Safra 2025/26 deverá ser de neutralidade ou de neutralidade com viés frio
Desde o término do El Niño (maio de 2024), a atmosfera permanece em condição de neutralidade. Nos meses de dezembro de 2024 e janeiro de 2025, a temperatura da água do Oceano Pacífico Equatorial apresentou uma breve condição mais fria, com anomalias no limite de La Niña, de -0,6°C e -0,7°C, respectivamente. Já nos dois últimos meses (maio e junho de 2025), não foram observadas anomalias — ou seja, ambos registraram exatamente 0,0°C. O mapa (figura 1) da anomalia mostra a região Niño 3.4 completamente em branco, indicando ausência de anomalias positivas ou negativas.
Segundo o último boletim da Administração Oceânica e Atmosférica Nacional (Noaa), divulgado em 10 de julho de 2025, a condição de neutralidade deve prosseguir durante todo o inverno, aumentando as chances de ocorrência de La Niña entre a primavera e o verão. Para o trimestre agosto-setembro-outubro de 2025, a maior probabilidade (56%) ainda é de manutenção da neutralidade. Já para os três trimestres seguintes, as probabilidades de La Niña e de neutralidade se equilibram, ficando próximas de 50% (figura 2).


Se resgatarmos o prognóstico de julho do ano passado, veremos que, para o mesmo período, havia 80% de chances de La Niña. Com isso, é possível dizer que a safra 2025/26 será de neutralidade ou, no máximo, de neutralidade com viés frio. Neutralidade com viés frio é quando a anomalia da temperatura das águas é negativa, mas não ao ponto de configurar uma La Niña. Resumindo, seria uma situação similar à safra anterior (2024/25).
A previsão do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) é de que as precipitações fiquem dentro da normal climatológica (NC) em agosto, acima da NC em setembro e abaixo da NC em outubro (figura 3). O cenário de chuvas um pouco acima da NC em setembro preocupa um pouco, pois é o mês inicial da semeadura do arroz no Rio Grande do Sul. Se chover de forma muito frequente, poderá atrasar a semeadura do arroz irrigado.

Para o arroz, o cenário geral é positivo, pois, com neutralidade, a disponibilidade de radiação solar é boa, principalmente nos meses críticos (trimestre do verão). Já para a soja, as condições de precipitação previstas para o verão preocupam, visto que, independentemente do cenário, essa estação do ano é de chuvas mais escassas, podendo causar redução de produtividade.
Para uma melhor tomada de decisão no manejo das lavouras, é fundamental acompanhar a previsão do tempo para os próximos sete a 15 dias, visando maior eficiência na execução das atividades programadas. Também é importante observar os prognósticos climáticos dos meses seguintes, a fim de realizar os ajustes necessários para a próxima safra.
Jossana Ceolin Cera
Agrometeorologista do Irga
