Área de cultivo do arroz no Rio Grande do Sul deve cair 10% nesta safra

 Área de cultivo do arroz no Rio Grande do Sul deve cair 10% nesta safra

Abertura da Colheita foi lançada na Expointer. Foto: Sérgio Pereira

(Por Claudio Medaglia, Jornal do Comércio) Soja avançando sobre as lavouras de arroz é o que se verá nesta safra gaúcha de verão. O movimento, que deve provocar redução de 10% na área cultivada com o cereal em relação ao período 2020/2021 e aumento de 19,7% nas terras destinadas à commodity, é estratégico e visa a buscar maior rentabilidade na produção de grãos.

Não à toa o anúncio foi acolhido positivamente nesta segunda-feira (29), na Expointer, durante o lançamento da 33ª Abertura da Colheita de Arroz e Grãos em Terras Baixas, pela Federação das Associações de Arrozeiros do Rio Grande do Sul (Federarroz). O evento será realizado de 14 a 16 de fevereiro de 2023, na Estação Experimental Terras Baixas da Embrapa Clima Temperado, em Capão do Leão.

Conforme o presidente do Instituto Rio-Grandense do Arroz (Irga), Rodrigo Machado, o plantio de arroz no Rio Grande do Sul deverá ocupar 862,9 mil hectares, ante os 957,1 mil hectares colhidos neste ano. No sentido contrário, os produtores pretendem depositar sementes de soja sobre 505 mil hectares em áreas tradicionalmente ocupadas com o cereal, o que corresponde a 83 mil hectares a mais sobre o cultivado em 2021, principalmente na Fronteira Oeste, onde o crescimento dessa cultura será de 42%.

No cerne dessa mudança está a elevação dos custos de produção, associada a uma incerteza de valorização do arroz após a colheita. O tema foi recorrente no evento em Esteio, tendo sido abordada pela Federação da Agricultura do Estado do Rio Grande do Sul (Farsul) como pela Federação dos Trabalhadores na Agricultura no Rio Grande do Sul (Fetag/RS).

O dirigente da Fetag, Carlos Joel da Silva, lembrou que as dificuldades enfrentadas pelo setor arrozeiro seguem um roteiro semelhante ao verificado na cadeia leiteira, que acabou por quase triplicar os preços ao consumidor neste ano sem beneficiar o produtor. “Já vimos isso acontecer antes e alertávamos naquela época. Agora a situação vem se repetindo com o arroz. Precisamos todos buscar uma solução conjunta”, disse Silva.

Mas foi o arrozeiro e presidente da Farsul, Gedeão Pereira, quem deu o primeiro sinal sobre a tendência de alteração na área plantada. “Muitos me perguntam como vamos enfrentar o problema do baixo preço do arroz. Tivemos um refresco durante a pandemia, quando vendíamos a saca de 50 quilos a R$ 38,00.

De repente, foi a R$ 70,00 e chegou a R$ 110,00. A resposta que dou é diminuir a área plantada. Simples assim.”

De acordo com o pecuarista, há alternativas para substituir a lavoura de arroz por produtos que têm demanda no mercado internacional, como o milho e a soja irrigada. Nesse contexto, Pereira exaltou o Programa Duas Safras, concebido pela Farsul, Senar-RS, Embrapa, Associação Brasileira de Proteína Animal, FecoAgro e Associação Gaúcha de Avicultura, que tem como meta ampliar 40% a produção agropecuária gaúcha, gerando um impacto de 7% no PIB do Estado, a partir da análise das características de cada região.

“Por isso comemoro esse conceito do arrozeiro como produtor multissafras, difundido aqui pela Federarroz. Para pensarmos no futuro da lavoura de arroz temos de apostar na diversificação”, completou Pereira.

