Tarifaço dos EUA reduz competitividade do arroz brasileiro em mercado estratégico
Trava dos EUA prejudica o arroz brasileiro. Foto: Robispierre Giuliani/Planeta Arroz
(Por Abiarroz) A Associação Brasileira da Indústria do Arroz (Abiarroz) reforça sua preocupação com os efeitos do decreto do governo dos Estados Unidos que impõe uma tarifa de 50% sobre produtos importados do Brasil, incluindo o arroz beneficiado. A medida, que atinge a cadeia orizícola brasileira, passou a vigorar nesta quarta-feira (6).
Os Estados Unidos são hoje um dos mercados mais importantes para o arroz brasileiro, respondendo por 13% do valor exportado de arroz branco no ano passado, variedade de mais alta qualidade e maior valor agregado. De 2021 a 2024, as exportações para o país aumentaram mais de 50%, considerando somente o grão beneficiado.
Trata-se de uma parceria construída ao longo de anos de investimento e promoção, responsáveis por tornar a qualidade do nosso arroz amplamente reconhecida e com remuneração compatível com seu valor agregado. A aceitação do produto brasileiro pelo consumidor norte-americano indica potencial de absorção de volumes ainda maiores, com ampliação dos negócios entre os países.
Essa relação, contudo, apresenta assimetrias importantes: enquanto os Estados Unidos encontram facilidade para substituir o grão brasileiro, o Brasil mantém nesse mercado um canal estratégico para escoamento de cerca de 10% do volume total beneficiado – percentual relevante para a sustentabilidade da atividade, considerando o quadro de oferta e demanda ajustado no país.
A imposição de um aumento tarifário tão expressivo elimina, na prática, a competitividade do produto brasileiro no mercado norte-americano, culminando em perdas estimadas de até US$ 25 milhões por ano para a indústria arrozeira nacional. E o cenário é preocupante em longo prazo, uma vez que excedentes de arroz no mercado interno tendem a gerar desequilíbrio de preços, comprometendo a viabilidade econômica do segmento.
Diante dos riscos impostos ao setor, a Abiarroz reafirma a necessidade de avanço nas negociações por parte do governo brasileiro, com postura diligente e altiva, mas também cautelosa, considerando a vulnerabilidade de setores como o arrozeiro. A entidade seguirá trabalhando pela manutenção do arroz brasileiro em mercados estratégicos e pela competitividade e sustentabilidade da cadeia orizícola nacional.
1 Comentário
Mais um motivo para plantarmos menos arroz nesse ano! Se não houver uma redução significativa esse ano (da ordem de 20% ou mais) no próximo ano os preços retrocederam a R$ 45 em março/abril de 2026!!! Não há garantia nenhuma de que os preços irão subir esse ano… É muito melhor ficar com o arroz da safra passada do que produzir com esses preços ridiculos de R$ 67 livres… Já estamos quase no período de semeadura e é certo de quem resolver apostar vai se dar mal novamente! Avisei ano passado… Vou avisar novamente esse ano… A soja tem mercado! O arroz não… Então não é hora de insistir em uma cultura que voltou para o ostracismo! Vai quebrar quebradinho quem teimar e insistir… A industria não vai subir os preços para incentivar ninguém a plantar! Reduzir 20% da área cultivada de arroz é medida que se impõe!