O cultivo da soja em terras baixas é uma estratégia eficiente para aumentar o controle de arroz-vermelho

O principal objetivo do cultivo da soja em terras baixas é aumentar a eficiência de controle do arroz-vermelho, também conhecido como arroz-daninho. Obviamente que hoje são vários os motivos da expansão da área cultivada com essa cultura em terras baixas, incluindo-se os ligados à rentabilidade, mas não se pode negar o motivo principal.

As perguntas relativas ao cultivo da soja são várias: quantas safras dessa cultura são necessárias para eliminar o banco de sementes? Qual a contribuição do sistema genuinamente gaúcho chamado pingue-pongue, em que há alternância de arroz e soja? E para quem pratica o monocultivo do arroz irrigado, haveria alguma ferramenta de manejo com melhor eficiência no controle do banco de sementes do arroz-vermelho?

Visando responder a essas questões, está sendo conduzido um experimento de longo prazo na Estação Regional de Pesquisa do Instituto Rio Grandense do Arroz (Irga), localizada em Cachoeira do Sul (RS), junto à Barragem do Capané. A pesquisa é conduzida em parceria com o Prof. Dr. André Ulguim, da área de Plantas Daninhas, da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM).

O experimento teve início na safra 2018/19, com a semeadura em linha de 20 kg/ha de sementes de arroz–vermelho resistente às imidazolinonas, misturadas às sementes de uma variedade de arroz comercial, visando a infestação da área. No primeiro ano, com a debulha do arroz-vermelho, a infestação da área passou de zero para 4.000 sementes/m2.

A partir dessa infestação, os sistemas mais utilizados no Rio Grande do Sul foram introduzidos no experimento: monocultivo de arroz, pousio com preparo de verão ou rotação com soja. Cada um deles possui derivações, como o uso do implemento para o preparo do solo e de herbicida pré-emergente ou não na cultura da soja, todos visando a quantificação do banco de sementes de arroz-vermelho, conforme visualizado na figura 1.

A pesquisa será finalizada na próxima safra (2022/23), com a semeadura de arroz em todos os tratamentos. No entanto, duas conclusões principais já podem ser extraídas do trabalho: a) na área correspondente ao monocultivo, a produção de arroz tornou-se inviável após três anos de cultivo, devido à alta infestação de arroz-vermelho resistente; e b) dois anos de cultivo de soja é muito eficiente em reduzir o banco de sementes de arroz-vermelho (mais de 90%), mas não é suficiente para eliminá-lo totalmente.

Com a finalização da pesquisa, tanto a comunidade científica quanto de orizicultores terão um material riquíssimo em informação técnica. A perspectiva de novas estratégias químicas de controle do arroz-vermelho volta-se para a utilização da tecnologia denominada de Provisia™, que oferece um diferente mecanismo de ação para o controle dessas daninhas em pós-emergência da cultura, inclusive plantas resistentes aos herbicidas inibidores da acetolactato sintase (ALS).

Dra. Mara Grohs
Pesquisadora do IRGA, responsável pela Estação Regional de Pesquisa de
Cachoeira do Sul

Dr. André da Rosa Ulguim
Professor da UFSM, Departamento de Defesa Fitossanitária, especialista da área de plantas daninhas

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