Para o presidente da Federarroz, Alexandre Velho, a ideia de um produtor multissafras, e não mais apenas de arroz é resultado da percepção da necessidade de adaptar a propriedade às culturas que mais servirem para cada caso específico. “Temos seis regiões arrozeiras, com diferentes características e peculiaridades”. O líder arrozeiro lembrou ainda que o Programa Duas Safras chega em um momento fundamental, quando os custos de produção da atividade orizícola exigem medidas alternativas.

7 Comentários

  • Deveria ser 20%… Vai que dê um ano normal de safra cheia! O efeito será nulo… Mas já será um grande avanço. E dai Sr. Paulo Marques o Sr. vai continuar acreditando nos numeros da Conab??? Sr. sabe tudo!!!

  • Sr. Flavio, esquece isso, ano passado muita gente foi mal na soja o senhor sabe disso, principalmente na fronteira oeste.
    Esse ano teremos água sobrando, o Sr. acha mesmo que vão reduzir área?????
    Todos os anos o senhor faz terrorismo falando que as áreas plantadas serão reduzidas em X%, se todas as suas previsões ao longo dos anos se concretizassem, atualmente o RS não estaria mais plantando arroz…kkkkkkkkkkkkkkkkkkk

  • Vai lá e te informa… De São Borja a Barra do Quarai vão verdejar de soja! Não adianta ter água! Soja vale R$ 185… Arroz vale R$ 71,30… Quem é que em sã consciência se arriscaria a plantar muito arroz? Outra coisa: não é o Sr. que defende a redução de área e oferta??? Não vem com bá-blá-bá… Teremos uma sequinha no inicio… Depois vai ter chuva prá soja. Lá o pessoal já aprendeu a irrigar com camaleões! Seu discurso é contraditório… abraço!

  • incrível que o produtor gaúcho ainda insista em plantar arroz.

  • Nada disso Sr. Flavio, não falei que não o produtor não tem que reduzir área para equalizar a oferta, o que eu falei que todos os anos o senhor afirma que haverá redução de área, só que não acontece nunca. O seu discurso já era, não adianta afirmar que “de São Borja a Barra do Quarai vão verdejar de soja”, como diz o outro, tire um retrato para mostrar…kkkkkkkkkkkkkkk

  • Sr. Paulo entre 2015 a 2019 se chegou a plantar 1,2 milhões de hectares… Esses numeros tem caido ano a ano. Mas pelo que vimos esse ano a redução deve ser maior ainda! Com 750.000/800.000 hectares eu garanto que chegariamos ao ponto de equilibrio entre produção/consumo/importações/exportações. Ou o Sr. acredita que R$ 71 é um preço justo??? Quanto mais a industria importa, menos temos que produzir aqui! Até que se chegue ao limite de importações. Me acha uma solução melhor! Até a Federarroz admitiu que o futuro implica na rotação! Tu já viste fazer rotação sem redução de area plantada num sistema de monocultura? É óbvio que o Sr. tá com “medinho” que isso vai acontecer. E vai. Em Itaqui eu sei que vai. Em São Borja. Em Maçambará. Talvez em Alegrete e Uruguaiana tb.

  • O discurso da Indústria era que a área tinha que ser 1 milhão de hectares , se plantou menos e ainda perdemos uns quantos hectares. Aí o discurso mudou que tinha que ser no máximo 900 mil hectares e já vai ser menos que isso , agora o discurso está mudando que tem que ser 800 mil hectares , o arroz pra exportação está pagando 5 reais mais que as indústrias sem descontos e Funrural e agora o discurso é que o mercado interno não sofre nenhuma interferência das exportações , bastou o dólar dar uma caída o discurso mudou dizendo que o mercado vai cair por não ter Exportação, e assim o Cartel vai fazendo o que quer pois depois que o arroz tá lá dentro eles manipulam o mercado como querem , enquanto não proibirem indústria de receber arroz a depósito e financiar produtor vai ser assim , o exemplo está no Uruguai que conseguiram proibir Exportação em casca e o produtor recebe 10 ou 11 dólares porque passa pela mão da indústria enquanto se exportassem em casca pegariam 15 dólares ou mais

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