Produtores gaúchos preocupados ante o fenômeno El Niño
(Por Tamara Madeira, Folha Patrulhense) O chefe do escritório regional do IRGA em Santo Antônio da Patrulha, solicitado pela reportagem da Folha Patrulhense, de Santo Antônio da Patrulha (RS) manifestou-se a respeito do temor dos produtores de arroz, ante o fenômeno El Niño que provocou chuvas intensas, praticamente retardando o início da semeadura que seria em setembro. A expectativa, segundo o engenheiro agrônomo Vagner Martini, é de um alento neste mês de outubro para o plantio do cereal e interessa especialmente aos arrozeiros de Santo Antônio e região.
Após três safras consecutivas sob o fenômeno La Niña, com chuvas abaixo da média, o clima da safra 2023/2024 vai ser influenciado pelo fenômeno El Niño, que tem como características chuvas acima da média nos períodos de primavera-verão no Estado do Rio Grande Sul, o que acaba levando o produtor orizícola a mudar as estratégias em suas lavouras, como a manutenção e possível aumento nas áreas de arroz irrigado, por ter maior disponibilidade de água e diminuição nas áreas de soja, pelo risco de possíveis enchentes.
O Estado do Rio Grande do Sul semeou na safra 2022/23 839.972 hectares de arroz irrigado e na safra 2023/2024 tem uma intenção de semeadura de 902.425 hectares, aumentando em torno de 7,5% da área em relação à safra passada, segundo dados do Instituto Rio Grandense do Arroz – IRGA.
Na Planície Costeira Externa, região que compreende parte da Região Metropolitana, Litoral Norte e Médio, tem uma intenção de semeadura da área de arroz irrigado em 102.367 hectares, algo em torno de 9% de aumento com relação à safra anterior.
Mesmo com a manutenção ou aumento da área, o que preocupa os produtores arrozeiros é o fator climático que vem tomando conta do Estado, com o fenômeno El Niño, que trás grandes volumes de chuva, dificultando os trabalhos de campo, como a semeadura da cultura do arroz na época recomendada, que tem como melhor período os meses de Setembro e Outubro, visto que o mês de Setembro foi o mais chuvoso dos últimos 60 anos no Estado, praticamente inviabilizando o início da semeadura do arroz, ficando somente o mês de outubro como melhor mês para a semeadura.
Isso faz com que o produtor de arroz se prepare e esteja planejado para ser o mais eficiente possível na hora de semear, para aproveitar os curtos espaços de tempo seco, já que a previsão para o novo mês não é animadora.
Como consequência, os anos de El Niño podem trazer impactos para a cultura do arroz irrigado, como a diminuição das produtividades, já que a redução da radiação solar em anos mais chuvosos afeta diretamente o desempenho da cultura, além de dificultar a execução das práticas culturais nos momentos mais adequados.