: Marco Aurélio Marques Tavares – Administrador de Empresas e Produtor Rural.
Recentemente o Irga divulgou o “custo de produção” referente à safra 2018/19, que atualmente está sendo colhida no Rio Grande do Sul como mostra o relatório anexo. Algumas considerações devem ser feitas sobre essa dura e triste realidade da orizicultura gaúcha nesse momento.
Os custos variáveis – ou desembolso – alcançaram R$ 6.000 por hectare, o que significa que o arrozeiro necessita colher 7.700 kg/ha ou 154 sacos de arroz (limpo e seco) para cobrir esse valor. Considerando a média estadual de 151,9 sacos (no Litoral Norte a média foi de 6.900 kg ou 138 sacos) o desembolso representa o custo da saca por R$ 39,50, e que é o parâmetro para a definição do Preço Mínimo de Garantia, atualmente em R$ 36,44. Esse custo variável, inclusive, está acima da média de preços atual no Estado, neste início de colheita, que opera entre R$ 38,00 e R$ 39,00.
Entretanto, se considerarmos o custo total, (custos variáveis + depreciação + renda dos fatores) o valor alcança R$ 7.395,00 ou o equivalente a 190 sacas ou terá que colher 9.500 kg/ha (apenas para cobrir o custo), totalizando R$ 48,68 por saco. Sendo assim, o orizicultor perde mais de R$ 10,00 por saco colhido na comparação com a média de preços, ou se colher 7.500 kg/ha ele estará perdendo 40 scs/ha ou, ainda, tendo um PREJUÍZO de R$ 1.555 por hectare, o que naturalmente justifica o grande ENDIVIDAMENTO da lavoura e a CRISE sem precedentes. Numa lavoura média de 200 hectares estará arcando com um prejuízo em torno de R$ 300 mil, anuais.
Ou aprendemos a fazer contas ou somente viveremos para pagar contas, indiscutivelmente…
Com o valor do custo variável para plantar um hectare de arroz é possível plantar até três hectares de soja.