Elas por elas

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Machado: safra com desafios

Mercosul plantou mais, mas El Niño reduzirá a produtividade do arroz

A safra de verão 2023/24 no Mercosul deve ter produção de arroz similar à obtida na temporada passada, assegurando a estabilidade na colheita. Projeta-se safra de 14,363 milhões de toneladas, contra 14,369 milhões colhidos no ciclo 2022/23, apesar do aumento de 92,1 mil hectares em área cultivada, quase toda no Rio Grande do Sul. O clima compensará o aumento da superfície pela redução de rendimentos. A decisão de ampliar as lavouras passa por dois fatores: preços em alta no mercado internacional e o clima, que recuperou ao arroz parte das áreas que receberiam soja em terras baixas.

A lavoura cresceu 4,7%, de 1,995 para 2,088 milhões de hectares, recuperando, em parte, a retração de 7,1% de 2022/23 por causa da estiagem e preços que não davam segurança de rentabilidade daquela temporada. “Apesar de um aumento do plantio e o avanço das tecnologias, é evidente que o clima afetou negativamente o desempenho e as cultivares, que não conseguiram expressar toda a sua produtividade”, reconheceu o presidente do Instituto Rio Grandense do Arroz (Irga), Rodrigo Machado.

Esse é o perfil dos países alcançados por enchentes, como nos rios Tebicuary, no Paraguai, do Rio Corriente, na Argentina, e Jacuí, entre outros, no Rio Grande do Sul e Santa Catarina. No Uruguai, o semeio atrasou, e a lavoura diminuiu três mil hectares. Foi o único, dos quatro, a reduzir área. “Chover no plantio afetou a expectativa de repetição da área”, avaliou Alfredo Lago, presidente da Associação dos Cultivadores de Arroz do Uruguai.

O Paraguai aumentou cinco mil hectares, e lavouras tradicionais do Rio Tebicuary foram inundadas. “A safra registrou 10% a 15% de queda nos rendimentos até fins de janeiro”, disse Guillermo Zub, presidente da Câmara Paraguaia do Arroz (Caparroz). Na Argentina, que surpreendeu crescendo 10% a zona de semeadura, para 200,7 mil hectares, episódios de enchentes e até 10 mil hectares de zonas de produção alagadas poderão fazer o país colher novamente menos do que o previsto, ficar 1,333 milhão de t. Com base nessa “fotografia”, daqui para frente, o clima será definidor de quantidades e qualidades. A expectativa de que março e abril tenham chuvas acima da média preocupa, afinal, boa parte da colheita precisará ocorrer nessa época.

 

Mercosul comercializará 9% do arroz mundial

Os números do quadro de oferta e demanda colhidos junto aos agentes de negócios e produção de arroz nos quatro países representativos do ConeSul aproximam-se muito dos números oficiais divulgados pela Confederação das Indústrias Arrozeiras do Mercosul (Conmasur, na sigla em espanhol). Com cerca de 60 filiados, o Conmasur se reuniu no início de dezembro e previu para 2024 uma produção de 14,555 milhões de toneladas, com crescimento de 832 mil sobre o ano passado. A soma do consumo entre os países deverá chegar a 11,502 milhões de toneladas.

Os países-membros deverão importar entre si 1,6 milhão de toneladas, sendo, o Brasil, 1,205 milhão. Outras 40 mil t terão origem extrabloco. A área plantada deverá aumentar em 56 mil hectares, segundo os industriais.

Com excedentes de 3,370 milhões de toneladas para exportar a terceiros países, mais o valor interno, o Mercosul colocará 4,75 milhões de toneladas no mercado mundial, cerca de 9% de tudo o que é movimentado internacionalmente.

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